Capítulo 10

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Acordando no dia seguinte, ainda se sentia cansado. Não teve sonho algum essa noite.

Enquanto tomava seu chá depois de voltar da faculdade, pensava sobre Law. Ainda não tinha muito sobre ele, principalmente sua aparência.

Chegando ao fim de seu chá, lavou a caneca e seguiu para a sala, se sentando no sofá, pensativo.

Teve sua atenção levada ao próprio reflexo na televisão.

Antes que pudesse pensar muito, lembrou-se do que disse ontem a Law.

Se levantou e foi para seu quarto, alcançando o livro na mesinha ao lado da cama e o abrindo.

— bom dia, Law. — disse com um sorriso de canto.

"Bom dia, Sabo."

— para onde gostaria de ir hoje?

"Não sei. Não conheço os arredores."

— hm... — começou a pensar, ainda de pé, andando de um lado para o outro no quarto. — melhor não ser um lugar muito movimentado... Talvez... Um parque? Uma praça. Tem várias crianças, mas normalmente elas são mais abertas a idéias insanas como a de conversar com livros.

"Parece bom para mim."

Sorriu.

— sim, decidindo então.

Foi para a sala, pegou suas coisas e pôs-se a sair de casa.

Caminhando devagar para conseguir ler enquanto anda. Segurava o livro com cuidado, sentindo a brisa tentando levar as páginas.

— sabe, eu gosto de caminha com você. Mesmo não tendo você fisicamente ao meu lado, eu nunca me sinto sozinho. Antes os dias pareciam monótonos e solitários. Morar sozinho pode ser bem ruim as vezes.

"Por que morar sozinho, então?"

— eu sai de casa aos meus dezessete anos... Eu odiava morar com meus pais. Eles eram... Eles são muito controladores. Sempre me criticando e xingando por qualquer coisa que eu fazia. Eu fugi de casa varias vezes, mas no final, eles sempre iam atrás de mim. — ficou pensativo por um momento, lembrando de momentos de sua infância. — eles me batia dizendo que era pra eu aprender a não fugir. Na verdade, meu pai parecia sempre arranjar motivos para me bater. Rouge sente pena de mim por isso, ela dizia sobre querer cuidar de mim, mas ela não tinha condições, mal conseguia cuidar dela mesma, e ainda tinha que cuidar de Ace. E como eu era "propriedade" de meus pais, ela não podia simplesmente me levar para cuidar de mim. Uma vez minha mãe tentou acusar ela de sequestro... Depois disso eu parei de fugir para a casa dela.

"Sinto muito que tenha tido que passar por isso. Seus pais parecem ser pessoas realmente ruins. Mas você parece não se deixar abalar por isso."

— não deixo. — sorriu de canto. — eu tenho bons amigos. Eles são tudo para mim. Na verdade, são meus únicos amigos. Ace e Luffy me ensinaram coisas que até hoje meus pais não entendem. Eles acham que tudo se trata de poder, negócios e dinheiro. Querendo sempre o topo. Mas são totalmente vazios por dentro. Não tem amor.

"Você é forte. Te admiro por isso."

Riu fraco.

— não precisa. Aliás, eu fugi, não? Eu fugi daquele lugar na minha primeira oportunidade. E da última vez, meus pais não foram atrás. Sterry ainda foi, mas quando me encontrou, riu da minha cara e disse que era estúpido por sair daquela vida de luxo para viver como um rato. Sabe, mesmo eu não me importando, aquilo ficou marcado em minha cabeça. Do jeito que ele dizia, parecia até que ele era feliz vivendo naquela mansão. Como se dinheiro realmente fosse a solução. Será que ele realmente acha que vale a pena chorar todas as noites quando seus pais tem dinheiro? — se questionava como se realmente estivesse em dúvida.

Irrealidade (Hiatos)Onde histórias criam vida. Descubra agora