PARTE III - DA ESCURIDÃO À LUZ

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Nonagésimo-Oitavo e um juíz caminharam por um corredor úmido e escuro, iluminado em um ponto ou outro por luzes muito fracas e oscilantes. Passaram por três portas que continham seus respectivos números - 1, 2 e 3 - as quais se podia notar por baixo que havia iluminação nos cômodos que localizavam-se atrás delas, seguiram e entraram numa última sala que ficava a cem metros, à esquerda, das demais. Era uma sala, assim como o corredor, com pouca iluminação. Sentaram-se frente a frente, separados por uma mesa de alumínio, e despejaram em cima dela uma pilha de papéis - entre eles alguns hologramas que pairavam sobre a mesa eram projetados. Ambos paginaram folhas, olharam os hologramas com mapas e rostos e fizeram anotações por horas. Em uma parede a qual havia um tipo de placa de ferro escura, eles colocaram alguns recortes e as anotações de tudo o que observaram naqueles documentos.

- Já temos tudo o que precisávamos? - perguntou Nove-Oito.

- Nem tudo - respondeu o juíz - falta um ainda. Esse não conseguimos localizar, mas acreditamos que podemos estar perto disso. Se o ponto de encontro dimensional for realmente onde os documentos nos levam, não vai demorar pra termos o que queremos.

- Okay! Deixe-me atualizado sobre tudo.

- Farei isso.

O juíz deixou a sala e em seguida uma outra pessoa entrou.

- Senhor?

- Entre! - ordenou Nonagésimo-Oitavo, cabisbaixo, enquanto analisava algo importante em um dos papéis.

Uma moça esbelta, de cabelos escuros cacheados e pele negra adentrou a sala. Sentou na cadeira onde outrora estava o juíz. De forma provocante e ereta cruzou as pernas.

- Se estiver ocupado posso voltar outra hora.

- Aaah... não é preciso - disse ele levantando sua vista - não percebi que era você. Me desculpe! Já disse que pode me chamar de Daylon, meu nome.

- Como anda a missão?

- Starlla, sabe que é confidencial - respondeu Daylon num tom de repreensão.

A moça assentiu. O rapaz se dirigiu até o mural de informações, apesar da reprovação por parte dele a princípio, e mostrou com o indicador o que minutos antes o juíz havia lhe mostrado. Havia um mapeamento de uma zona onde se notavam prédios gigantescos e fotos de muitas máquinas com tecnologias desconhecidas; aquele seria o lugar onde eles encontrariam a pessoa a qual estavam procurando, segundo o juíz. Explicou para ela que era uma área desconhecida ainda, então levaria algum tempo para que em uma futura expedição eles pudessem analisar o local de perto. Fora a incerteza de qual seria a possível pessoa que eles estavam procurando, ir além desse ponto de encontro era arriscado demais.

- Isso é aterrorizantemente incrível - comentou Nove-Oito admirando as anotações.

- Isso é arriscado!

- Também. Mas é nossa única chance. Se não nos libertarmos da Bastileza, isso nunca terá fim - disse ele - e para isso precisamos encontrar o terceiro. Vamos treinar um de nossos peregrinos¹¹ o máximo que podermos.

- Não poderíamos simplesmente ficar aqui para sempre, sem pensar na Bastileza ou nessas viagens dimensionais?

- Sim, poderíamos. Mas e as pessoas lá em cima? Seriam massacradas até que o Único conseguisse chegar aos nossos aliados - disse ele - não demoraria muito para que eles sentissem nossa falta e nos achassem aqui no Ponto Cego. Espera! O que foi isso em seu rosto? - Daylon percebeu um corte no rosto da moça.

- Foi um imprevisto, só isso - respondeu a moça.

- E Curatt? Acha que não sentirão falta dele na hora da contagem?

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