Begin Again

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Estar de volta era estranho. Há muitos anos Ilka não permanecia em Londres mais de um mês e agora ela estava ali, aproveitando seus últimos momentos em seu apartamento, enquanto empacotava seus pertences.

Duas semanas separavam a Grindelwald do começo do ano letivo de Hogwarts, e ela havia decidido vender o apartamento que possuía e comprar um lugar menor, em Hogsmeade, onde ficaria mais próxima de seu trabalho. Não sabia ao certo se passaria todas as noites lá ou somente os fins de semana, mas era fato que seria impossível manter o seu apartamento de Londres.

Guardava os últimos livros presentes na estante da sala quando ouviu um barulho estranho atrás de si.

As cortinas se movimentaram repentinamente, como se uma forte corrente de vento tivesse entrado pela janela e Ilka sentiu seus cabelos baterem contra o seu rosto. A madeira do piso rangeu atrás de si e ela enfim se virou, tentando entender o que estava acontecendo.

Não conseguiu interpretar imediatamente.

Era um homem que estava parado no meio da sala vazia, observando-a sentada ali no meio de um amontoado de caixas. Ilka não conseguia entender como ele havia entrado. Ele aparatou para dentro de seu apartamento ou entrou como um borrão pela janela? A segunda opção explicaria a corrente de ar repentina.

O homem trajava uma capa preta, que cobria sua cabeça e sombreava o seu rosto, dificultando o seu reconhecimento. O pouco de pele que tinha a mostra revelava que ele era de um tom pálido quase doentio, e seus olhos vermelhos brilhavam na escuridão do capuz.

Ilka levantou-se imediatamente e adotou uma postura defensiva, sacando sua varinha e apontando para aquela figura desconhecida.

– Quem diabos é você? – Perguntou, com o queixo levantado e a varinha apontada para aquele homem.

Ele não respondeu. Levantou suas mãos, como alguém que quer demonstrar rendimento e retirou o seu capuz.

Os cabelos escuros continuavam da mesma maneira que Ilka se lembrava, não muito curtos e sempre bem penteados. Sua estrutura física continuava a mesma, mas o seu rosto estava notavelmente mais magro e mais pálido. Os olhos não eram mais os mesmos que Grindelwald se recordava, inclusive era o que mais se distanciava de suas lembranças.

Eram vermelhos. Não vermelho escuro, como vinho, mas um vermelho brilhante e chamativo, como sangue. Não teve dúvidas, aqueles traços tão distantes de sua memória eram uma consequência das Artes das Trevas que Riddle havia sem dúvidas abusado.

– Pensei que me reconheceria com mais facilidade, Ilka – disse ele, ignorando a varinha ainda empunhada da mulher e caminhando pela sala que um dia ele já dividira com ela. – Está de mudança?

– Talvez eu até reconhecesse se não estivesse tão deformado – respondeu, finalmente recolhendo sua varinha. – O que faz aqui?

– Soube através de alguns de meus seguidores que você estava de volta a Londres e pensei em fazer uma visita – disse e se aproximou de Ilka, que permanecia estática.

– Seguidores? Quer dizer Walburga? – Perguntou, sentando-se na poltrona que era protegida por uma malha escura.

– Pode parecer estranho para você, mas estou formando um grupo, Ilka, e estamos ganhando cada vez mais visibilidade.

– É por isso que veio aqui, Riddle? Para contar vantagens dos seus feitos? – Questionou, com a sobrancelha arqueada, encarando o seu ex-noivo com desprezo.

– Não, Ilka, vim aqui porque queria te ver – admitiu, aproximando-se da mulher.

Estava claramente confusa com a declaração. Não esperava cruzar com Tom novamente, havia problemas demais na relação dos dois e Riddle era extremamente orgulhoso, não esperava que ele iria voltar a procurá-la, ainda mais levando em consideração a maneira como haviam terminado.

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