V - Vozes

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"Os sonhos seriam um reflexo da realidade ou apenas memórias de uma vida passada?"

Jully Preston...

Silverbook's, June, 24, 03:00 AM

Acabo de despertar de mais um dos meus sonhos bizarros!

Mas dessa vez era diferente, na realidade, desde de quando toquei aquele relógio no banco da praça, tudo mudou.

Quando digo tudo, és tudo mesmo.

Venho tendo sonhos bizarros com uma frequência absurda, escuto e vejo coisas estranhas. Imaginava ser algo do fruto do meu subconsciente, visto que passei muitas noites acordadas para passar nas provas antes do início do Verão.

Isto não é revelante, então...

Desta vez, eu estava num jardim, um belíssimo jardim aliás, exalava vida e muitos cheiros.
O céu era extremamente azul, e os animais amavam aquela natureza sem nenhuma alteração humana, brinquei até com alguns, mas então eu o vi.

Ele sempre está lá, não sei quem é, porém desejo profundamente saber.
Sempre me analisando e sorrindo para mim, nem ao menos sei seu nome ou muito menos se é real.
Toda vez que pergunto pelo seu nome, sou puxada para a realidade.

A minha realidade! Realidade essa, que gostaria de não fazer parte. Mesmo que eu ame minha família e as pessoas ao meu redor, eu só me sinto viva quando estou lá com ele. Um pouco clichê, eu diria, porém é a maior verdade que existe.

Não posso mentir que o Martim e o Felipe também me fazem bem, só que com ele, é diferente.

- As folhas caiem com tanta delicadeza, gostaria de ser igual a elas, livres e leves... - falou enquanto observarmos o Outuno surgindo no nosso lugar perfeito

- Por que as folhas e não o sol? - ele riu - O quê?

- O sol és muito formoso e vive muito, as folhas caiem em todo Outuno e morrem... - ele me encarou profundamente - Eu prefiro morrer, do que viver eternamente num vazio mental.

- Como assim num "Vazio mental"? - o olhei confusa, porém ele evaporou diante dos meus olhos - Ah não! De novo não! - sou puxada.

Eu simplesmente não entendo o porquê disso, mesmo que eu procurasse ajuda ou contasse para alguém, seria taxada de louca ou coisa pior.

Encaro minha irmã do outro lado do quarto, num sono extremamente profundo.

- Gostaria de voltar a dormir nessa tranquilidade... - falei num sussurro e me levantei.

Vou caminhando calmamente até a cozinha, para não acordar ninguém, passo pela sala e vejo o Felipe no sofá.
Incrível como meu pai ainda o proíbe de dormir com a minha irmã, por minha causa, vantagens por ser a mais nova e inocente, em alguns sentidos.

Me aproximo e vejo o mesmo quase caindo do sofá, então posiciono algumas almofadas no chão e vou para a cozinha.

- Ah! Fala sério Felipe, quem te deu a permissão de comer o meu pedaço de torta? - reviro os olhos e pego uma garrafa d'água

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