-Outro aluno foi pego no corredor falando absurdos à um nascido trouxa - comenta albus um tempo após o mestre de poções adentrar seu escritório, não evitando o tom preocupado em sua declaração.
- Isso sempre foi assim, desde que me recordo - severus o responde com a calma fachada de sempre.
- De fato, mas parece que agora eles nem fazem mais questão de esconder! como se tivesse se enraizado a ponto de ser natural - reflete o diretor, enquanto alisa sua grisalha barba entre os dedos, um hábito que havia adquirido quando ficava nervoso.
- E eu imagino que você pretenda fazer algo sobre? - questiona severus, não aparentando se importar com a situação tanto quanto albus.
- Estive sim considerando o assunto, e cheguei a conclusão que não adiantaria lidar com isso com severidade, são adolescentes afinal! devem ser tratados como tal se quisermos que ouçam-nos, o que você acha de uma festa? - propôs albus, fazendo com que uma das sobrancelhas do professor se levantem calmamente.
- Não vejo como uma festa possa ter relação com o problema atual, albus - não se pôde deixar de notar o leve tom de escárnio em sua voz.
- Veja bem, severus, não seria uma festa comum. Mas sim, com uma temática trouxa! ao invés de cerveja amanteigada, será servido bebidas trouxas, assim como no resto das atrações. Músicas, danças, comidas, decorações... todas inspiradas na cultura trouxa. - o brilho no olhar do diretor era refletido por trás dos óculos de meia lua, demonstrando o quanto ele estava animado com aquela ideia.
- E você deixaria os alunos, mesmo que do último ano, fazer tais coisas dentro da escola? - a indignação não passa despercebida na voz de snape.
- Oh meu caro, eu não teria nenhuma relação com dita festa ou o que acontecerá na mesma, pode se dizer que "um passarinho verde" deu aos alunos tal ideia, como diz aquele velho ditado trouxa. - albus murmura com falsa inocência, ganhando mais um arquear de sobrancelha do professor de poções, que logo abana sua mão no ar em descaso, deixando o escritório de dumbledore.
Agora sozinho em seus aposentos, o canto dos lábios de albus se esticam em um micro sorriso enquanto a mente do diretor vagueia por sua mais recente idéia, "oh sim, isso há de terminar bem..." reflete consigo mesmo, se permitindo até sorrir orgulhosamente de si, contente que tenha chegado a essa conclusão.
Só o que lhe restava era bancar o "passarinho verde", e provavelmente parar de usar tantos ditados trouxas, apesar do quão viciantes eram. Sim, isso teria de dar certo.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
O peso do mundo estava atualmente alojado nos ombros do menino que sobreviveu, nunca em tanto tempo ele havia se sentido tão exausto, como se a qualquer momento ele fosse simplesmente pifar.
Há alguns anos atrás a sensação de voar teria lhe aliviado desse sentimento tão angustiante, mas no tempo atual, nem a prática tão adorada pelo garoto estava resolvendo. Nada parecia ter importância ao mesmo tempo que todas suas responsabilidades e expectativas (principalmente dos outros para com ele) pesavam em seus ombros, causando dores em seus músculos por mantê-los tensos por tanto tempo.
Ambos seus amigos, Ron e Hermione pareciam estar dividos entre forçar Harry a colocar todas suas angústias para fora ou deixar que o garoto tenha seu espaço, apesar de não parecerem ter escolhas, já que o mesmo andava tão disperso que nem notava a presença ou ausência dos amigos.
Harry sabia que aquilo os magoaria, mas não conseguia evitar se isolar de todos, até mesmo de Lupin, seu professor que ele tanto considerava parte de sua família.
Observando bem, não apenas Harry mas grande parte dos alunos pareciam esgotados, todos tinham perdido aquele brilho no olhar e feição saudável dos anos anteriores, sendo substituídos por uma expressão sombria e cansada, até mesmo os sonserinos, tão conhecidos por suas máscaras que escondiam qualquer fraqueza, apresentavam alguns sinais de desgaste, menores do que os outros, mas ainda assim perceptíveis.
Os banquetes no Grande Salão, as aulas em que demonstravam suas habilidades, as criaturas fantásticas, nada disso parecia tão incrível agora que o mundo vinha aceleradamente perdendo sua cor, adquirindo um tom acinzentado e escuro, os avisando dos eventos nada agradáveis que estavam por vir.
E foi por esses últimos acontecimentos que o rumor de que os alunos do último ano de todas as casas estavam planejando uma festa veio tanto a calhar, mesmo para Granger que odiava ter de quebrar as regras.
Ela mesma podia admitir que uma distração ia ser bom para aliviar Harry das responsabilidades do dia a dia, talvez assim ele até mesmo possa viver como um adolescente normal, mesmo que só por uma noite.É, refletiu a grifinória, talvez essa festa ajude a recobrar um pouco da vida que já existiu um dia em Hogwarts, pensou com uma pontada de esperança crescendo em seu peito, que logo começou a murchar enquanto de longe ela avistava seu amigo harry, voando em sua firebolt, nem se importando em ajeitar os óculos que se aproximavam cada vez mais da ponta de seu avermelhado nariz, ou talvez ele nem estivesse sentindo incômodo por isso, já que seu rosto não passava nada além de melancolia e um olhar frio e, ela adoraria não pensar isso, mas sem vida. Era assim que Potter se parecia, como alguém que não mais tinha ânsia de viver. Uma ruga de preocupação tomou conta da face de granger, mas ela logo tratou de esconde-lá, visto que nada podia ser feito sobre o assunto.
Com um suspiro desencorajado, ela caminhou de volta para dentro do castelo, procurando algum livro para se enterrar e fingir, por um breve momento, que não existiam preocupações.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Nas masmorras do castelo, lar dos astutos, um perturbado Draco Malfoy observava os sereios e a Lula Gigante que passeavam no Lago Negro, mesmo lago que causava a iluminação esverdeada na Sala Comunal da casa das cobras.
Por mais que não tenha consciência disso, draco se encontrava em uma situação parecida com a de seu arqui-inimigo, se diferenciando apenas por conseguir esconder tais sentimentos atrás de uma expressão de desgosto e desinteresse, típica do mesmo, tão natural a ele quanto nadar é natural à um peixe.
Sua face carregava calma mas sua mente estava inquieta com enumeras possibilidades, uma pior do que a outra, do desfecho de sua vida.
Ele estava com medo, mesmo que nunca admitiria, e como não acontecia em anos, estava só. Claro que estava, após todo o caos que foi a prisão de seu pai e a perda de honra de sua família perante o Lorde das Trevas, seus amigos foram obrigados pelos próprios pais a se distanciarem de malfoy, e os mesmos sem muitas opções, apenas obedeceram.
E aqui estava ele, um deprimido loiro com uma cara de doente, olheiras fundas em seus olhos entregavam que suas noites de sono já não eram mais as mesmas, o tom ainda mais pálido de sua pele já branca dizia o quão sua saúde deixava a desejar. E a pior das características dele, seus olhos, que quando menor carregava uma superioridade e orgulho digna apenas de um Malfoy, agora estavam vazios, assim como os de Harry, ambos com olhos mortos, sem anseio por vida.
É um fato que a notícia da festa que estava sendo planejava tinha por um momento feito as feições de Malfoy brilharem, mas durou pouco quando ele se relembrou que iria aquela festa sozinho, sem a presença irritante de pansy e a calmaria de blaise, que agora o fazia tanta falta.
Então ali, sentado em frente ao temido lago negro, o sonserino desejou ter o que o garoto de ouro tinha.
Um amigo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
I know that you got daddy issues - drarry
FantasiaOnde, em uma tentativa desesperada de introduzir a cultura trouxa aos bruxos, Albus Dumbledore instiga seus alunos do último ano a fazer uma festa na temática trouxa, em que as bebidas, comidas, danças e músicas são voltadas a cultura dos trouxas. H...