PURE

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CIGARETTES AFTER SEX — PURE

Quando você entra no quarto com uma roupa branca
E eu digo, tire, então você me diz para assistir

Quando é puro, apenas seu amor pode me fazer cair
Quando está profundo, fica tão quente e tão bonito

E a TV está ligada quando fazemos amor
Porque nos empolgamos
Nós não nos importamos de qualquer maneira

Quando é puro, apenas seu amor pode me fazer cair
Quando está profundo, fica tão quente e tão bonito

Enrolou seu cabelo em uma toalha, mas eu vejo você deixá-la cair
E está tudo encharcado quando você me toma em sua boca

E olhamos para a rua da varanda dos fundos
Mas agora tudo o que posso ver é você se despindo para mim

Quando é puro, apenas seu amor pode me fazer cair
Quando está profundo, fica tão quente e tão bonito.

ADDISON:

Meredith demorava tempo demais apenas para escolher uma roupa, e como eu já estava pronta há décadas, checava o celular de segundo em segundo a fim de saber se Amélia já pretendia nos matar pelo atraso.

— Amor, tudo péssimo! — exclama Meredith, exasperada, apanhando agora um vestido branco e se trancando novamente no banheiro.

Nossas amigas, Amélia e Carina, convidaram-nos para uma noite em sua casa, onde aproveitaríamos petiscos, bebidas e bastante histórias engraçadas que surgiriam naturalmente — mas dependia apenas de Meredith escolher alguma roupa para podermos finalmente sair de casa.

— Addison — gritou do banheiro — acho que agora sim. Ou talvez não... eu não sei.

— Venha aqui, deixe-me vê-la.

Larguei o celular na cama — outrora enviara uma mensagem às garotas alertando sobre o evidente atraso — e encaminhei-me para a porta do banheiro, a qual fora aberta segundos depois.

Admirei-a por completo — um sentimento puro tanto quanto o amor quase me fez cair.

Todos os sentimentos mais profundos que mantenho pela minha loira, me fazem cair.

— Fala alguma coisa.

Direciono o olhar para o seu e percebo certo rubor em suas bochechas. É tão divertida a forma como ela ainda se envergonha quando a olho, da mesma forma que ocorreu quando a vi pela primeira vez: sentada quieta e sozinha ao canto de uma biblioteca tão antiga que possuia característico cheiro de antiguidade, segurando com força um livro extremamente grosso, como se quisesse internalizá-lo no mais profundo de si.

Encostada-me ao batente da porta, ainda a via em lindo silêncio — sendo acometida pelo desalinho intrínseco que sua figura me causava. Seus pés impacientes batiam contra o chão, e eu apenas sorria pensando em quanto a amava — parecia extremamente irreal que eu amava tanto a si e às suas características tão singulares. Nunca imaginei sentir por alguém um turbilhão de sentimentos ambíguos como sinto por ela.

Ela é como o meu céu e o meu inferno.

Me tranquiliza mas balança o meu mundo.

Me faz aquiescer, mas me enlouquece.

Epiphanié Onde histórias criam vida. Descubra agora