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Não faço o mínimo movimento possível pra ver quem está atrás de mim, a pessoa percebe isso e se move pra minha frente arrastando uma cadeira e se sentando de frente a mim, ergo meu olhar da mesa e o vejo me olhando com as sobrancelhas franzidas.

-O que você quer?

-Só estava preocupado com você S/N e posso dizer que você não está bem se levar em consideração o seu estado

-Jura? Acha que depois do que eu passei dentro daquele carro eu vou estar bem Scott?

-Você mesma que se colocou naquela situação

-Eu mesma?! Foi você que me colocou dentro do carro

-O que você queria que eu fizesse? Te deixasse lá pra morrer? É isso que você queria?- Pessoas ao nosso lado fazem "Shiii", peço desculpas e continuo a dialogar com ele com todo meu autocontrole pra não faze-lo engolir esse livro

-Foi o que imaginei- ele pega o livro e lê o título- Porque você ta lendo isso?

-Não te diz respeito- Me levanto e sigo pra fora da biblioteca, o infeliz me segue andando do meu lado e mascando um chiclete

-Não é arriscado pra você andar assim pela cidade?- olho ao redor e vejo que as pessoas nem prestam atenção na gente, apenas ficam concentradas e ocupadas demais nos seus trabalhos

-Ta preocupada comigo agora esquentadinha?

-Só curiosidade

-Hum, não, a polícia de Duskwood é muito inútil

-Se você diz... e pra que ta me seguindo?

-Estamos indo na mesma direção

-É mesmo? Pra onde vai?

-Pras margens do Rio Blackwater, quer se juntar a mim?

-Pra você me afogar nele?- provoco uma risada nele que faz com que o cabelos de minha nuca arrepiassem

-Eu não vou matar você S/N, devo assim a uma pessoa

-Que pessoa?

-Se junte a mim e responderei suas perguntas

Tenho certeza que isso é uma péssima ideia mas resolvo me juntar a ele, tem muitas perguntas sem respostas aqui.
Quando chegamos ao rio nos sentamos na grama e vemos as águas escuras seguirem seu caminho

-Ok, de onde você me conhece?- ele suspira, olha um pouco pros lados e depois pra mim falando bem baixo

-Phill

-Phill? Ele me falou de mim pra você? Porque?

-Fiz uma visita pra ele na prisão, Phill e eu éramos sócios em um negócio, nós dois confiamos muito um no outro, crescemos juntos na verdade. Quando fiz essa visita ele me disse pra cuidar de você, porque uns caras iriam te caçar pra tentar te matar 

-E porque me matariam?

-Você é mais inteligente que isso... Mas esclarecendo as coisas eu ajudei o Phill a abrir um negócio e ele tinha compradores daqui em Duskwood e fora da cidade também, quando esses compradores souberam que ele foi preso e por sua causa eles ficaram enfurecidos

-Esse negócio... é tráfico de drogas?

-Sim

-Espera... estão além de assassino você é mafioso também?

-Você era a aluna nota dez na época da escola né? Parabéns você ganhou estrelinha- diz debochado com um sorriso brincalhão no rosto

-Phill usava drogas?

-Não só vendia- se a Jessy soubesse disso...

Isso me faz lembrar de um outro acontecimento, na época do homem sem rosto um corpo foi encontrado e Phill foi preso como suspeito desse assassinato. Quando vim pra Duskwood nós nos encontramos e eu perguntei quem tinha pagado sua fiança ele me disse que não sabia quem tinha pagado ou que tinha sido uma pessoa anônima mas agora ...

-Foi você que pagou a fiança dele quando ele foi preso pela primeira vez?- digo virando meu rosto em direção

-Foi sim- casualmente Scott brinca distraidamente com as folhas da grama

Agora que eu sei de todas essas coisas, tudo ficou ainda mais bagunçado na minha cabeça. Eu sai do hotel com a finalidade de esvaziar a mente e consegui enche-la ainda mais, me levanto da grama com a intensão de ir embora

-S/N

- Já sei não conte pra ninguém ou publique um artigo- ele levanta uma sobrancelha- Se não você vai me matar na frente do Jake

-Isso mesmo

Dou as costas pra ele e sigo em direção ao hotel mas quando passo em frente ao restaurante da Cléo vejo algumas viaturas e policiais espalhados pela rua junto com várias faixas amarelas, vejo o delegado Alan me observando de longe e dou um rápida aceno de cabeça pra ele, o delegado faz o mesmo e eu continuo meu caminho.

Jake

Não consigo concentrar no trabalho, eu querendo ou não meus pensamentos sempre vão até ela. Retiro da gaveta uma cartela de remédios pra dor de cabeça e tomo um deles. Estou com um pressentimento de que S/N está escondendo alguma coisa de mim e a tentação de hackear seu celular novamente me atormenta.

Prometi pra mesma que não iria mais fazer isso, a não ser que algo coloque sua segurança em risco. Alguma coisa aconteceu ontem a noite e não acredito que ela tenha cortado o dedo com uma faca, como ela mesma me disse.

Repito várias vezes na minha cabeça que não vou hackear pra essa ideia ir embora de uma vez e também pra evitar uma possível briga entre nós dois, não quero que ela pare de confiar em mim, séria a mesma coisa de viver sem um coração.

Me concentro na tela do computador, onde dou play novamente na câmera de segurança e tento de todas as formas conseguir ver o rosto da segunda pessoa no carro.


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