Lasciva

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Depois de algumas semanas de aula, Sirius Black conseguiu cativar os seus alunos com a sua postura versátil e dinâmica de ensinamento.

O homem a cada aula tentava fazer com que os seus pupilos aprendessem a matéria de maneira efetiva e não apenas a decorassem, e para que aquilo fosse possível, ele usava de todos os mecanismos possíveis como: representações gráficas no céu, apresentação de filmes trouxas e até a narração de presepadas que passou por toda a vida, quando essas eram pertinentes à matéria dada.

Sirius se sentia realizado por ser uma influência para aqueles jovens, e isso era notório no bom humor que sempre o acompanhava em todas as suas aulas, tanto que os alunos passaram a vê-lo não apenas como professor, mas também como um amigo que estaria pronto para ajudá-los em qualquer questão. E mesmo com aquela proximidade, Black não perdeu o respeito de superior, ao contrário, os alunos o respeitavam ainda mais por causa daquela intimidade.

Mas aquele resultado positivo tinha o seu preço.

Na maior parte de seu dia, o homem se dedicava a criar novas estratégias para deixar as suas aulas ainda mais interessantes, havia até separado pastas de ideias para cada ano letivo, que revisava todos os dias.

Quando chegava às fichas do sétimo ano, a imagem de sua melhor aluna vinha à tona, a garota não era somente boa em sua matéria, pois o seu nome sempre era citado pelos professores como exemplo a ser seguido.

Segundo os seus colegas, a jovem sempre fora muito dedicada aos estudos, e para ele era visível o quanto ela se concentrava às suas explicações durante as aulas. Seus olhos atentos não desgrudavam dele, ao menos que ele pedisse para que iniciassem a análise prática com os telescópios.

Black até tentava dividir a atenção a todos os alunos, durante a aula, mas aquele olhar de Robin o atraia traiçoeiramente, tanto que às vezes ele se perdia rapidamente em suas explicações ao encará-la mais de perto.

Era inevitável chegar a desejar que estivessem somente os dois naquela Torre de Astronomia, mas assim como das outras vezes, em que constatava a chegada daquele tipo de pensamento, o homem logo se obrigava a pensar em algo que o despertasse daquelas tentativas de imaginar a estudante, de modo lascivo.

Não sabia até quando conseguiria frear a sua mente, de pensar na moça de maneira tórrida, mas mesmo que sua cabeça cede-se, não havia possibilidade de se entregar aquele desejo, não poderia colocar tudo a perder, não novamente.

(...)

Ao ouvir batidas na porta de sua sala, enquanto tomava um gole de seu vinho favorito, Sirius caminhou no sentido da entrada do local, a fim de descobrir quem estava o procurando, e assim que abriu a porta, se deparou com a sua melhor aluna o encarando com um sorriso gentil em seu rosto.

-Professor Black, eu sinto muito te atrapalhar, mas é que eu fiquei com uma dúvida em uma teoria e eu não consigo ficar em paz, enquanto não entendo toda a matéria. – Explicou a moça suplicante, com o olhar compenetrado nele, como sempre fazia nas aulas.

-Você não me atrapalha, srta. Robin, pode entrar. – Disse Sirius, gesticulando para que a moça entrasse em sua sala.

A estudante adentrou no local e se sentou em uma cadeira, que ficava ao lado da cadeira do professor. Durante aquele breve trajeto, a jovem deixou um rastro de seu perfume floral dentro da sala de Sirius, que desejou com todas as forças não ser capaz de sentir qualquer odor, pelo menos durante aquele dia.

-Nossa, eu já vim sentando sem saber se podia. – Disse Robin, arrependida por tomar a iniciativa de se sentar naquele acento.

-Era nessa cadeira mesmo, que eu ia pedir para a srta. se sentar. – Tranquilizou Black, se aproximando da jovem e se posicionando em sua cadeira – E qual é a sua dúvida?

-Na lição de Princípio Cosmológico, é dito que o universo pode ser classificado como homogêneo e isotrópico. – Explicou Robin – A parte do ser homogêneo eu entendi, mas o isotrópico não, professor. O sr. poderia me ajudar?

-Em primeiro lugar, pode me chamar apenas de Sirius, o uso do sr. faz eu me sentir muito velho. – Explicou divertidamente, fazendo com que a aluna risse com ele. – E em segundo lugar, você precisa enxergar o universo pela perspectiva de grande escala. – Black projetou no teto de sua sala uma representação do que havia enunciado anteriormente, figuras representando componentes do Universo apareciam acima deles, e a cada segundo que passava, esses mesmos elementos ficavam cada vez menores, o céu ficava cada vez mais uniforme em todas as partes da figura – Isso o que eu estou mostrando a você é o cosmos em grande escala. Ser isotrópico, significa que alguns meios ou materiais possuem as mesmas propriedades físicas em todas as direções, olhe para a imagem novamente, perceba que a aparência do universo é a mesma em qualquer direção.

-É como se o Universo tivesse a mesma aparência, visto por qualquer ponto do infinito? – Perguntou ela.

-Exatamente, Robin. O Universo se parece o mesmo não importando quem quer que você seja ou onde quer que você se encontre. – Respondeu o professor, admirando a feição de deslumbre da aluna, que encarava a representação do infinito acima deles.

-Nossa, como eu não consegui enxergar isso, eu lembro que no sexto ano a professora Aurora deu essa matéria e eu tinha entendido, como eu fui me esquecer. – Se cobrou, parecendo chateada com ela mesma.

-Ei, não precisa se cobrar tanto, vocês possuem muita matéria para estudar. – Sirius tentou consolá-la.

-Ai professor, eu não consigo não me cobrar, sabe, minha família... – Robin interrompeu a explicação anterior e mudou de assunto – Deixa 'pra lá, eu não quero ficar reclamando deles para você.

-Srta. Robin, sempre que precisar de alguém para conversar, você pode vir falar comigo. – Disse o homem calmamente – E em assunto de família desestruturada eu sou o melhor.

-Obrigada professor Black. – Disse rindo, já se levantando na companhia de Sirius – Posso te dar um abraço?

-Claro. – Respondeu o homem de prontidão, se arrependendo pela resposta, logo em seguida.

Ao tocar na garota, toda aquela barreira de não pensar nela de maneira lasciva e que mantivera por semanas, fora derrubada em questão segundos, esses suficientes para imaginar como deveria ser macia a pele de Robin por debaixo daquele uniforme, e de como deveria ser embriagante sentir aquele perfume floral direto de seu corpo.

Os pensamentos só não evoluíram, pois a garota ao se afastar de seu abraço, interagiu com ele de forma verbal.

-Muito obrigada mesmo, pode deixar que quando eu sair eu fecho a porta – Robin sorriu para o homem e se virou, deixando exposto o balançar de seus quadris, que fora o responsável por iniciar uma guerra de desejos dentro de Black.

Sirius por um instante desejou que Robin sentisse o mesmo que ele, que aquela relação não fosse proibida, e que não colocasse tudo a perder, ao fazer se tornar real os pensamentos que agora rondavam sua mente pervertida.

Short Fic - Amada aluna// Sirius BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora