— Tina, calma. Eu estou aqui com você. — Já fazia uma hora que eu havia recebido a notícia do falecimento da minha tia e o Gui ainda estava tentando me acalmar. Eu continuava sentada no chão, abraçando minhas próprias pernas. As lágrimas já haviam tomado conta de todo o meu rosto, e continuavam incessantemente. Há mais ou menos uns dez minutos, eu comecei a tremer. Todo o meu corpo tremia. Guilherme sentou atrás logo atrás de mim, passando suas pernas ao meu redor e me puxando para perto de si. Ele me envolveu em seus braços e deixou que eu me aconchegasse ali.
Ele não disse uma palavra e eu agradecia a ele por isso. A única coisa que eu queria agora era derramar todas as lágrimas que meu corpo conseguisse produzir.
Cerca de uma hora depois, eu acordo ainda deitada no peito do meu melhor amigo. Ele continuava com as mãos ao redor de mim, e afagava carinhosamente o meu cabelo. Levanto o olhar para ele e ele dá um sorriso fraco e calmo para mim.
— Você está se sentindo um pouco melhor? — Não sei se há como me sentir melhor nesse momento. Há figura de mãe que eu tinha acabou de ser tirada de mim, e eu nunca mais iria vê-la. Meu coração doía tanto.
Fiz que sim com a cabeça e voltei a fechar os olhos. Respirei fundo várias vezes pois sabia que precisava ir até o hospital e resolver uma série de questões para o enterro da minha tia.
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O dia estava lindo. O sol brilhava e o céu estava totalmente azul. Não havia uma nuvem sequer. Não conseguia imaginar um dia diferente para me despedir da minha tia. O funeral havia sido muito emocionante. Todas as colegas de trabalho dela estiveram ali. Amizades que ela havia criado ao longo da vida, todos também se fizeram presentes.
Ninguém conseguia acreditar em como ela havia partido de maneira tão rápida. Muito menos eu.
— Vamos para a casa Tina. — Guilherme está parado ao meu lado, me encarando. Ele não saiu do meu lado por nenhum momento. Eu estava ajoelhada ao lado do túmulo da minha tia.
— Eu não consigo sair daqui. — Baixo a cabeça e as lágrimas ameaçam cair novamente.
— Mas você precisa meu bem. — Viro a cabeça em direção a ele. Guilherme também está com o olhar triste. Ele respira fundo e se ajoelha ao meu lado. — Quando eu tinha uns 5 anos de idade, a minha mãe também morreu. — Arregalo os olhos para ele. Fico muito surpresa, ele nunca havia contado nada disso para mim. — Ela sofreu um acidente de carro. Eu não conseguia sair de perto do túmulo dela, então meu pai ficou muito estressado e acabou quebrando o túmulo. — Ele fecha os olhos e quando os abre novamente, estão cheios de lágrimas. — Eu fiquei muito assustado e comecei a chorar muito. Meu pai saiu dali e me deixou sozinho. Quando ele voltou, estava bêbado e trouxe um litro de cachaça consigo. Ele me... — Gui fecha novamente os olhos e vejo que sua mão se fecha com força. — Ele me puxou pelo braço com força e me arrastou até o carro. Quando chegamos em casa, ele não deu bola para mim. E foi assim desde então. Aquele homem... — Percebo a amargura que sai no tom de sua voz. — Aquele nojento, continuou bebendo noite e dia, até não voltar mais para casa. — Ele se senta no chão, e pega a minha mão. — Tina, sei que é difícil para você. Eu já passei por isso. — Ele desliza seus dedos no meu e fica brincando com minha mão. — Mas você precisa ir para casa. Ficar aqui só vai piorar tudo o que está sentindo agora. — Ele me olha, segura a minha mão e me ajuda a levantar. Passa um braço ao redor da minha cintura e vamos até o carro. Entro no carro e me sento no banco. Uso o cinto de segurança e viro na direção dele.
— Gui... — Eu não conseguia imaginar um menino de 5 anos se virando sozinha na vida. — Como você conseguiu viver sozinho? — Ele abre um sorriso sem graça.
— Minha vizinha acabou me adotando. Ela era a melhor amiga da minha mãe, e não conseguiu deixar que me levassem para um asilo. Então ela me criou junto com seus outros dois filhos. — Fico surpresa com a resposta. Não imaginava isso dele. Ele parece tão bem resolvido com a vida, tem dinheiro, mora em um apartamento lindo, não parece que teve problemas familiares.
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Esquecida
Teen FictionSabe aquelas histórias de garotas que não conhecem seus pais e que acabam por encontra-los ao longo da sua vida fodida e que finalmente vivem como uma grande família feliz? Então, isso é exatamente o que não acontece comigo. Por não ter encontrado m...