04 - Os mortos não falam

498 75 26
                                    

Hela bateu com os punhos fechados no chão, sentindo um choque no ombro. Olhou para uma esquina e viu uma pessoa no chão com o gás acoplado, se arrastou silenciosa até lá, olhou para a rua e viu um titã de uns cinco metros caminhando lento naquela direção, xingou mais um pouco e puxou o homem pelas pernas o mais rápido possível, o susto não pôde ser evitado quando notou que tudo que restou daquele soldado foram as pernas, puxou o ar com força e cobriu a boca por uns instantes sentido o coração acelerar, com as mãos trêmulas tirou os compartimentos de gás daquele pedaço de corpo, podia sentir o chão vibrar cada vez mais forte, respirou fundo e correu o cruzamento aos tropeços para uma porta arrombada alguns metros a frente, quase não viu um anômalo que se arrastava, a mão ágil derrubou Hela no chão, quando o monte de carne gigante iria dar seu golpe fatal Hela se arrastou para trás e num golpe só arrancou os dedos que a capturariam.

entrou na casa tremendo, já acoplando o gás no seu equipamento e testando, tinha bastante, subiu as escadas ainda sentindo as pernas tremerem, não tinha sido a primeira vez que sentiu tanto medo na vida, mas a fez recordar de cinco anos atrás quando ingressou na estacionária, realmente não era o melhor sentimento para aquela hora. Olhou pelo corredor até a janela e viu um olho gigante a observando, realmente estava fodida, pensou um pouco, não poderia sair pela porta e também não poderia sair pela janela, olhou para o telhado, mas também descartou a ideia, então seus olhos pousaram sobre uma estante de vidro a sua frente, abriu rápido a porta ainda sentindo o olhar do titã queima-la viva, se ele soubesse o que realmente iria queimar sairia dali correndo. 

A ruiva abriu a rolha e sentiu o cheiro forte de álcool, um sorriso se abriu largo em seu rosto, deu um gole gordo fazendo uma careta de satisfação pensando que Pixis adoraria aquilo, caminhou rápido pelo corredor e adentrou um dos quartos, achou um pedaço de pano ali e o enfiou pela boca da garrafa, agora só precisava de fogo, assim que iria sair do quarto ouviu a janela sendo explodida e uma mão rápida avançou no corredor assustando a menina que xingou alto, sacou uma de suas lâminas e fez um corte fundo na carne mole fazendo assim com que o titã recuasse tempo o suficiente para Hela alcançar a escada rindo alto, desceu e correndo até a cozinha achou alguns fósforos numa caixinha, seria o suficiente, voltou correndo para a escada e subiu a passos largos, por incrível que pareça ela estava bem empolgada com a tal experiência, parecia uma criança brincando e rindo. O pano pegou fogo rápido, enquanto Hela corria para a janela.

— Hoje não é seu dia monte de carne podre — A criatura abriu a boca no momento certo, Hela jogou a garrafa que estourou e começou a pegar fogo, assim o titã cambaleou para trás colocando as mãos no rosto em chamas, com um sorriso no rosto a ruiva saiu pela janela gargalhando, em uma curva rápida ela impulsionou o corpo para fazer girar rápido arrancando assim a nuca do animal que gritava agonizando, foi um golpe tão forte que a cabeça se desgrudou do corpo, pegando fogo. Pousou no telhado na mesma casa num giro pra trás.

— Uma pena gastar vodca com um verme desses — Hela disse pesarosa — Descanse em paz vodca, você foi muito útil a humanidade — Hela gargalharia se não tivesse que desviar de uma cabeça gigante que acertou um prédio ao seu lado — Que porra... — Tampou os ouvidos assustada com o grito alto, olhando mais adiante viu um titã de mais de dez metros enfurecido, sentiu o sangue gelar, era um anômalo? Não. Quando deu por si, ele partiu para cima de outros titãs, os matando com as próprias mãos — QUE PORRA É ESSA? — Hela parou alguns segundos observando aquela criatura monstruosa bater, chutar e rasgar a carne de outros titãs enquanto gritava, seus olhos brilharam com aquilo, era uma ponta de esperança, olhou para um telhado não muito longe dali, três cadetes discutiam, a garota de cabelos pretos jogou a última lâmina das mãos de um menino loiro, Hela correu e se lançou até eles caindo meio torta esbarrando em um outro baixinho.

— Oe! Presta atenção... — Connie parou de falar ao ver o brasão da Polícia estacionaria no colete, a roupa cheia de sangue e o rosto parcialmente machucado da mulher — Você é da estacionária? Já devia estar dentro das muralhas.

Legends never die - A escolhida dos deusesOnde histórias criam vida. Descubra agora