34 - O fim?

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Estava desabando, tudo caindo em grandes blocos de terra, o subterrâneo cederia com os dois oficiais lá dentro.

Hela gostaria de acreditar que era apenas aquele buraco que estava implodindo, mas aquelas visões que teve, destruição, fogo, gritos, morte e no meio de tudo o garoto, Eren já nem parecia mais o mesmo, seus olhos perderam a vida dando lugar ao vácuo, ao nada, vazio completo. Porque parecia tão errado? Não queria acreditar que o fim se daria pelas mãos dele, não era a profecia, ele era só um garoto e ela tinha prometido o proteger.

A cabeça zumbia num som agudo enquanto os flashes disparavam, Levi estava segurando firme o pulso da ruiva que vez ou outra tropeçava nos próprios pés, a grama verde era esmagada debaixo das suas botas quando finalmente ergueu os olhos estava esbarrando contra o peito de alguém. Erwin.

Ele a segurou firme com o braço, apertando forte o corpo da menina contra o seu como quem segura o mundo inteiro, Hela tremia igual vara verde, ela tinha conseguido. Ela tinha evitado a morte de Erwin e os novatos.

Ainda agarrada ao homem sentiu seu que pulso continuava sendo segurado por Levi que olhava mais a diante no campo, com a cabeça apoiada no peito de Erwin ela pôde escutar seu coração, vivo, forte e acelerado maltratar as costelas disparado, porque ele parecia tão desesperado? Seus olhos fixaram em Levi, e isso lhe deu paz, uma calma fria percorreu sua pele ainda sentindo o aperto em seu pulso. Respirou fundo.

— Hela, preciso que mantenha a calma — Erwin comentou ainda a segurando contra o próprio corpo, mas isso só fez com que a ruiva travasse seus músculos — Seu pai. Eu sinto muito, Thorstein se sacrificou pelos cadetes. — As pernas vacilaram e então finalmente seus olhos caíram sobre os corpos deitados no chão ao seu lado, eram cinco no total, e um deles era de Thorstain.

Um embrulho se formou no estômago e ela só queria se afastar de tudo, empurrou Erwin e puxou o braço que Levi segurava, ela sequer conseguia raciocinar seu corpo entrou em modo automático e ela só via tudo em câmera lenta.

— Outra vez — Murmurou ao ajoelhar ao lado do corpo do homem — Eu te perdi outra vez — Choramingou deitando sua cabeça no peito inerte de Thorstain desesperada para ouvir um batimento cardíaco, um suspiro que fosse — Vamos papai, abra os olhos, por favor, eu nem tive tempo, eu nem pude me despedir. Vamos pai, não diga que está morto. — Tremendo agarrou a roupa do homem e depois de uns segundos de angustia, afundou o rosto ali mesmo onde havia derramado lágrimas suficientes para molhar o tecido e um grito sufocado e de pura agonia lhe rasgou a garganta.

Ninguém se aproximou da mulher, era quase como um instinto, todos entenderam que Hela não queria ser tocada naquela hora, não queria ser consolada nem ouvir palavras de conforto, ela só queria berrar e sofrer tudo que não pôde da primeira vez que perdeu seu pai.

A missão ainda não tinha falhado mas para a ruiva ela acabou ali, estava destruída como nunca, nada no mundo inteiro iria concertar o que se espatifou.

Do outro lado da muralha ela estava sentada ao lado do corpo do pai. Em silêncio. Um silêncio tão profundo e sepulcral que ninguém se atreveu a quebrar. Bem, até Horik surgir bem na sua frente.

— Comandante — O garoto tinha a voz tremida e vacilante — Nosso esquadrão voltará na frente para levar os feridos. Virá conosco ou vai colocar alguém no comando?

Hela prendeu seus olhos nos do menino loiro e franzino analisando cada centímetro do rosto dele, guardando em sua mente e tentando achar algum tom de deboche ou ironia, mas não havia nada, Horik só parecia profundamente transtornado pelo que viu, e acima de tudo...preocupado? O menino tinha um semblante preocupado, não com pena ou dó de Hela, ele estava genuinamente tocado pela situação da comandante. Nem queria acreditar que teria que levá-la como prisioneira, beirava o desumano.

Legends never die - A escolhida dos deusesOnde histórias criam vida. Descubra agora