BODACIOUS! {HyoJ Fanfiction}

15. Entre poetas e poesias, finalmente, eu afundo.

Eu não sabia como era. Não fazia nem ideia de todos os percalços da vida de Seungjun. O jeito como estava sensível à minha frente, não fazia nenhuma conexão ao Alpha de antes. Como se o verdadeiro Seungjun estivesse todo esse tempo preso e enclausurado em uma casca, que já não existia mais.

Velando seu sono e acariciando seu rosto, me pego lembrando de sua audição. Aquela teria sido, talvez, a primeira abertura. O desmanche de anos e anos, sendo alguém que não se era realmente. Finalmente estou conhecendo o verdadeiro e amável Seungjun, cujo qual me apaixono mais a cada dia. Estou afundando. É estranho.

Não quero pensar mais. Chega de tentar entender o que se passa comigo ou sobre como cheguei aqui. Gostar de alguém era místico e não exigia que as razões fossem explicadas. Não existem receitas, leis ou manuais, o que eu sinto passa longe dessa superficialidade. Gosto dele e isso envolve apenas nós dois. Eu só quero admirar e guardar cada centímetro dele em meu subconsciente. Algo que estou fazendo agora mesmo.

A respiração é pesada e aquece minhas bochechas. A pele é macia sobre minhas digitais. A franja cai e incomoda os olhos, tão delicadamente fechados. Suspiro e subo os dedos. Passando pelas bochechas, a ponte do nariz, depois pelas pálpebras e cílios frágeis, para enfim chegar no cabelo preto e ajustá-lo para o lado. Faço um leve carinho e ele me assusta quando sobe o rosto de repente.

É tudo tão próximo que sinto seus lábios roçarem nos meus. Recolho-os, instintivamente, e arregalo os olhos. Ele ainda está dormindo. Em contrapartida, são minhas marés que despertam. O arrepio que sobe incontrolável pela minha espinha é devastador. Afunda meu coração e afoga meus pensamentos. Respiro fundo porque sei que, aquele simples toque de lábios, era o início de meus desejos mais profundos. Estranhamente, eu queria mais.

É pensando sobre isso, tendo Seungjun ali comigo, que adormeço. Esfrego nossos rostos, me aproveitando o máximo que posso, e caio em um sono profundo. Sonho com nuvens me tomando e engolindo, me carregando e afastando do menino em meio ao campo florido.

E, de repente, éramos miúdos em um mundo de gigantes fardados de terno. Seungjun gritava para fugirmos dos pés lustrosos e colossais, maldosos em tentar nos esmagar, e eu tinha escolhido lhe ouvir, correndo sem rumo. Lembro de cair em choro quando olhei para trás e não o encontrei.

Não importava como fosse ou em que cenário estivesse, eu cruzava todos os caminhos com ele. No entanto, não conseguíamos trocar o contato que nos salvaria de todos os terríveis fins. O selar que nos uniria e espantaria toda a maldade fictícia. O encontro dos nossos lábios.

A cada sonho tenebroso, de finais devastadores, a sensação de querer beijá-lo se tornava cada vez mais forte. Eram pesadelos vestidos como sonhos. Se eu não podia tê-lo, sob nenhuma realidade, então sempre seriam tormentas.

Sinto-o escapando de meus braços novamente. Desperto quando constato que, dessa vez, era real. Meus olhos saltam e meu corpo arrebenta em uma descarga elétrica. É involuntária a possessão de minhas mãos, sobre a blusa que por pouco não perco entre os dedos. Ainda estava escuro e Seungjun sairia de mansinho. Ele se assusta e me olha ao sentir o aperto.

– Você... Vai embora? - Pergunto, pressentindo meu peito se esvaziar. Sentado, ele sorri e apoia suas mãos por cima das minhas. Não vou soltar.

– Preciso ir.

– Por que? Pra que? - Sei que pareço desesperado, ainda assim não me importo - Você vai voltar para lá?

– Não tenho escolha, Hyojin. - Suspira. Em nenhum momento desvia os olhos, ainda tristes, de mim - Mas se for te deixar mais tranquilo, vou dormir no carro e tentar entrar em casa sem ser percebido.