Parte 2

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Bright não era medroso, mas viajar de avião não era lá o melhor passatempo. Quando viajou com Win para outras cidades nas inúmeras viagens que fizeram, decidiram ir de ônibus. Win sempre entendia Bright. Os seus medos, os seus sentimentos. Ele era muito compreensivo e aquilo só mexia um pouco mais com o coraçãozinho de Bright.

Quase três semanas depois de Bright receber o e-mail, eles estavam no avião, já que ir para Las Vegas de ônibus não era uma escolha, até porque, o hotel responsável pelo tal concurso havia comprado as passagens para um voo. O tal hotel, inclusive, realmente cuidou de tudo, e Win esperou que fosse algum tipo de golpe, até. Mas não. Era real e ele teria que fingir ser o namorado de Bright por uma semana inteirinha. Não estava ligando para aquilo, porém. Embora o seu coração batesse mais forte pela ansiedade, não enxergava aquela situação de forma especial. Bright era o seu melhor amigo e não havia nenhum sentimento romântico ali. Para Win, tudo aquilo era uma brincadeira.

As passagens foram compradas, os quartos do hotel reservados, o e-mail lido duas, quatro, seis vezes, ligações recebidas e dadas. Bright estava pronto para vomitar e colocar qualquer órgão para fora. Nervosismo era pouco para o que estava sentindo, e, sendo bem honesto, quando colocou os pés no aeroporto, o arrependimento bateu. Ele se perguntou onde estava com a cabeça para fazer uma coisa daquele tipo. Aí, ele olhou Win, sorrindo, animado enquanto embarcava, os óculos escuros nos olhos e a risada engraçada dele saindo a todo instante. De repente, todo o resto deixou de ser importante.

— Eu com certeza vou tomar banho de banheira. — Disse Win, elétrico. Eles já estavam sentados nas poltronas do avião, com Bright no meio e Win na janela, já que se olhasse para o céu seria capaz de ter mais um ataque de pânico ao perceber que o chão não existia ali. A cadeira ao lado estava vazia. Na verdade, o voo não estava cheio. — Pobre é assim, você sabe. Quando tem a oportunidade de ser rico, aproveita.

Bright riu da fala dele, o corpo tenso e travado na poltrona. A cabeça estava deitada, parada, os olhos fechados. O avião estava prestes a decolar e Bright só queria ter tomado um calmante para dormir a viagem toda, no entanto, Win não o deixou que fizesse aquilo, alegando que não passaria horas sozinho de jeito algum.

— Quer segurar a minha mão? — Perguntou Win. Ele não parava de falar e, de certa forma, Bright o agradecia por aquilo. Era uma forma de distração.

Win estendeu a mão e Bright a segurou sem pensar duas vezes. Se não estivesse tão nervoso, não a seguraria, porque Win perceberia, de algum jeito, que ele estava nervoso não pela viagem, mas por causa daquele que estava ao seu lado. Porém, como a mente não trabalhava muito bem naquele momento, Bright agarrou a mão dele, apertando, e Win nem se incomodou com o suor, apertando a mão do melhor amigo também. Bright sorriu pequeno de olhos fechados. Ele sempre ficava admirado com Win, com o jeito que eles se tratavam, como era a amizade deles. Era para a vida inteira e além dela.

A decolagem foi anunciada finalmente e Bright esperou a morte ou, no mínimo, o desmaio. Para a sua sorte, foi uma decolagem tranquila e ele relaxou quando já estavam voando confortavelmente, com o céu limpo e sem nuvens, dando a expectativa para eles de voarem sem alguma turbulência no caminho.

As mãos se soltaram quando a aeromoça ofereceu água e lanches. Win comeu alguma coisa e ele estava tão animado com tudo que Bright esqueceu que poderia despencar, o observando e sorrindo como um tolinho. Ele não quis comer nada e perguntou ao amigo se poderia tomar um calmante finalmente. Win negou com a cabeça. Bright decidiu pensar que Win gostava muito da sua companhia — o que era totalmente verdade.

O hotel em que se hospedariam era mesmo luxuoso. Na verdade, ele era o hotel mais famoso de Las Vegas. Win se achou no direito de parecer impressionado e não fechar a boca enquanto admirava o local, quase tropeçando nos próprios pés enquanto a cabeça observava cada canto daquele lugar. As piscinas, as luzes, o jardim, o tamanho do hotel, a sofisticação, a educação das pessoas. Absolutamente tudo ali era luxuoso e Win nunca pensou que colocaria os pés em um lugar como aquele. Apesar de estar vestido arrumado, ainda não se viu adequado para estar ali. Queria mesmo era entrar no quarto, tomar o banho de banheira que sempre quis, dormir a noite toda para descansar e acordar novinho em folha no dia seguinte.

Aconteceu em VegasOnde histórias criam vida. Descubra agora