Estrelas também amam - Samuel Isaac

Capítulo 1 - Uma estrela chamada Mary

Foi no crepúsculo de uma tarde ensolarada no reino das nuvens que uma pequena estrelinha raiou pela primeira vez, corpo arredondado intangível, sem braço, nem pernas, nem torço, apenas olhos bem grandes e não possuía boca, porque afinal que estrela tem boca? Seu nome era Mary.

Eu não sei exatamente como as estrelas nascem, elas simplesmente aparecem, já com nome e sabendo até mesmo falar e voar, na verdade não sou só eu, ninguém sabe da onde vem e nem para onde irá, elas apenas precisam crescer e aprender, principalmente sobre o nosso mundo, o reino das nuvens, um vasto lugar onde existem o que chamamos de Σπίτια, que é aonde moramos, são estruturas grandes que servem para guardar coisas, descansarmos, nos protegermos da chuva, reunirmos com amigos e até mesmo ouvirmos música, sabe? não tem muita coisa para fazer aqui, então ouvimos bastante música, não sabemos como são produzidas, mas isso não importa. Bom, também temos as του δρόμουque, são estruturas que servem para alinharmos as Σπίτια, como voamos precisamos de uma orientação da onde construímos as coisas do reino, porque se não fica bagunçado e as του δρόμουque servem justamente para isso. Vou me abster de mais detalhes, as últimas coisas que vou te ensinar sobre este mundo é que o reino das nuvens não possui uma base solida, tudo é construído entre as nuvens, portanto tem estruturas embaixo, em cima e no meio, tudo seguindo as του δρόμουque e tudo é feito com um material cinza para não nos confundirmos com a cor das cumulus.

Aonde estávamos mesmo? ah é! Mary. Você deve estar se perguntando o porquê de eu estar contando sobre ela, afinal o que a pequena tem de diferente das outras estrelas? bom, ela nasceu com uma cor bem peculiar, verde, as estrelas nunca nascem verde, é sempre azul, amarela, vermelha, mas verde jamais, quer dizer... com essa exceção é claro. Como tudo de diferente é encarado com mal olho a cor da pobre coitada era motivo de bullying dentro da σχολείο, algumas estrelinhas pentelhas insistiam em deixar ela insegura por causa de sua diferença, além disso ela não tinha sequer um amigo ou amiga que pudesse consola-la, isso já estava deixando-a em seu limite. Um dia Mary estava no cômodo onde usava para dormir em sua Σπίτια, resmungando sozinha como sempre, parecia estar bem furiosa.

-- Ah! estou cansada, cansada! eu não aguento mais, hoje foi o cúmulo!

Ela se referia ao que tinha acontecido na σχολείο mais cedo, uma estrela passou por dentro dela e isso é um tremendo insulto, é como um assédio!

-- Eu... eu... não posso deixar do jeito que está... - seus olhos revelavam um profundo anseio em seu coração - não posso! - anseio que se tornara raiva.

Tão jovem e já fazendo besteira, ela se cobriu com um pano feito de Córdoba, para ofuscar sua luminescência e saiu para fora do reino das nuvens, afastou-se e por um momento olhou para trás.

-- Será que isso é uma boa ideia, fugir é a solução?

Óbvio que não, cabeça de aldebarã! mas já era tarde para se arrepender, o tempo não estava lá essas coisas, então o esperado aconteceu, começou a chover! mas não era uma chuva qualquer, era uma chuva de verão, daquelas que vem e vão tão rápido quanto os ventos que circulavam nos céus a tal hora da noite. Mary voou de volta com todas as suas forças! ela certamente se arrependeu no mesmo instante dessa decisão imbecil, o pavor era eminente em seu olhar agoniante, que tentava, tentava, mas era sempre empurrada ainda mais para trás pela corrente de ar agressiva, a sua luz estava quase se esvaindo e suas forças indo embora, mas se mantinha forte, lutou, lutou e finalmente chegou de volta ao reino! mas... a mãe natureza não é nada justa... lançou um raio na estrela e a desvaneceu completamente... É... um fim trágico... na verdade pode até parecer um final, mas é apenas o começo. Mary irá protagonizar sua vida a partir de agora, pois seus sentimentos e pensamentos é algo particular, que só ela tem a capacidade de expressar, então eu cordialmente me despeço de vocês, espero que tenham uma boa aventura.