2 - Marco

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Se havia uma coisa que consumia minha paciência, era receber uma ordem de Vincenzo disfarçada de convite

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Se havia uma coisa que consumia minha paciência, era receber uma ordem de Vincenzo disfarçada de convite.

Mas dizer "não" ao Capo da máfia Caccino, que por coincidência era meu irmão mais velho, significava comprar uma briga perigosa.

E por mais que meu sangue inflamasse e gritasse para eu fazer o que bem entendesse, uma parte minha queria provar que meu irmão estava errado.

Fazia pouco tempo que Vincenzo havia assumido a liderança da família e nomeado seus braços direitos. Eu ainda estava revoltado por não ter sido escolhido para ser seu Sottocapo — um substituto para quando ele estivesse fora do país — ou pelo menos seu Consigliere, aquele que atuaria como conselheiro.

Tudo bem. Talvez eu não fosse a melhor pessoa para aconselhar alguém, visto que me enrolava em uma merda atrás da outra, mas, mesmo assim...

Puta que pariu.

Vincenzo adorava mostrar o quanto eu estava abaixo dele, o quanto ele sempre fora o favorito da família, a figura exemplar, fria, racional, que não explodia diante do menor deslize.

Aquilo tinha que mudar.

Vincenzo tinha que começar a me respeitar.

E eu estava disposto a tudo para provar isso a ele.

Entrei no salão requintado onde a festa organizada por Vincenzo acontecia. Meu irmão pretendia fazer um anúncio. Talvez uma nova aliança, talvez uma nova rota para os negócios que nos sustentavam.

— Boa noite, senhor Caccino.

— Seja bem-vindo, senhor Caccino.

Respondi aos cumprimentos com o mesmo tédio irritadiço que me assolava desde as primeiras horas da noite.

Quando me aproximei do grande salão que se abria para a área externa, com uma vista estonteante para as águas enegrecidas do oceano, ouvi o zumbido das vozes pelas portas envidraçadas. Não sabia ao certo quantas pessoas tinham comparecido ao evento de Vincenzo. Era uma recepção pequena o suficiente para ser íntima, mas repleta de rostos importantes que confirmavam o status de Capo do meu irmão.

E era o último lugar onde eu queria estar.

Mas precisava mostrar para Vincenzo que eu não era mais aquele moleque explosivo e que fazia as coisas sem pensar. Precisava mostrar que eu era digno de uma posição de respeito ao seu lado, na hierarquia de nossa família.

Tinha que conquistar a merda da confiança dele, embora uma parte minha quisesse mandar várias coisas à merda.

Só que já estava na hora das pessoas saberem que eu, Marco, era tão digno do sobrenome Caccino quando meu irmão.

Uma brisa quente roçou minha pele quando pisei do lado de fora. O tempo estava bem abafado para uma noite estrelada em um salão à beira do oceano.

Olhei ao redor, procurando por algo para comer ou por algum garçom com uma bebida forte que me anestesiasse para aguentar aquela festa.

E então, quando virei o rosto, com um resmungo entediado enchendo minha boca, o mundo desacelerou subitamente.

Por um momento, fiquei congelado, paralisado. O que não era algo normal para um cara do meu tipo. Não perdi o fôlego, mas era como se o ar escapasse lentamente de mim, até que não me restasse mais nada a não ser ficar ali, em pé, parado, querendo desvendar quem era aquela mulher.

Tinha certeza de que nunca a vira em uma recepção íntima dos Caccino.

Não podia ver o rosto dela por completo, apenas o vislumbre do perfil, as mãos apoiadas no gradil, as costas que o vestido marsala revelava, a curva tentadora do pescoço, os cabelos amarronzados que caíam em ondas até a cintura.

Quem era ela?

Notei que havia alguns soldatos da família por perto; homens colocados em pontos estratégicos, como se a estivessem mantendo sob vigia.

Ela parecia ignorá-los, mantendo seu olhar perdido no horizonte

De repente, uma vontade insana me tomou.

Precisava chegar até ela. Saber seu nome, ver seu rosto, sentir seu cheiro, saber qual era o som da sua voz.

Talvez aquela festa não fosse ser a merda que eu esperava. Talvez a noite pudesse terminar de um jeito muito, muito mais interessante.

Colocando meu melhor sorriso sacana no rosto, avancei por entre as pessoas, respondendo de forma automática aos cumprimentos que recebia por ser o irmão do grande Capo.

Em um instante, já estava a poucos metros de distância dela. Quase podia jurar que a brisa marinha trazia o cheiro de seu perfume até mim.

Apanhei duas taças de champanhe da bandeja de um garçom que passou ao meu lado.

Estufei o peito, endireitei os ombros e cobri o espaço que me separava dela.

— Você deu uma olhada na previsão do tempo hoje?

Minha pergunta a pegou de surpresa. Ela virou o rosto, os olhos terrivelmente azuis buscando pelos meus. De perto, dava para ver que ela era muito jovem. E linda. Mais linda do que qualquer outra mulher que eu já tinha visto na vida.

Puta merda, quem era aquela garota?

Franzindo o cenho, ela balançou a cabeça, os lábios tingidos de vermelho se entreabrindo.

— Não, não vi ainda.

Aproveitei para ampliar meu sorriso e estender a taça de champanhe para ela.

— Ah, mas eu vi aqui e parece que vai rolar um clima entre a gente.

	— Ah, mas eu vi aqui e parece que vai rolar um clima entre a gente

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Noiva Proibida (Máfia Caccino #1) | DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora