O medo

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Cheguei em casa aquele dia e vi minha mãe e meu irmão sentados na frente da televisão. Percebi que os dois estavam um pouco assustados e interessados nas notícias do jornal obrigatório.
- Mãe? Joseph? O que há de tão interessante em uma tela colorida que passa as catástrofes obrigatórias todos os dias?- disse eu com um tom de ironia já que achava o jornal obrigatório um lixo.
- Toda a população está assustada.- disse minha mãe um pouco aflita- os trinfers do governo estão pegando garotas a força e as levando para o castelo principal.
Os trinfers são como a polícia só que muito mais violentos e com permissão de matar pessoas inocentes, o governo só os recrutava quando era para uma causa ou muito cruel, ou muito secreta mas aquela notícia parecia que eram os dois.
- São meninas de 16 anos, assim como
Você maninha- disse meu irmão com um pouco de tristeza na voz.
- Mas eles escolhem as meninas ou pegam qualquer coitada andando na rua?- perguntei
- Eles não especificam mas parece que eles escolhem- respondeu meu pai surgindo da cozinha.- Jos procure a minha caixa de documentos lá na garagem por favor- disse meu pai para meu irmão com um tom de autoridade.
-Já vou papai!
-Vá agora por favor!
- Claro papai!
Pelo tom de voz do meu pai, eu já sabia que ele queria ter uma conversa comigo e com a minha mãe e que provavelmente o Jos não poderia ouvi-la. Assim que meu irmão foi buscar os documentos, papai sentou no sofá e deu duas batidinhas olhando para mim, pedindo para que eu senta-se.
- Como foi a aula de música hoje filha- ele perguntou
- Foi péssima como sempre. Você sabe que eu gosto apenas de escutar música mas não tenho talento nenhum para tocar violino, piano ou até mesmo trompete.
- Eu sei mas você sabe que é bom para o seu currículo de atriz, mas sabe o que é bom também? Segurança.- perguntou e respondeu meu pai com um ar de medo e de preocupação.
- Como assim segurança? - indagou minha mãe.
- Não quero que você acabe como as meninas da TV. Capturadas, sem opção de escolha, sem família, sem amigos, sem casa e sem dignidade.- disse meu pai olhando fixamente em meus olhos.
- O que acontece com as meninas da TV?- perguntei
- Não conte a ninguém mas essas meninas são levadas ao castelo principal para engravidar de nobres de todas as penínsulas mais ricas como Inglaterra e Brasil. Os nobres não estão tendo herdeiros, pois as mulheres não estão mais engravidando, então o rei Carnoff achou essa solução, pegar meninas jovens e férteis para serem seus objetos.
Quando meu pai disse a última frase fiquei com medo, mas ao mesmo tempo com uma raiva imensa do rei, pois eu não gostava dele pelo simples fato dele ser um nojento, por não aceitar opinião da população de Ganell , a península de classe média baixa que eu moro.
- Por isso quero que você aprenda a lutar. - disse meu pai com confiança.
- Está falando sério? Eu não luto desde os dez anos quando você me proibiu de mexer com as espadas e as armas de brinquedo!
- Eu sei que eu te proíbi de fazer algo que você tanto gostava, mas agora é o momento certo de você continuar com isso, de fazer o que você tanto gosta, de mostrar a sua força feminina.
Então meu pai começou a me treinar naquela noite e eu assumo que por mais que eu tenha ficado animada, pois era aquilo que eu gostava de fazer, fiquei com medo pois sabia que o governo poderia me escolher para ser um objeto fértil e eu sinceramente não sabia se conseguiria vencer essa guerra.

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