A Guerreira e o Supremo

Capítulo 1

POV JOSHUA

- E aí cara, como as coisas estão indo? - Disse Dean, após aparecer do nada no meu escritório, como sempre.

- Estou levando... - Disse eu, mas ele sabia que eu estava mentindo, nada está bem, nada. Aliás, acho que talvez seja uma boa me apresentar para vocês, não?

Me chamo Joshua Leblanc e sou o lobo Supremo, assumi esse posto assim que atingi a maioridade, cerca de 126 anos atrás. Meu pai foi morto quando eu não havia nem nascido e meu tio assumiu o cargo de Supremo por um tempo, mas assim que cresci tive que assumir. Nós, lobos, não envelhecemos e não podemos morrer de causas naturais, porém, aparentemente vivemos em uma guerra não declarada e constante com outras criaturas sobrenaturais. Desde o momento em que assumi não tive um mísero segundo de paz, mas jamais desistirei, trarei paz ao nosso povo!

- Cara, você sabe que não me engana, né? Te conheço há mais de 140 anos... - Disse Dean, e bem, é verdade...

Eu tenho 144 anos, com corpinho de 20, ok? Conheço Dean desde pequeno e se tem alguém que me conhece bem é esse cara!

- Na verdade estou quase enlouquecendo, não aguento mais lutar contra bruxas, não existem criaturas mais chatas! - Disse eu.

- Cara, nós precisamos ser mais espertos do que elas! Talvez se criarmos uma aliança com bruxas de outro clã, é uma forma de ter uma certa ideia de como elas agem, a partir daí realmente conheceremos o inimigo, nós lobos estamos parecendo baratas tontas na realidade, nunca sabemos de onde os ataques estão vindo. - Disse Dean, que continua batendo nessa tecla há semanas, ele quer que nos aliemos a outras bruxas, mas é impossível.

- Dean, meu tio veio conversar comigo, parece que as coisas são mais complicadas do que imaginamos...

- Mais complicadas? Isso é sequer possível? - Disse Dean.

- Meu tio recebeu do meu avô materno umas cartas que meu pai enviava para minha mãe, antes de eu nascer e tudo acontecer... - Disse eu.

Abro a primeira gaveta da minha escrivaninha e retiro de lá diversos envelopes, bem antigos e já amarelados devido ao tempo. Meu pai, que tinha uma das escritas mais belas que já vi, escrevia com bastante frequência para minha mãe, que se chamava Elena e que também era loba e filha do Alfa de uma alcateia um tanto distante da nossa. Pelo que eu entendi ao ler parte das cartas, meu pai a conheceu quando já tinha assumido seu posto de supremo. Minha mãe tinha apenas 22 anos e acompanhou meu avô em uma das reuniões semestrais que os supremos promovem com todos os alfas, assim que os olhos de meu pai repousaram nos de Elena ambos souberam que eram companheiros e a partir daquele momento nosso povo teria, finalmente, uma Luna. Porém, as coisas não foram tão simples assim... Entrego para Dean as duas cartas que, por fim, sanaram parte das dúvidas que carreguei durante todo esse tempo!

De forma cautelosa seus olhos se atentam ao conteúdo escrito, já esperando que o que irá encontrar não será fácil de digerir.

"Vila de Altur, 18 de Novembro de 1876.

Minha adorável Elena,

Sei que está cada dia mais difícil manter essa distância e adiar o momento em que será oficialmente minha Luna, queria que as coisas fossem mais fáceis, e juro, queria lhe contar a verdade sobre tudo que me aflige e que nos impede de ficar juntos, mas poderia ser sua ruína e eu jamais me perdoaria se algo acontecesse com a senhorita.

Confesso que está cada vez mais sendo tortuoso, em todo esse meu tempo de vida nunca pensei tanto em alguém, não canso de lembrar do seu rosto delicado, de como suas covinhas aparecem juntamente ao seu sorriso e principalmente, de como seus lábios se movem enquanto pronuncia meu nome. A senhorita está presente em cada flor do jardim de meu palácio e em cada pôr do Sol que visualizo em cada final de tarde, suas cores vibrantes me dão força para que eu não desista de ir atrás de uma vida plena e feliz contigo.