A existência é muito complexa. Não saber de onde viemos ou para onde vamos é a maior das incógnitas que já encarei na minha vida. Ou melhor, dentre as minhas sete vidas. Vidas, essas, onde passei as noites literalmente no escuro e isolado, não sendo visto por uma sequer pessoa. Beirava a crueldade da minha situação.
Em um mundo onde ômegas, betas e alfas são destinados a encontrar suas almas gêmeas, eu, Jeon Jungkook, nasci com um propósito diferente. Eu nasci para proteger, para cuidar e, principalmente, para aquecer, como um bom filho do Sol.
Desde meu primeiro dia na Terra fui ensinado a viver das seis da manhã até às seis da noite, precisando me esconder na minha casa pelo restante do tempo, sem ser visto por quem quer que fosse, sem poder ser tocado, sem poder falar com alguém. Tudo porque mesmo que nosso mundo já fosse diferente, eu era ainda mais. Era como se eu só existisse nas lendas contadas pelas pessoas, e muitos sequer acreditavam que eu existia.
Mas cada região tem seu alfa do sol e o seu ômega da lua.
Nós alfas do sol somos vistos como mitológicos, deuses, criaturas que existem porque alguém tem crença em nós. Somos quentes e calorosos de todas as formas possíveis, donos de uma beleza flamejante que é capaz de atrair a tudo e a todos, mesmo que diferente dos outros alfas não tenhamos um período de cio e sim um período fértil interminável. Por isso, mesmo perambulando durantes os dias, raras foram as vezes que me permiti envolver-me com alguém, afinal eu possuo vidas por uma eternidade e não posso me dar o luxo de me prender a alguém que não tem o mesmo futuro que eu.
Seria egoísmo e crueldade de minha parte. Afinal, a pessoa iria envelhecer e falecer, enquanto eu permaneceria aqui, perambulando pelo mundo.
Confesso que na maior parte das vezes, ser como sou é bem entediante, afinal vivo todos os dias da mesma forma, precisando estar aqui e me esconder caso, porventura, a chuva resolva surgir no meio do meu momento de brilhar. Eu deveria proteger a minha região que, no passado, era como uma aldeia. Era como se eu fosse o líder da minha alcatéia e o meu dever fosse tomar conta de tudo e todos que ali vivem.
Mas mesmo que eu viva no tédio a maior parte do tempo, houve um momento onde as coisas mudaram um pouco. Eu soube antecipadamente de que precisaria manter meu corpo e minha mente acordados durante vinte e quatro horas em determinada data, porque um fenômeno onde o Sol e a Lua se encontram, também conhecido como Eclipse, aconteceria. E eu jamais tive a oportunidade de conhecer o ômega filho da Lua da minha região.
Por isso, naquela noite, eu fiquei ansioso. Naquela noite, eu decidi que teria tempo o suficiente para saber como é ficar sob as estrelas, pegando o ar gélido e aproveitando o escuro. Porque eu, por natureza, já sou brilhante e iluminado.
Mas, então, eu me deparei com o ômega filho da Lua, que pelos sussurros da nossa região não tão grande, chamava-se Park Jimin.
Quando coloquei meus olhos nele, me senti tremer de tantas formas que sequer saberia nomear três delas. Mas eram inúmeras, jeitos tão distintos uns dos outros que me faziam pensar como era possível uma única pessoa promover tantas sensações em uma outra. Mas foi como se eu encontrasse o meu propósito, como se compreendesse que poderia ir além do que estava destinado a ser.
Como se Jimin fosse a peça que encaixa perfeitamente em mim.
E eu nunca tinha sentido algo sequer parecido até aquele momento, como se todas as minhas engrenagens estivessem funcionando perfeitamente, como se toda e qualquer preocupação se resumisse a um grande nada, como se eu nem mesmo precisasse pensar no que quer que fosse além de nós dois. Nós apenas nos olhamos e eu já havia ficado com a boca seca e o coração batendo feito um louco no meu peito.
Foi estranho. Um estranho ótimo, mas estranho ainda assim.
Nós nos encaramos, ambos soltamos alguns suspiros e respiramos fundo várias e várias vezes, mas não houve aproximação ou uma mísera troca de palavras. Era só o vazio, o eco, o nada. E ao mesmo tempo, um caos e calmaria em atrito, emoção, excitação, desejo, afeto. Tanto entusiasmo, tantas sensações, tantas coisas incrivelmente indescritíveis.
Um eclipse solar total não dura nem oito minutos seguidos, por conta da velocidade em que a Lua se move.
Sendo assim, esse foi o tempo em que pude estar ao seu lado. O tempo em que pude ficar perto dele, observando os traços tão belos, impressionando-me com seu jeito sombrio e misterioso, com seu olhar penetrante e envolvente.
Jimin era dono de uma beleza extravagante, com lábios grossos que pareciam extremamente macios, olhos pequenos, bochechas gordinhas e aparentemente mordíveis de forma inigualável. O que consegui visualizar perfeitamente foi seu rosto, e um pouco do corpo curvilíneo que certamente em outros momentos seria capaz de me fazer delirar.
No Eclipse seguinte, eu fiquei esperando que Jimin aparecesse. Mas a escolha não era minha, e eu não sabia que também podia não ser sua. Acontece que o destino por alguma razão fez com que eu o conhecesse e, como tudo na minha vida era questão de destino, eu sabia que não teria o encontrado apenas para admirar sua face por meros minutos.
O destino trabalhar de maneiras inesperadas, faz com que aconteçam eventos que não sabemos explicar, portanto era óbvio que em algum momento eu ainda o encontraria.
Ou, ao menos, era isso que eu esperava.
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Olá, amores ♥
O primeiro e o sexto encontro são os meus favoritos, amo demais ♥
Espero que tenham gostado *u*
Beijinhos ♥
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Eclipse | jjk + pjm
FanfictionNa primeira vez em que meus olhos pousaram na face séria e indefinida de Park Jimin, algo dentro de mim se revirou e fez meu coração acelerar. Foi como se uma engrenagem extremamente necessária se encaixasse em mim e fizesse absolutamente tudo girar...