Um Louco, uma Cobra e uma Sonhadora!

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Um barulho indicava que havíamos batido em alguma coisa. O baque foi relativamente forte, para fazer desviar toda atenção para o ocorrido. Os coiotes saírem do barco, incluído Sam e aquele brutamontes, querendo ver o que tinha feito o transporte empacar.

- Porra, o que aconteceu aqui neste troço?

- Sei lá, tu acha que eu sei!?

- Vai aí, Sam, vê aí!

Eles falam atravesados e eu tentava ver o que era, junto de todos que estavam a bordo. O brutamontes tomou frente e tentou ver na água escura do Rio Negro, mas não via nada. Os caras pegam uma tronco comprido e tentam mexer, mas de nada adianta. Sam me olha com uma leva sensação de que vai dar algo errado. Tereza  também parece sentir algo estranho no ar.

- Vamos lá, seus molengas! - O brutamontes desce na parte rasa do Rio Negro, sustentado pelas pretas - Vamos tirar o barco daqui pra seguir viagem!

Em um momento enquanto ele fala, vejo uma movimentação rápida na água. Os coiotes nem parecem ver, mas algo está agitado naquele rio.

- Aqui ó, tirei o barco... AAAAAAAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIIIIIIII!!!!!!!!!!!!!!!!

Uma enorme cobra surge com uma mordida  nas grossas pernas do enorme homem. Ela penetra seu corpo com seus enormes dentes, fazendo o homem gritar e todos ficaram chocados e assustados.

- É UMA JARARACA!!! É UMA JARARACA!!! - grita um homem no meio do choque total.

- Tira ela daqui, tira ela daqui... - O brutamontes tenta tirar a cobra, mas acaba escorregando nas pedras e cai na água.

Nós assistimos um homem forte e grosso cair numa água escura e desaparecer jorrando água e a cobra indo demora. As bolinhas que saiam no final desta trágica cena imobiliza a todos. Meus cabelos pretos e longos se arrepiaram, minha pele ficou frígida e a minha boca não conseguia fechar.

- Meu Deus.... Que horror!!! - Tereza é a única que consegue comentar algo no meio daquilo.

Os coiotes ficaram abismados, mas também pareciam ir de volta para o barco numa leve frieza.

- Vamos lá, tá na hora de pôr essa joça na rota.

- Peraí, vocês vão ir sem fazer nada!? - alguém fala no barco.

- Você quer que a gente faça o que? Mergulhe na água pra salvar o morto ou morrer junto com ele? - um dos coiotes responde grosseiramente.

Eu fico chocada, assim como muitos de nós que estamos nesta viagem maluca. Acaba que partimos após esse trágico incidente no rio. Apesar disso, a viagem parece não estar mais tão mortífera. Tereza vai lendo sua revista de trico, enquanto vou olhando para a paisagem. É melhor que olhar para esses malditos que deixaram quatro pessoas morrerem. Vagamente, eu olho Sam com uma culpa nos olhos, mas também tentando ficar despreocupado.

- Pessoal, agora nós vamos atracar num pedaço isolado do estado de Amazonas, para descansarmos e sairmos as duas da manhã! - diz um dos coiotes.

-Não me choco com esses horários abusivos. Eles são uns escrotos e agem como se estivessem fazendo um favor. Afe!

- Vamos, minha amiga. - diz Tereza.

Chegamos a um lugar meio caído, cercado de verde e uns bichos rasteiros. Os coites se reúnem para falar algumas daquelas merdas que sempre dizem, enquanto nós vamos chegando. Mais uma vez, iremos passar uma noite sofrida, sem conforto e racionando comida, graças a bondade das outras pessoas.

A atual situação não é boa. As pessoas transmitem o quanto estão cansadas fisicamente e psicologicamente. Eu, Jennifer Oliveira, não faço ideia como ainda estou viva, mesmo depois de quase cair de um tronco podre num abismo infinito. Tereza se aconchega pertinho de mim, mas não consigo dormir tão facilmente. Decido ir caminhar, onde ando silenciosamente para não acordar ninguém.

A DestemidaOnde histórias criam vida. Descubra agora