Alma

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— Ai, que saco, não tem nenhum livro bom e original pra ler — [Nome] reclamou desistindo de fuçar a biblioteca particular da sua conta no Wattpad.

— Eu que o diga, não aguento mais isso de "O idiota do sei-lá-o-que" ou sobre CEO's frios e calculistas com as babás das filhas deles — Uma voz ecoou pelo quarto, respondendo-a.

A [t/cabelo] até responderia de volta se isso não fosse preocupante por ela morasse sozinha. Assustada e com o cu trancado, ela sentiu se corpo paralisar antes mesmo que podesse gritar.

— Acalme-se, humana, eu não vim levar a sua alma, não ainda. Não é a sua hora. Eu só te paralisei para que não gritasse, okay? Seus vizinhos iriam reclamar pela hora. Eu vou desfazer a paralisia e então comporte-se, humana — Ele desfez, como o prometido.

[Nome] imediatamente encolheu-se no canto onde a cabeceira da cama e a parede se encontravam e tentou enxergar onde o invasor estava. Quando ela o achou, viu ele com um yukata — uma veste típica japonesa — azul aberto o suficiente para que ela pudesse ver o forrado vermelho de dentro do peça e o abdômen definido do homem. Seus olhos brilhavam em um vermelho vibrante e chifres retorcidos saiam de sua testa.

Vala, até o demônio é corno — não pôde deixar de pensar e fazer sua vontade absurda de rir em momentos inoportunos aflorar.

— Eu não sou corno, garota — ele se aproximou. Sua voz era zangada na fala —, eu sou um demônio.

Tá porra, ele leu meu pensamento! Espera... então ele tá lendo agora? — Tornou a ruminar.

— Sim, eu estou. Eu sei tudo o que você pensa, humana, e sei tudo o que você já pensou também. Agora, se não se importa, eu estou tentando fazer o meu trabalho. Fique queita e escute — Paralisou-a de novo. Ele não tinha exatamente o que se podia chamar de paciência.

[Nome], enquanto pensava diversas vezes "não pense, não pense, não pense", o achou mandão demais e — caso não fosse um demônio — queria dar uns belos tapas naquele desaforado. Ele invadiu a sua casa, a paralisou dois vezes e ainda a mandou calar a boca?

Espera só ele me soltar, vou tacar sal grosso na tua cara, palha... digo, o senhor é um demônio muito gente boa, okay? Por favor não me mata — desistiu de praguejar mentalmente contra ele já que... bom, ele literalmente lia seus pensamentos.

— Eu vim lhe fazer uma proposta, humana. Um desejo pela sua alma, é simples, não? Eu posso te dar...

Quero não, valeu, eu agradeço mais realmente não quero — Pensou o interrompendo.

— Olha aqui, humana idiota — exaltou-se —, eu sai de uma festa para vir aqui e te oferecer essa porcaria e faltam dois dias para o meu prazo vencer. Eu tenho cara de quem quer fazer hora extra, humana?

N-Não senhor — o respondeu.

— Exato, não tenho. Então você vai aceitar isso aqui. Eu só tenho hoje e amanhã pra pegar quatro almas, então não demora.

Nisso que dá fazer igual a mim e deixar tudo pra fazer em cima da hora. Ah, desculpa, eu esqueci que você está lendo meus pensamentos — brincou mesmo não sendo o momento ideal para isso. — Você precisa de quatro almas, não é? Se você me der quatro favores, eu posso te dar essas quatro que precisa. Sei onde consegui-las.

Subitamente, o rapaz/demônio se mostrou interessado.

— Conte-me mais, garotinha. Eu gostei dessa sua ideia.

Nem ferrando, quem me garante que você não vai me enganar, me matar, pegar as almas e sair fora? Quero meus desejos primeiro.

— Tudo bem, tudo bem — Se rendeu e a liberou da paralisia depois de ver nas memórias da garota que ela era persistente. — Vem aqui, chega mais perto. Eu não mordo. — Aquela, ainda mais vindo de um demônio, não era a frase nais confiável, mas não era como se [Nome] tivesse mesmo muitas opções.

Ela acendeu a luz — para ver se ele ia sumir ou algo assim — e caminhou até ele. Reparou nos olhos dele e na pele meio enrugada ao redor dele. A boca era toda seca e rachada, como se ele a tivesse mastigado. Tinha uma pinta do lado direito dela e, no esquerdo, uma cicatriz. Havia outra cicatriz em seu rosto, no olho direito, ela era pequena como a da boca. Com a luz da lâmpada iluminando o demônio, pôde ver que ele tinha cabelos azuis claros que estavam bagunçados e que seus chifres eram marrons.

Estranha e aterrorizantemente atraente... — pensou inconscientemente.

— Obrigado pelo elogio, agora vamos ao pacto. Por favor, leia o contrato — Ele a entregou uma folha.

"Pacto demônio.
Contratado: _______________.
Contratante: ___________________.
Pagamento: _________.
Número de desejos: __________.

Eu, ____________________, declaro estar ciente e de acordo com o pacto feito com o contratado, realizando o pagamento por meio de ___ alma(s).

Conprovante de pagamento:             "

— Em contratante, você deve escrever o seu nome. O pagamento vai ser feito com almas, então escreve aí "quatro almas humanas" e em número de pagamentos você escreve quatro. Eu mesmo vou escrever o meu nome, e na parte do comprovante é só colocar algum fluído corporal das pessoas que você vai me dar as almas, tipo saliva, sangue, unhas, fios de cabelo — Ele estendeu uma pena de escrever para ela.

— E-Escreve... — Sua voz falhou. — Escreve você... o senhor primeiro. Eu vou tentar parar de tremer primeiro...

— Certo, tudo bem.

Ele assinou e, após isto, entregou o contrato na mão da garota.

— Um minuto, eu vou pagar os fluídos.

Ela foi até a estante da sala — onde ficava o aquário que ela tinha — enquanto o azulado a esperava no quarto.

— Então, eu não tinha saliva nem sangue, como eu ponho coisas que não são líquidas aí? — Perguntou segurando os fluídos.

— É só por aqui em cima do contrato, ele vai absorver o DNA.

Ela fez como ele a orientou.

Tomura, como ela descobriu que e se chamava lendo o seu nome do contrato, pegou algo parecido com uma pasta de documentos que tirou de dentro do yukata.

— Quem são Nemo, Dory, Banana e Fish?

— ... meus peixes beta que estavam matando os outros peixinhos.

— Você me vendeu almas de peixes?! — Esbravejou levantando da cama da garota, onde tunha se sentado quando ela tinha ido pegar as escamas dos peixes.

— Você disse quatro almas, não? Tão aí. E pode olhar o contrato, eu escrevi "quatro almas", não disse que iam ser humanas.

— Filha da...! Ah, saco, pelo menos eu ainda tenho tempo de rasgar o con... trato... — Disse de modo pausado ao ver as chamas negras devorarem toda a extensão do papel do contrato.

A garota rira mentalmente e, de automático, pensou "Acho que não tem mais".

— Bom... meu primeiro desejo é: seja meu servo até que eu decida te libertar, Shigaraki Tomura.

— Eu vou muito comer a tua alma um dia, humana — Falou quando sentiu uma ardência na circunferência de seu pescoço. Uma tatuagem negra apareceu no local, uma marca de servidão.

[Nome] também sentiu algo parecido acontecer consigo, contudo a sensação só apareceu em seu dedo, como se fosse uma tatuagem de anel. A marca do mestre.

— Meu segundo desejo é: que eu seja imortal — Ela riu, lembrando-se do mito grego onde um homem enganou a morte. Ela havia acabado de enganar um demônio e de burlar as regras do ciclo da vida. — Vamos nos divertir muito, Tomura-chan. Sinto muito por não te deixar comer a minha alma.

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⏰ Última atualização: Jul 23, 2021 ⏰

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