Segundo encontro

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Apesar de saber que no momento certo, Jimin apareceria novamente na minha frente, meu coração optou por se manter ansioso. Queria poder dizer que isso é drama ou exagero, mas a verdade é que infelizmente não posso mentir de tal forma. Seria desonesto e eu fui criado para jamais contar mentiras.

Mesmo que meu corpo não se mantenha cem por cento puro, minha alma precisa sempre estar assim. E isso não significava que não poderia sair com outras pessoas, beijar outras bocas ou desejar e tocar outros corpos. Somente queria dizer que não podia mentir ou cometer qualquer crime que para qualquer pessoa, em qualquer circunstância, já valeria algum tipo de punição.

É simples. Não há tantas regras quanto parecem ou tantos desafios. É só seguir do meu jeito, como sempre fui, e estará tudo bem.

E eu me mantive divagando sobre essas regras enquanto pensava no próximo eclipse solar e na chance que tinha de acabar encontrando Jimin no meio disso tudo. Eu estava me perdendo em meus próprios desejos e bem sabia disso. Mas algumas coisas são simplesmente incontroláveis e não sabemos como mudar a situação.

Algumas vezes, me questiono se estaria tão eufórico por alguma outra pessoa que não ele, uma vez que jamais havia sentido tais sensações. Talvez essa seja a primeira vez onde me permito sentir, onde me permito desejar alguma coisa com alguém. E isso é assustador em determinado ponto. Me deixa nervoso de tal maneira que não consigo ao menos explicar o sentimento que habita meu peito agora.

Assim que a noite caiu fiquei ansioso, beirando uma insanidade que nem mesmo era capaz de compreender.

Assim que avistei os cabelos acinzentados e a feição sombria que ainda assim parecia angelical para mim, tudo dentro de mim se remexer outra vez.

"Jeon Jungkook." Me senti flutuar assim que meu nome saiu por entre seus lábios carnudos.

A voz de Jimin, apesar de fazer parte de um ser misterioso, sombrio e instigante, lembrava-me dos corais cantando perto do natal, feito anjos em uma sincronia que acalma cada partícula da sua essência. Porque nós éramos distantes, polos distintos, e ainda assim nos completávamos com simples trocas de olhar e algumas singelas palavras trocadas na correria de uma noite onde o Sol encontra a Lua.

"Park Jimin." Quase sussurrei, mas não por querer falar baixo e sim por não conseguir aumentar meu tom de voz perante ele. "Por onde você andou?"

"Estava sendo punido, de certa forma." A confusão me atingiu assim que o ouvi, o que lhe fez abrir um sorriso de canto e ficar apenas um pouco mais próximo de mim. "Eu sou filho da Lua, sequer deveria falar com você, quem dirá pesquisar maneiras de ficar mais que oito minutos aqui apenas para vê-lo."

"Mas... qual foi sua punição?" Questionei, acompanhando o olhar indecifrável se tornar um tanto triste.

"Ficar longe de você."

Jimin também tinha sofrido. Muito provavelmente sentíamos coisas parecidas um pelo outro e, portanto, tínhamos os mesmos medos e receios. O medo de só aproveitar oito minutos a cada eclipse, o receio de somente isso não ser o bastante.

"Espero que não aconteça de novo." Sussurrei outra vez, vislumbrando uma vez mais o sorriso de canto em seu rosto.

"Mesmo que aconteça, eu sempre vou voltar." Disse, me desestabilizando e não me deixando nem um pouco preparado para o que ele diria a seguir: "Por você."

E tão rápido quanto um raio, não estávamos mais de frente um para o outro. Jimin tinha me empurrado para dentro da minha casa e fechado a porta. Ele fez isso por mim, pela minha segurança, mas não mudava o quanto doía.

Éramos donos de uma intensidade inexplicável, mas também éramos humanos em certa parte e tínhamos pensamentos que não podíamos controlar. Logo, o sofrimento daquela situação, embora mútuo, não era saudável. Porque não tinha nada que pudesse ser feito para aumentar o tempo que poderíamos ter um com o outro, ou para facilitar a relação que talvez pudéssemos construir.

Porque tudo era muito incerto, muito indefinido, e só o tempo nos diria se isso seria o suficiente para alimentar aquilo que estávamos nutrindo que, provavelmente, estava vindo com o dobro da velocidade que pessoas normais sentiriam.

Um suspiro me escapou assim que caí em cima da cama.

"Eu quero você, Jimin." Falei com o silêncio do meu quarto, pensando no quão ridículo estava sendo tudo aquilo. Se era para me apaixonar por alguém dessa forma, talvez o melhor fosse continuar vivendo o meu tédio corriqueiro.

No entanto, antes de cair no mundo dos sonhos, ouvi uma voz doce sussurrar próximo ao meu ouvido:

"Eu sou seu, Jungkook."

E então o sono me derrubou de vez.

Eclipse | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora