Estou cansado dos lançamentos ruins e até de séries "meia-tigela" de terror que estão surgindo ultimamente. Prefiro ouvir as narrações de creepypastas no YouTube, essas de canais populares que todo fã que se preze do gênero conhece. Enquanto navegava pela plataforma, procurando alguns vídeos do Sigma — um dos youtubers mais famosos quando trata-se do assunto — acabei encontrando, ocasionalmente, uma divulgação sobre um aplicativo chamado Wattpad.
Pelo que pesquisei — de acordo com as informações da Wikipédia — trata-se de um aplicativo que permite compartilhar as suas histórias autorais. Pode ser utilizado por meio do site ou app no celular. Os usuários publicam artigos, relatos e poemas sobre qualquer coisa; seja on-line ou através do software para iOS, Android e Windows Phone. O conteúdo inclui obras tanto de autores amadores como as dos veteranos escritores best-seller. Os usuários podem comentar e votar pelas histórias ou unir-se a grupos associados ao site. Em torno de 50% da demanda procede dos EUA; e em menor média no Reino Unido, Canadá, Colômbia, Venezuela, Argentina, Espanha, Austrália, Chile, Peru e México. Explorando a minha nova descoberta, pude desbravar as diversas histórias criadas. Alguns usam famosos e personagens em fanfics, principalmente com ídolos de K-pop ou algum personagem de seriados de vampiros e lobisomens.
Como aquilo atiçou a minha curiosidade, passei a publicar histórias de terror no decorrer dos dias — pois mesmo que eu seja um fracassado — ainda gosto de escrever. Fui trazendo estórias que postei em outros fóruns pela web, colocando cinco contos em cada livro. Infelizmente, não alcancei muitas visualizações e um público fiel como imaginei. Sei que não posso competir com os demais, eles são bons, mas me garanto da minha forma e estou gradativamente melhorando. Mesmo assim, continuo com o prazer de compartilhar as minhas criações. Com o passar das semanas, passei a ganhar destaque lentamente e fiz novos amigos — já que o pessoal da rede social gosta de criar grupos de divulgações para troca de leituras no WhatsApp e Facebook. Nesse curto período de tempo, uma pessoa começou a chamar a minha atenção...
O usuário marcava presença em todas as minhas publicações, sempre comentando e votando. Sua foto de perfil era de um coreano popular entre os jovens ao qual desconheço, com o nome genérico, números e barras. Sentia-me alegre, acreditando que alguém estava realmente apreciando o meu trabalho. Esse usuário sempre comentava no meu mural, clamando por mais. Eu tentava explicar que, às vezes, não conseguia escrever porque faltava-me inspiração, mas ele sempre parecia insatisfeito com a minha ausência de postagens e seus pedidos eram exaustantes. Chegou um tempo em que deixei de responder os comentários, chamei-o no privado e começamos a desenrolar uma conversar e a desenvolver uma amizade. Logo descobrir que tratava-se de uma garota. Ela não falou a idade, nem o seu nome, o pouco que sabia sobre ela, era de que gostava do meu conteúdo — obviamente. Passei a abrir-me mais, contando fatos sobre mim, falei sobre coisas específicas como: o modo que conseguia inspiração para escrever, do que eu mais gostava no terror, e ela foi se identificando com alguns pontos. Percebi que tínhamos afinidade, algo que nunca aconteceu tão de imediato com outra pessoa.
Com o decorrer do tempo, diminuí a frequência das publicações e a minha amizade com essa garota foi ficando ainda maior. Entrava quase sempre para conversar com ela no aplicativo — não quis dar o meu número — pois não confio dados tão pessoais, para pessoas que sinto que não conheço o suficiente. Afinal, ela parecia gostar mais da pessoa que eu era na internet, do que estar preocupada com a pessoa que sou verdadeiramente. Porém, diferente de outros, ela entendia e contentava-se em conversar comigo apenas por lá.
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