Na primeira vez em que meus olhos pousaram na face séria e indefinida de Park Jimin, algo dentro de mim se revirou e fez meu coração acelerar. Foi como se uma engrenagem extremamente necessária se encaixasse em mim e fizesse absolutamente tudo girar em equilíbrio e sincronia. Mas eu, como um alfa filho do sol, destinado a estar preso durante todas as noites, sabia que não podia desejar um filho da lua, que ficava livremente solto após as seis horas da noite.
Enquanto eu estaria queimando de desejo escondido sem poder ser visto, ele iria iluminar a minha vista mesmo sem saber da minha aproximação. Porque em pessoa, um de frente para o outro, com a possibilidade de nos encararmos e até mesmo nos tocarmos, somente durante um eclipse. Se não fosse assim, nós não poderíamos nos ver.
Ao longo da minha existência, ou ao menos desde que conheci o Park, só o vi seis vezes.
Na primeira me senti tremer de tantas formas que sequer saberia nomear três delas. Mas eram inúmeras, jeitos tão distintos uns dos outros que me faziam pensar como era possível uma única pessoa promover tantas sensações em uma outra. Mas foi como se eu encontrasse o meu propósito, como se compreendesse que poderia ir além do que estava destinado a ser.
Na segunda vez, nós conversamos pela primeira vez. A voz de Jimin, apesar de fazer parte de um ser misterioso, sombrio e instigante, lembrava-me dos corais cantando perto do natal, feito anjos em uma sincronia que acalma cada partícula da sua essência. Porque nós éramos distantes, polos distintos, e ainda assim nos completávamos com simples trocas de olhar e algumas singelas palavras trocadas na correria de uma noite onde o Sol encontra a Lua.
Na terceira, eu ousei tocá-lo. Levei minha palma quente até sua bochecha gelada e senti o contraste das temperaturas de nossas peles parecer um incrível acordo entre duas almas que, silenciosamente, buscavam pela mesma coisa.
Na quarta, nós nos abraçamos. Jimin estava eufórico, incontrolável, e conforme nos uníamos como se fôssemos um, era como se seu ômega entregasse tudo de si ao meu alfa. Como se estivéssemos completando o que nos foi pedido há séculos, como se precisássemos estar ali, naquele momento, juntos.
Na quinta delas, meu alfa já estava banhado em uma paixão que sequer deveria existir. Eu e Jimin não fomos feitos para amar, para desejar, para estarmos um com o outro, mas por alguma razão o destino resolveu brincar com ambos e fazer com que nos encontrássemos e, porventura, descobríssemos também o que é desejar, o que é querer alguém, o que é sentir-se pegar fogo em paixão, o que é, de fato, amar alguém.
Vivendo ao longo do dia, aquecendo e iluminando, era de se esperar que me encantasse por inúmeros ômegas que podiam me ver e me tocar, mas nenhum deles jamais me fez desejar isso. Nenhum jamais chamou minha atenção ao ponto de me fazer querer largar tudo para estar em sua companhia.
E o problema não era que essa pessoa era Jimin.
O problema era que, assim como eu, ele sabia que não poderíamos pertencer um ao outro.
Na sexta e última vez que nos encontramos, nossos corpos clamavam por toques, clamavam pela junção de nossas temperaturas divergentes, clamavam por algo que sequer sabíamos se poderíamos lhes prover ou não. E mesmo desejando mais que tudo experimentar os lábios carnudos e gelados, acalmá-los com meu calor, cobri-los com meus sentimentos, precisei prender tudo que me habitava apenas para não ultrapassar a barreira que tínhamos estipulado.
Nós só poderíamos ceder, se fizéssemos isso juntos, ao mesmo tempo, sem arrependimentos, sem desviar o olhar, sem pensar duas vezes.
E eu ainda estou aguardando pelo nosso sétimo encontro, esperando que possamos ir além, que possamos fugir das expectativas e sanar todas as dúvidas não respondidas, acabar com todo o desejo que nos possui desde o primeiro contato.
Juntar duas almas que, silenciosamente, sempre estiveram unidas como uma só.
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Olá, amores ♥
Eclipse tem capítulos de menos de 1k de palavras, ela é bem simples, mas amei muito escrevê-la ♥
Espero que vocês gostem *u*
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Eclipse | jjk + pjm
FanfictionNa primeira vez em que meus olhos pousaram na face séria e indefinida de Park Jimin, algo dentro de mim se revirou e fez meu coração acelerar. Foi como se uma engrenagem extremamente necessária se encaixasse em mim e fizesse absolutamente tudo girar...