Furtador de corações

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{ Sugiro que escutem a música da mídia, apartir do parágrafo onde a primeira letra está em Negrito. }

{Este ainda não é o capítulo erótico}

Um ano já se passou desde a minha pegação dentro do carro, junto do motorista tatuado. Se eu disse que não tentei achá-lo nas redes sociais durante esses meses, seria uma enorme mentira - Instagram, Facebook, até mesmo no TikTok me arrisquei a encontrá-lo - porém, tentativas falhas, todas sem sucesso.

É quase impossível que no século que estamos, um homem gostoso, daquela idade não tenha nenhuma rede social, mas se tiver, devo admitir que meus dotes de FBI não foram o suficientes para encontrá-lo.

Me envolvi com outros homens - até mesmo, mulheres. - Mas, nenhum deles me proporcionaram as sensações inebriantes que aquele homem me trouxera no banco de seu carro.

Sempre acreditei fielmente no destino, e jurei que tudo aquilo foi obra do mesmo, para nos juntar-mos. Apesar de toda o desejo que me sondou naquele momento de avidez, senti que não era a hora certa de me entregar, por mais excitante que fosse a situação que nos encontrávamos.

Pusera em minha mente que o destino iria nos unir novamente, para concluir o que havíamos começado, mas creio que estava redondamente enganada. Seis meses depois, e nenhum retorno do destino, se até hoje não nós encontramos, duvido que meus desejos se profetizem.

Chega a ser completamente estranho, eu nutrir desejos por um homem desconhecido, o qual só o vi uma vez, em circunstâncias não tão favoráveis, se levarmos em conta que ele xingou-me, ao condundir-me com sua ex namorada.

Uma bela ironia, se levar em conta que comecei a noite odiando-o por seus feitos, e terminei em um mar de lascívia, querendo a todo custo sentar naquele homem, ao ponto de nem mesmo um guindaste conseguir tirar-me de cima dele.

Pergunto-me, quase todas as noites, se ele sequer lembra de mim? Se sente vontade de me encontrar novamente, ou apenas seja uma fantasia carente de minha imaginação. Por que estava tão vidrada em um desconhecido?

Tantas perguntas, nenhuma resposta! A única certeza que carrego, é a que ainda sinto seus apertos em minha pele, as vezes me assombra em sonhos eróticos, onde ele me toma para si em seu carro, me comendo em todas as posições possíveis.

Sua pegada era firme e decidida, de uma maneira que jamais havia experimentado com qualquer outro homem que me envolvi, o que me assusta ainda mais, é o fato de ter sido apenas um beijo.

Apenas um beijo, nada além disso.

Tem dias que me sinto uma estúpida por ainda pensar nele, me senti marcada por suas digitais e por seu cheiro másculo.

Afasto mais uma vez esses pensamentos enquanto me arrumo para um desastroso jantar em família na casa de minha mãe. Se fosse apenas nossa família seria ótimo, porém alguns parentes - arrogantes, os quais não me aceitam por ser bissexual, estaram presentes -, não vejo a menor necessidade de convidá-los, porém minha mãe crê de que a família é o nosso porto seguro. E eu concordo plenamente, porém minha família são aqueles que me acolhem e me aceitam da forma que eu sou, da forma que escolhi viver, todos aqueles que me condenam, que me julgam, não passam de pessoas inconvenientes, as quais não faz diferença miúda em minha vida.n

Sou muito bem resolvida com minha sexualidade, não sou um monstro, quanto menos uma pessoa possuída por espíritos malignos, como algumas pessoas de minha parentela alegam. Sou uma mulher de mente aberta, que escolhi viver sem barreiras, abraçando a forma como sou, e como escolhi ser.

Após terminar de me arrumar, contemplei-me em frente o espelho, admirando a mim mesma. Desci as escadas de casa, pegando as chaves de casa, ajoelhando-me em frente a imagem de Nossa Senhora Aparecida, fazendo uma breve oração, pedindo proteção a ela.

Ardência Sobre Rodas (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora