A outra Archeron

Capítulo 3

Continuo sentada na mesa , esperando alguém quebrar o silêncio que se instalou quando minhas irmãs saíram.

– Não foi tão ruim. – Feyre foi a primeira a quebrar o silêncio.

– Ruim é pouco , foi um desastre. – falou Cassian.

Aceno em concordância, dizendo em seguida para Feyre :

– Vou ajudar Nestha e Elain com a louça. – Feyre apenas acente. – Boa noite.– digo para todos.

Depois de ajudar minhas irmãs vou para o meu quarto e deito na minha cama.

Não consigo deixar de pensar em como a nossa vida mudou tão drasticamente. Em um momento estávamos vivendo a vida normalmente , e no outro nossa casa vira um lugar para reuniões entre os amigos de Feyre e as rainhas humanas.

Não que eu esteja reclamando disso , pelo contrário , me sinto honrada em poder ajudar , mesmo que minimamente , a impedir essa guerra. Só tenho medo das consequências que isso trará.

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Acordo cedo com a luz entrando pela janela do meu quarto.

Me visto e saio do quarto , indo até a cozinha para preparar algo para o café da manhã.

Decido por fazer panquecas , e quando termino ouço alguém descendo as escadas.

– Isso são panquecas ? – Ouço a voz de Cassian ao mesmo tempo que o vejo , e seus olhos parecem estar brilhando.

– Não , são bolos achatados. – respondo ironicamente e vejo Cassian franzir as sombrancelhas analisando as panquecas – Sim , Cassian , são panquecas. – falo como se estivesse conversando com uma criança de 5 anos.

Vejo o sorriso de Cassian ficar maior ainda.

– Você é a melhor pessoa do mundo. – dou risada da fala dele , realmente uma criança de 5 anos.

Me sento na mesa com Cassian e começamos a comer.

– Você sabe onde minha irmã foi ? – pergunto. Tinha visto ela sair bem cedo com Rhysand.

– Foi treinar com o Rhys.

Apenas dou um aceno leve com a cabeça.

Depois de terminarmos de comer , deixando algumas panquecas para os outros é claro , ouço alguém entrando para dentro de casa.

– Espero que esse cheiro seja de panquecas. – ouço a voz de Rhysand.

– Se for comer é bom vir logo , porque pelo jeito que Cassian está olhando as panquecas , acho que não sobrará nenhuma , e olha que ele já comeu. – digo com um ar divertido quando Rhysand entra em meu campo de visão.

Cassian me lança um olhar indignado.

– Você tem sorte de eu ter gostado de você pirralha. – Cassian diz a última palavra de um jeito zombeteiro.

– Você também tem canalha. – falo retribuindo seu tom.

Cassian apenas ri e me lança um sorriso como para dizer que já somos amigos.

Vejo Azriel descer as escadas e alguns minutos depois Nestha.

– Com licença. – falo me levantando e me encaminhando para a saída e pegando meu capuz.

– Vai para onde? – Nestha , como sempre , pergunta.

– Caminhar.

Quando saio sinto o ar gélido de inverno me envolver.

Caminho até o poço e pego minhas adagas , já me encaminhando ao lugar que costumo treinar.

Após alguns minutos arremessando as adagas em um tronco ouço um grito , e com assombro descubro ser de Feyre.

Vou correndo até o local em que eu escutei o grito e quando chego me espanto com a cena.

Uma criatura com asas presa em um carvalho por amarras de pura noite em espirais , com duas lanças feitas dessa mesma noite prendendo suas asas.

Feyre e Rhysand demoram apenas alguns segundos para notar minha presença.

– Lya , o que você está fazendo aqui? – a pergunta vem de Feyre.

– Eu estava andando e ouvi um grito. – uma meia verdade.

Feyre me olha desconfiada , ela me conhece bem o bastante para saber que eu não contei totalmente a verdade , mas apenas acente.

Depois observo Rhysand começar a falar com essa criatura.

– Responda minhas perguntas e pode rastejar de volta para seu mestre – exigiu como se estivesse perguntando a respeito do tempo.

– Vadia. – disparou a criatura com sangue prateado escorrendo de suas asas.

Por impulso lancei uma das adagas na asa direita , ouvindo a criatura gritar.

– Ops , escapou. – falei dando um olhar inocente a Feyre.

– Volte para casa Amálya. – Feyre disse com um tom de voz que eu não ousaria questionar.

Apenas acenti e fui andando para a propriedade de nossa família , ouvindo as vozes se perdendo conforme eu me distanciava.