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VINNIE HACKER

Sinto meu rosto quente como fogo, minha testa suar e minhas pálpebras ardendo. Coço os olhos forçando a se abrirem, de repente estou encarando o sol forte no céu, sem absolutamente nenhuma nuvem em volta.

"Eu ainda estou dormindo e isso é um sonho?" Penso enquanto estranho. Tento me mexer mas sinto minhas costas doendo, esse lugar é muito desconfortável; aliás eu nem sei onde estou. Viro o rosto afim de descobrir e me assusto quando vejo Nailea dormindo ao meu lado.

Ontem, depois de analisarmos as estrelas juntos, acabamos pegando no sono e pelo jeito, nenhum de nós conseguiu acordar no meio da noite.

"Ai que droga, que horas são?" Falo baixinho procurando o meu celular nos bolsos de minhas roupas.

- 7:18h DA MANHÃ. - Grito arregalando os olhos e começo a sacudir a menina ao meu lado. - NAILEA ACORDA.

- Que? Para de gritar. - Coloca as mãos na orelha, tapando elas.

- É SERIO, LEVANTA. TEMOS SÓ 12 MINUTOS PRA VOLTAR ATÉ NOSSA AULA COMEÇAR.

- Caralho, mas porque a pressa? - Diz abrindo os olhos e olhando ao redor. - PORRA VINNIE.

Nailea se levanta depressa e me puxa pela manga da minha camiseta para que eu pudesse fazer o mesmo. Então, estamos correndo em direção ao meu carro e logo entramos nele, batendo as portas o mais forte possível.

- ARRANCA ESSE CARRO AGORA.

Tentei colocar toda a minha energia no meu pé pra precisonar o freio o mais fundo que consigo.

Não podemos demorar porque o internato tranca as portas de entrada no horário de aula, acho que eles tem medo que algum estudante possa fugir.

- ANDA MAIS RÁPIDO.

- EU ESTOU TENTANDO.

O caminho inteiro foi a base disso, Nailea gritando desesperada do meu lado e eu mais desesperado ainda quase atropelando as pessoas na rua porque não parei em nenhuma sinaleira - provavelmente ganhei algumas multas. - Até que finalmente chegamos na escola.

Desci do carro sem nem pensar duas vezes e Devora fez o mesmo, tranquei o veículo e esperei a menina vir até mim, segurei sua mão sem pedir permissão e levei ela correndo pelo estacionamento.

Quando chegamos em frente a entrada, podíamos ver os portões sendo fechados lentamente e por um mínimo espaço que ainda faltava, conseguimos passar e entramos no colégio.

Hoje temos educação física no primeiro período, única matéria que fazemos fora da sala de aula e no ginásio esportivo.

Eu e Nailea não paramos de correr sequer um segundo e não desgrudamos nossas mãos. Não tenho como saber que horas são, porém todos os corredores já se encontram completamente vazios; o único movimento que vai aparecer nas câmeras de segurança são dois bobões apressados parecendo crianças.

- É no ginásio um ou no dois? - Ela questiona.

- Sei lá, vamos no um.

Atravessamos a escola inteira até chegarmos as portas de saída nos fundos, porque os ginásios ficam do outro lado do campo de futebol.

Descemos as escadas quase tropeçando e cruzamos o campo, indo em direção ao ginásio um.

- Droga, não tem ninguém aqui. - Falo depois de abrirmos as portas e vermos que está vazio.

Puxo a menina e vamos em direção ao dois, que ficava logo ao lado. Diferente do outro, depois que entramos, enxergamos o local movimentado e percebemos que era nossa turma. Finalmente.

- Ah, o casalzinho resolveu aparecer! - O professor falava enquanto olhava nossas mãos unidas.

Nos demos conta no mesmo instante e desentrelaçamos os dedos, ambos ficamos com os rostos vermelhos de vergonha.

Olhei para os alunos jogando vôlei e pude notar Riley levando uma bolada na cara - e sendo xingada - porque se destraiu quando chegamos. Meus olhos encontraram o da menina e compreendi ela falando apenas com os lábios "onde vocês estavam?". Desviei o olhar da minha amiga e vi sua namorada logo ao seu lado, provavelmente ela também questiona a mesma pergunta que Hubatka mas não aparenta expressar qualquer reação sem ser de confusa.

- Podemos entrar? - Nailea fala me tirando de meus devaneios.

- A aula já havia começado senhorita Devora.

- Eu sei, eu sei. Me desculpa. - Passa as mãos pelos cabelos.

- Por favor, professor. - Peço quase implorando.

- Eu deixo, mas com uma condição. - Nailea me olha confusa. - Quero que ambos façam trinta flexões, caso contrário, podem ir diretamente para a coordenação, porque na minha aula não ficam.

NAILEA DEVORA

- Isso é fácil. - Vejo Vinnie dar de ombros enquanto se posiciona no chão.

- Não... - Falo dando um passo para trás.

- O que? - Hacker diz perplexo. - Por que não?

- E-eu - tremo a voz - não consigo.

Me afasto ainda mais do menino que se sentou no chão olhando diretamente para mim, ele com certeza não entende o que está acontecendo, porque fica com um ponto de interrogação enorme no rosto enquanto franze o cenho.

Sinto uma lágrima quente escorregando sobre minha bochecha e então coloco uma mão secando o rosto. Deixo Vinnie fazendo perguntas sozinho quando tento sair do local mas me atrapalho dando de cara com um peitoral e pelo movimento rápido de ambos, acabamos chocando os corpos. Levantei a cabeça e percebi que era Troy com o olhar perdido e escuto o mesmo perguntar:

- Nailea? Por que você está chorando? - Ele diz tirando minha mão do rosto.

Em rápidos segundos, eu me desvio do garoto em minha frente e passo pelo seu lado tentando ignorar sua presença.

Eu consigo fazer diversos abdominais, consigo pular e até correr, mas não se pede a uma anoréxica para fazer flexões.

"MERDA" grito internamente, tenho vontade de socar uma parede.

Meus braços são mais finos que um palito de dente, não consigo segurar nem um computador sem sentir dor, quem me dera segurar o peso do meu corpo. Se eu concordasse com aquela proposta estupida do professor, eu provavelmente me lesionaria.

Quanto mais eu penso, mais eu quero chorar. "Se não fosse pelo bullying, eu seria normal agora" "por que não escutei os conselhos de minha avó?" "É só comer" "você é muito fraca" "parece um bebê".

Meus próprios pensamentos me auto sabotando, eu não aguento mais.

Estou morrendo de vergonha por ter deixado a aula, mas não tenho outra saída a não ser ir até a sala da coordenadora. Espero que ela não olhe as câmeras de segurança.

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𝐀𝐓𝐑𝐀𝐕É𝐒 𝐃𝐄 𝐕𝐎𝐂Ê 𝐌𝐄𝐒𝐌𝐎 - Vinnie Hacker e Nailea Devora. Onde histórias criam vida. Descubra agora