Irrealidade (Hiatos)

Capítulo 1

Muitos de nós tem o costume de se apaixonar por personagens fictícios. Seja por sua aparência, personalidade, história... Ou o conjunto de todos esses fatores.

Sabo não era muito diferente, sempre se encantava com personagens fictícios.

Certo dia, voltando para casa depois de um evento na faculdade, tarde da noite, encontrou com um homem vendendo livros.

Ele lhe ofereceu um chamado "Através Dessas Páginas".

Não estava muito interessado, mas ele insistiu muito, e o livro estava bem barato e em excelente estado.

Decidindo pagar por ele, voltou para casa com o livro em mãos.

Ele tinha uma capa de couro, parecia algo antigo, mas sua aparência de novo lhe deixava em dúvida.

Ele não tinha sinopse, nem mesmo o nome do autor. Apenas o título escrito em relevo na capa.

Deixou o livro na estante. Por que tinha gastado dinheiro com algo tão... Estranho?

Tomou banho antes de ir se deitar cansado. Se pondo a terminar de ler um dos livros que iniciou anteriormente, novamente se lamentando quando ele chegou ao fim.

Com aquele sentimento de vazio e aquele gosto de "quero mais".

Teve seus olhos levados ao livro na estante. Não podia negar curiosidade.

Se levantou da cama e pegou o livro com capa de couro e páginas costuradas.

Por que aquele homem insistiu tanto para ele comprar isso?

Abrindo o meio do livro, encontrou páginas vazias. Passando-as rapidamente, mas com delicadeza, percebeu não ter nada escrito.

Haviam lhe vendido um livro em branco?

Passou as páginas com cuidado, procurando por qualquer sinal de escrita, nem mesmo que fosse uma mensagem dizendo que lhe passaram a perna.

Abrindo o livro na primeira página, viu finalmente algo escrito.

"Não é bom começar o livro pela metade."

Espera, o que?

"Isso foi um péssimo começo. Desculpa por já começar assim."

Não acreditou em seus olhos. Aquelas palavras haviam acabado de se formar?

"Não se assuste."

Esfregou os olhos, desacreditado.

"Ah, não sei como começar."

O livro estava realmente conversando consigo?

"Não quero soar brega, mas você foi o primeiro a abrir esse livro. Se ficar lendo com essa cara vou começar a me sentir desconfortável..."

Como diabos o livro conseguia ver como ele estava olhando, no caso, assustado, para as palavras se formando?

"Eu diria meu nome, mas meio que eu não tenho... Você pode me dar um se quiser."

Respirou fundo. Talvez tenha dormido em algum momento e agora estava tendo um sonho muito estranho.

"Um sonho... É uma boa forma de lidar com algo que não acredita."

Ok, estava começando a se assustar de verdade. Mas se mantinha preso as palavras que iam se formando.

"Qual o seu nome?"

Hesitante em dizer em voz alta, apenas pensou. Ainda desacreditado que seu nome iria aparecer ali.

"Sabo... É um nome interessante. Bem bonito."