46

5.4K 259 60
                                    

Palavras que estão em itálico nesse capítulo está contando o que passou, são lembranças. Nas partes que tem esse símbolo "\" são pensamentos dos personagens.

Caíque

Já fazem semanas que eles estão lá em casa, não que a presença deles não seja bem vinda, muito pelo contrário, até que está me causando um certo conforto, eles fazem tanta questão de lembrarem dos meus pais e histórias que eu havia esquecido, mas que quando foi citado, parecia tão recente. Eles não falam sobre isso todos os dias, até porque não faria tanto sentido. Mas eles fazem questão de compartilhar essas histórias com Emma.

- Ela faz parte da nossa família agora, preciso deixá-la por dentro dos melhores acontecimentos -tia Liv dizia enquanto estávamos conversando no escritório.- Você escolheu uma boa moça, Caíque! -ela sorria, parecia aliviada.

- É, escolhi mesmo -meus lábios se curvaram mostrando um sorriso largo que eu não estava esperando. Não naquele momento.

Pensar em Emma e na sorte que eu tinha de tê-la por perto, de tê-la comigo, era a melhor sensação que eu poderia ter. Todos os sentimentos que eu tive e toda mulher que eu me envolvi nada se comparava a isso. Ela não despertava somente um fogo, ela despertava algo em mim que eu achei que tinha morrido a muito tempo. Não era paixão, isso estava tomando um rumo maior, talvez já tenha tomado. Era amor, admiração, carinho, cuidado..

- Olha ele aí, o sorriso terno e mais contagiante estampado bem no seu rosto -a ruiva chegou mais perto e me abraçou por trás, me envolvendo em um abraço gentil.- Você a ama muito. -não foi uma pergunta, foi uma afirmativa.

Por dias eu segurava a maçaneta do quarto dos meus pais, mas não tinha coragem o suficiente para abrir. Toda noite quando Emma dormia, eu levantava e entrava, no quarto da Amber eu conseguia entrar desde quando Emma foi sem autorização. Mas havia um bloqueio enorme no quarto principal.

Esse quarto vai permanecer, caso Emma e eu tenhamos filhos um dia. Era estranho pensar nisso, sendo tudo tão novo, mas que me iluminava com a possibilidade. Me encorajava. Mandei enquadrar algumas fotos de nós dois juntos, uma em especial: Estávamos no parque, no dia do piquenique. Havia tantos sentimentos naquela foto e foi onde eu contei tudo a ela. Minha história. Coloquei no quarto, na prateleira do centro perto do berço e o tranquei.

Descendo as escadas, avistei Lunna no jardim. Ela estava mexendo na pulseira enquanto seus olhos estavam fixado em algum ponto que eu não consegui identificar.

- Lunna? -a chamei, mas parecia tão perdida em seus pensamentos que não me ouviu.- Lunna? -estalei os dedos na frente do seu rosto.- Você está bem?

- Caíque.. -Se remexeu na cadeira e me olhou- esse jardim é lindo demais. Impossível não se perder nos próprios pensamentos aqui. -respirou fundo e soltou gradativamente o ar de seus pulmões.- Estou ótima e você, priminho? -sorriu. Seus olhos azuis fixaram nos meus, o sol o deixava com a cor ainda mais forte.

- Eu estou bem. -me sentei ao seu lado- É impossível mesmo, sempre quando eu queria fugir de alguma coisa, eu vinha pra cá. -sorri ao pensar em toda a mudança que houve com o passar dos anos. Algumas drásticas, outras mais amenas e outras intensas demais.- Se o Caíque de um ano atrás soubesse que hoje ele estaria casado e pensasse na ideia de ter filhos com essa mulher.. -curvei minimamente os meus lábios e arqueei uma sobrancelha- Eu iria rir de quem me contasse e com certeza chamaria essa pessoa de doida.

𝑪𝒂𝒔𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒇𝒂𝒍𝒔𝒐 (𝑪𝑶𝑵𝑪𝑳𝑼𝑰𝑫𝑶)Onde histórias criam vida. Descubra agora