Quinto encontro

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A cada dia que passava, estar longe do meu ômega se tornava um pouco mais insuportável. Nós descobrimos alguém que podia nos ajudar com a comunicação, afinal não podíamos manter contato fisicamente a não ser em noites de eclipse, portanto precisávamos de um outro meio.

Kim Seokjin foi como um anjo que surgiu na nossa vida, entregando as minhas cartas a Jimin e as dele a mim. Todos os dias escrevíamos um para o outro, e foi desse jeito que percebi não estar caindo sozinho naquele amontoado de sentimentos.


Jungkookie,

As estrelas estão lindas essa noite, mas eu ainda prefiro quando as vejo nos seus olhos. Eles são mais brilhosos e me trazem uma sensação de paz que noite alguma é capaz.

Hoje estou sentindo mais saudade que o normal, não sei o porquê, mas tem algo que está doendo no meu peito. Você está bem? Vou esperar ansiosamente a próxima noite para saber se sim.

Dentro de dezenove dias estaremos juntos de novo, eu prometo, e eu preciso muito de um abraço. É muito frio longe dos seus braços.


Sua carta era lida por mim quase todos os dias, mesmo que outras tivessem vindo e sido respondidas depois. É que aquela em questão trazia um calorzinho diferente ao meu peito. E também me trazia nervosismo, portanto que me arrumei como se estivesse indo para a ocasião mais especial da minha vida, contando os minutos no meu relógio de pulso como se isso fosse fazer o tempo acelerar ao menos um pouquinho.

Foi assim que o nosso quinto encontro aconteceu. Meu alfa já estava banhado em uma paixão que sequer deveria existir. Eu e Jimin não fomos feitos para amar, para desejar, para estarmos um com o outro, mas por alguma razão o destino resolveu brincar com ambos e fazer com que nos encontrássemos e, por ventura, descobríssemos também o que é desejar, o que é querer alguém, o que é sentir-se pegar fogo em paixão, o que é, de fato, amar alguém.

Foi um encontro onde praticamente não conversamos, só aproveitamos a companhia um do outro, ficamos abraçados e eu deixei vários beijos em sua testa e nas bochechas.

Já na sexta e última vez, até então, que nos encontramos, nossos corpos clamavam por toques, clamavam pela junção de nossas temperaturas divergentes, clamavam por algo que sequer sabíamos se poderíamos lhes prover ou não. E mesmo desejando mais que tudo experimentar os lábios carnudos e gelados, acalmá-los com meu calor, cobri-los com meus sentimentos, precisei prender tudo que me habitava apenas para não ultrapassar a barreira que tínhamos estipulado.

Só que Jimin parecia eufórico demais naquela noite em questão, parecia estar ansioso e até mesmo um pouco nervoso.

"A resposta estava na nossa frente o tempo todo." Me contou, então. "Seokjin é um ômega filho da Lua."

Em um primeiro instante não entendi o porquê disso ser tão importante, afinal o que tinha demais nisso, certo? Mas aí eu finalmente compreendi, e a ficha caiu tão rápido que cheguei a ficar tonto.

"E se ele anda durante o dia, significa que ele... Eu não sei o que significa."

Apesar de eu mesmo ter me irritado em não saber, Jimin continuou a sorrir largamente para mim.

"Significa que ele encontrou sua alma gêmea e foi marcado por ela, Jungkookie." Minha boca abriu tanto com sua colocação, que chegou a doer. "Significa que se você me marcar e eu não rejeitar a sua marca, nós poderemos ficar juntos pelo resto das nossas vidas."

Aquilo parecia surreal, porque era como se o destino estivesse finalmente nos dando uma chance de estarmos e ficarmos juntos. Era como se estivessem nos dizendo que finalmente poderíamos nos amar sem nada nem ninguém para impedir.

Mas algo em sua frase soou como um balde de água fria para mim.

"O que acontece se você rejeitar a marca?" Indaguei, meu instinto protetor gritando enquanto acariciava sua cintura e o mantinha perto de mim, vendo-o hesitar. "Eu preciso saber, meu bem."

"Eu posso adoecer e... morrer?" A ideia de marcá-lo evaporou no mesmo instante. "Mas eu pensei muito sobre isso e quero arriscar. Por nós, Jungkookie. Eu sei que você sente o mesmo que eu, o destino não nos daria essa chance se não fosse nos ajudar a estarmos juntos. Ele não é dono de piedade, quando é para ferir ele faz de uma vez só."

"Mas eu não posso arriscar a sua vida, Jimin."

Jimin me abraçou pelos ombros e acariciou meus cabelos. Tínhamos quatro minutos ainda. Jimin era tão belo, eu queria vê-lo todos os dias, e saber que tínhamos uma chance de fazer isso acontecer me trazia uma sensação muito gostosa ao peito.

"Você não está arriscando nada, porque a escolha é minha." Garantiu, mas isso não tirava dos meus ombros a responsabilidade. "Pense em me ver todos os dias, me beijar e tocar quando e onde quiser, andar de mãos dadas comigo, dormir e acordar ao meu lado, até... fazer amor comigo. Nós teríamos uma vida normal, como pessoas normais, sem a necessidade de temer ou de nos esconder. Eu sei que meu ômega pertence ao seu alfa, eu sinto isso."

"Eu também sinto isso." Afirmei. "Eu... posso pensar? Entendo que a escolha seja sua, mas eu prefiro morrer do que causar algo ruim a você."

"Leve o tempo que precisar, meu amor."

Jimin me dirigiu um largo sorriso e parou comigo na porta da minha casa. Me surpreendendo, ao invés de beijar minha bochecha como na última vez, ele deixou um beijo no canto da minha boca.

Como eu não sou bobo nem nada, lhe roubei um selinho.

E só por ver seus olhos após isso eu tive a certeza da qual precisava.

Eu iria marcar o meu ômega.

Eclipse | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora