A Destemida

Inimizade Declarada

- Seu pai te mandou aqui pra você deixar de ser gay????? PUTA QUE PARIU...

- Ele acha que você podia resolver...

- Ai meu Deus, isso é errado em tantos níveis!!! - digo isso cobrindo partes do meu quarto e bebendo água de uma garrafa que eu deixo ali.

- Foi a dona Valéria que falou com a gente, ele é um cliente daqui sabe. Aí ele quis me trazer pra...

- Aí... Amiguinho... - me aproximo dele com pena - Ser gay não se cura, porque não é doença!!!! O que o seu pai tem na cabeça? Cérebro que não é!

O garoto fica em silêncio. Dá pra perceber que ele é tímido e bonzinho, mas estava tão desconfortável que tá dó. Pergunto a ele:

- Onde seu pai está?

- Ali fora! - aponta o menino para a porta.

Saio com um tornado e vejo quem é o pai: um antigo cliente que já veio comigo as vezes! Vou até ele, ao passo que ele vêm me olhando desconfiado.

- Ué, já acabou?

- Nem começamos, seu ordinário!!! Como assim você traz o seu filho pra transar comigo sem a permissão do próprio?

- Ele é um criança, precisa aprender a ser homem!!!!

- Coisa que você não é né! - digo em tom braba e eufórica.

- Como que é, sua puta?

Os ânimos se exaltam. Aristeu sai com um outro cliente após ouvir a briga, junto com dona Valéria e outros prostitutos(as).

- Que houve aqui?

- O que houve é que essa puta não quer fazer o serviço dela!!! - diz o homem já nervoso.

- Puta sim, mas criminosa não!!! Esse senhor queria que eu transasse com o filho dele, sem ele nem querer...

Todos se chocam.

- E pior... Pra eles se "curar" de ser gay!!!

Todos se chocam (de novo).

- E daí? O que vocês tem haver com meu filho, aliás... Que moral vocês tem pra julgar os outros, bando de putos descarados!?

Aristeu se mete na minha frente.

- Ei ei, que porra é essa? Quem você pensa que é pra nós chamar putos imorais?

- Um empresário de sucesso e rico, seu puto!!!!

O homem raivoso dá um tapa no rosto de Aristeu. Eu o puxo pra trás e Castiel sai na frente dele.

- Você não vai bater no meu namorado não!!!

- Ah olha aí... Outro viado maldito, dona Valéria você disse...

Castiel dá um tapa certeiro na cara do patife. Ele coloca a mão no rosto com ódio e Castiel o encara.

- Engole essas palavras, maldito aqui é você, que além de ser um cretino, ainda é preconceituoso com seu próprio filho...

O filho sai do quarto que estávamos querendo ver o que estava acontecendo. O homem empurra todos e pega ele pelo braço.

- Vamos embora daqui, esses putos não sabem nem fazer o que devem.

- Tchau, Jennifer, vou legal te ver!!!

- Tchau, menino desconhecido!!!! Não deixe seu pai mandar em você...

Minha fala se abafa com eles descendo a escada e indo embora do bordel. Castiel consola Aristeu pelo tapa e eu fico encucada.

- Então, dona Valéria, foi sua ideia deste homem desprezível me procurar pra tirar a virgindade de um garoto sem a sua vontade e ainda por motivações homofóbicas????