— Bom dia! — Olho para o lado da cama e vejo que o Gui passou a noite aqui comigo, me sinto muito grata por tê-lo como meu amigo. Ele abre os olhos ainda meio sonolento. — Tem alguma coisa que eu possa comer de café da manhã? Tenho que ir aquela escola. — Suspiro, pois não gosto.
— Hã. — Ele esfrega seus olhos com as mãos em uma tentativa de acordar. — Sim, abra a geladeira e coma o que quiser. — Ele vira de lado e continua a dormir. Levanto da cama e vou até a cozinha.
Nossa! A geladeira dele é lotada de comida, não seria nenhum pouco ruim passar mais uns dias aqui... mas acho que a minha tia gostaria que eu cuidasse da casa dela. Arg.! Não quero pensar nisso agora.
Pego uma maçã da sua geladeira e preparo uma xícara de cereais para mim. Em seguida volto para o quarto, para trocar de roupa.
Trouxe uma calça moletom para usar, não estava nenhum pouco afim de me arrumar hoje, ainda dói muito a perda da minha tia e eu com certeza não sei o que vou fazer da minha vida.
Visto uma blusa preta e começo a vestir a minha calça, quando sou surpreendida pelo Gui.
— O que você pensa que está fazendo? — Ele levanta da cama e vem em minha direção. — Pode parando, use está calça jeans fazendo o favor, não vai voltar para essas suas calças. — Reviro os olhos e sinto minhas bochechas queimarem, não fazia ideia de que ele estava me observando. — E eu vou levar você até a escola. — Ele vira as costas para mim e vai até o seu quarto, trocar de roupa eu imagino.
Em menos de meio minuto eu estou pronta o aguardando.
Guilherme me deixa na escola e eu vou enfrentar mais um dia naquele lugar tóxico.
A manhã passou rápida como sempre, sem nada de mais, a única diferença é que agora as pessoas me olhavam com pena, e isso parecia me irritar ainda mais.
Assim que a aula acabou eu saí o mais rapidamente da escola, e quase que por extinto, comecei a caminhar diretamente para a casa da minha tia, mas depois que dei alguns passos gelei no lugar. Como seria agora? Eu teria que morar sozinha?
Do lugar onde estou consigo ver a porta da casa. Fico encarando-a por um bom tempo, imaginando que talvez a minha tia não tivesse partido, esperando que ela abra a porta e abane para mim. Droga! Aquilo nunca mais iria acontecer. Contenho as lágrimas que novamente insistem em cair.
Respiro fundo. Uma. Duas. Três vezes.
Então sim, agora seria isso. Eu cuidaria da casa da minha tia, assim como eu sei que ela gostaria que eu fizesse. Ela me deu um lar, ela me acolheu. Essa casa era o meu lar e minhas únicas lembranças felizes estavam todas ali.
-
A parte mais difícil foi entrar pela porta sozinha. A casa estava arrumada do jeito que a minha tia havia deixado antes de falecer. Sentei no sofá e fiquei encarando a porta retrato que estava em cima do rack da televisão. Minha tia me olhava docemente para mim enquanto eu dava risada com o nariz e uma de minhas mãozinhas cobertas com chantilly. Era o meu aniversário de 2 anos, e é claro que Karina havia feito um bolinho para mim. Sempre foi preocupada com os mínimos detalhes e dizia que eram eles que faziam toda a diferença.
A campainha toca.
Pego a pizza das mãos do entregador e volto para o sofá. Eu sei cozinhar, mas não tinha a mínima vontade de fazer isso no momento. Pedir alguma coisa pronta me pareceu a melhor ideia, então, como a minha pizza enquanto continuo encarando alguns pertences da minha tia.
A campainha toca novamente.
Que estranho. Será que o entregador esqueceu de me deixar alguma coisa?! Fico com receio de abrir a porta e a campainha toca novamente. Ora, se for algum assassino eu até que iria gostar de sair dessa vida também.
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Esquecida
Teen FictionSabe aquelas histórias de garotas que não conhecem seus pais e que acabam por encontra-los ao longo da sua vida fodida e que finalmente vivem como uma grande família feliz? Então, isso é exatamente o que não acontece comigo. Por não ter encontrado m...