Aconteceu em Vegas

Parte 3

Win achou mesmo que fazer parte daquela campanha seria algo tranquilo, mas acabou não sendo como esperava. Em primeiro lugar, teria compromissos durante todos os dias, com exceção da sexta, ou seja, teriam apenas um dia para conhecer e aproveitar Las Vegas como ela merecia e como eles queriam. Win, de início, ficou frustrado, até que percebeu que, de alguma forma, estava aproveitando a viagem, mesmo com todas aquelas responsabilidades. Além do mais, ele estava com Bright e com ele tudo era perfeito.

Bright, por outro lado, de alguma forma, deixou de ser o idiota sem coragem. Win estava ali, o seu amor, o seu namorado de mentira, e ele se viu na obrigação de não deixar aquela oportunidade passar sem que aproveitasse, até porque, Win também estava sabendo aproveitar, pelo menos, era o que ele estava demonstrando quando havia pessoas por perto, fosse com sorrisos apaixonados em sua direção, selinhos sem que pedissem e mãos dadas a todo momento. Bright ainda pensava no beijo. No primeiro beijo. Não era para ter sido daquele jeito. Era para ser real, apenas os dois, sem uma câmera registrando o momento ou um flash em cima dos dois. E não era para ninguém estar olhando. Aconteceu tudo ao contrário, claro. No momento, foi bom. Foi maravilhoso. Bright pôde beijar aquela pessoa que gostava depois de tanto tempo apenas sonhando. Foi incrível, apesar de tudo.

Como o esperado, de manhã cedo do dia seguinte, eles se prepararam para a primeira sessão de fotos. Coisa simples. Apenas algumas fotos na varanda do quarto deles, abraçados, como se estivessem em lua de mel, enquanto o "felizes para sempre" acontecia. Antes que a equipe responsável chegasse, eles conversaram.

— Tudo bem? — Bright perguntou. Não era porque estava se sentindo bem com aquela situação que deixaria de se preocupar com Win. — Tá confortável com isso?

— Eu achei que já tivesse mandado você relaxar. — Ele respondeu. Estava encostado na parede do quarto, uma xícara de café na mão, os olhos em um Bright sentado na cama, terminando de amarrar os cadarços do tênis. — Não sei você, mas eu tô começando a tratar isso como um trabalho e não como um concurso. Lembra? Eu disse que é como atuar.

Aquelas palavras martelaram na cabeça de Bright por longos segundos.

"É como atuar"

Tinha como ser mais doloroso?

Win não tirava os olhos dele. Não era só Bright que não parava de pensar no beijo, aliás. Não que Win fosse apaixonado por Bright, nada a ver, o problema mesmo era a vontade que tinha de beijá-lo mais uma vez e ele nem mesmo entendia o porquê. Tudo bem, talvez Bright beijasse maravilhosamente bem e agora estava querendo mais um pouco, afinal, não tinha tempo para ficar com alguém com o trabalho corrido, então... talvez fosse aquilo. Estava na seca e disposto a aproveitar os momentos íntimos com Bright.

— Eu sou o seu namorado a partir de agora. — Disse Win e a lembrança do almoço no shopping veio à tona para Bright, que sorriu tranquilo quando, de fato, percebeu que era como atuar. Se Win não estava levando a sério, ele também não levaria. Era só... atuar. Win não desconfiaria que no fundo queria fazer todas aquelas coisas de verdade.

Ao contrário do que Bright pensou, quem tomou as atitudes foi Win. Foi ele quem recebeu a responsável conhecida e os fotógrafos. A equipe de maquiagem trabalhou rápido e em menos de meia hora tudo estava pronto. Como já havia sido dito na reunião do dia anterior, naquela manhã em questão, eles tirariam as fotos no quarto. Se posicionaram na varanda, o sol batendo ali, o céu limpo e sem nuvens, os prédios ao redor. Tudo estava perfeito, e ainda que estivessem tensos, eles agiram como se não estivessem.

Nem Bright, nem Win, haviam participado de uma sessão de fotos antes, e mesmo que não soubessem exatamente o que fazer, eles se saíram melhor do que esperavam. Era como tirar uma foto normal, entre amigos, em uma casa de praia ou em qualquer outro lugar que frequentavam, tirando a parte de ter que parecerem apaixonados.