Primeiro

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Notas do Autor

Não faço a mínima ideia se alguém lerá esse surto de fanfic MAS:
Sou um bebê no fandom de tokyo revengers (me sigam no twitter para gente papear sobre @ jojosuyasu), li o mangá compulsivamente e quando cheguei na parte dos kazufuyu no pet shop me rendi completamente a esse ship ❤️ escrevi essa fanfic em dois dias, sem pensar muito, usando melhor sozinha da Luísa Sonza como inspiração hahaha a fanfic acabou com uma vibe diferente da música, mas ela foi importante no processo criativo. Caso alguém ainda não tenha escutado, eu recomendo bastante.

Considerem essa fanfic um universo alternativo do universo do pet shop haha e perdoem os possíveis erros! Mas se algo ficar muito confuso me avisem, combinado? No mais, espero que gostem!

Desde a infância, Kazutora sentia que não havia lugar para ele no mundo. As memórias dessa época eram difíceis de acessar, fragmentadas como um quebra cabeça complexo demais de completar, as imagens de um punho erguido se sobressaiam e desfocavam todo o resto, entretanto se lembrava perfeitamente da sensação de viver com estranhos conhecidos e da ânsia por encontrar um espaço, longe de casa, que pudesse chamar de seu.

Por um tempo achou que havia o encontrado na Toman. Sentia falta da época que eram apenas eles contra o mundo e da segurança de ser guiado pelo forte e carismático Mikey, era quase como um sonho. Um sonho distante, inalcançável, que já não fazia mais parte de sua vida.

Apesar de viver em uma fantasia constante, onde era a grande vítima dos infortúnios que seguiam sua vida, deixou de sonhar após perder o mais próximo que tivera de um lar. Só lhe restou Baji. Baji e a culpa que compartilhavam - embora Kazutora, preso em um mundo distorcido, insistisse em tentar se desprender dela -, conectados para sempre por um pecado que nunca poderia ser esquecido.

Então não havia mais Baji. Não havia mais cartas longas, numa caligrafia desleixada, expressando simpatia, carinho, saudade, preocupação. Não havia mais olhos castanhos que suplicavam pelo antigo Kazutora de volta, mas que entendiam que eles nunca mais seriam os mesmos. Não havia mais o resquício de conforto que apenas ele conseguia proporcionar. Embora o sacrifício dele tenha feito com que Kazutora recuperasse a Toman, não se encaixava mais ali.

Sentiu alívio ao assumir a responsabilidade de seus atos e apesar de perder a liberdade, acreditou que agora - livre dos delírios que o impediam de encarar a realidade - estaria no lugar em que sempre deveria estar. Trancafiado no reformatório de onde nunca deveria ter saído. Todavia, até mesmo nele sentia-se avulso, inadequado.

Ao colocar os pés na rua pela primeira vez em 10 anos, ficou perdido em uma velha e conhecida sensação: não havia um lugar para ir. Apesar de ter conseguido o perdão de Mikey e recuperado o apoio dos amigos, não achava certo colocar o peso das escolhas, que agora reconhecia que havia tomado, seja de forma consciente ou não, nas vidas deles. Não gostaria de interferir. Precisaria dar um jeito sozinho. Seria melhor para si e para todos se permanecesse só. Foi o que pensou, até ele aparecer.

- Precisa de carona? - a voz estava mais grave do que se lembrava, mas ainda possuía a suavidade de antes. A suavidade que Baji tanto gostava.

Não entendia o que ele fazia ali, com o carro estacionado em frente ao centro de detenção, e justificou a decisão de aceitar a oferta pelo estado confuso em que ficou.

- Obrigado - murmurou enquanto ajeitava o cinto de segurança e permaneceu de cabeça baixa mesmo após terminar. Constrangido demais para retribuir o olhar intenso que sentia sobre si.

- Você tem para onde ir?

Enfiou as unhas nas palmas das mãos, se concentrando na dor para impedir que a ansiedade crescente ganhasse todo o foco de sua atenção. Reprimiu o impulso de negar, precisava pensar rápido em um lugar. Pensa, pensa, pensa.

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