» 23

2.5K 206 14
                                    

» "I'm so sick of myself, I'd rather be, rather be, anyone, anyone else."

VINNIE HACKER

Se alguém me dissesse há 1 ano atrás mais ou menos, que hoje eu estaria jogado em um banco no hospital esperando desesperadamente por uma menina em que eu a recém havia me declarado, provavelmente riria, pois acharia essa hipótese algo imaginável.

Primeiro que eu nunca pensei que realmente sentiria meu coração errar as batidas por alguém, eu já tive paixões no começo da adolescência até os dias de hoje, mas nada que fosse realmente verdadeiro, que me fizesse roer as unhas ansioso por notícias desse alguém. Depois, eu não gosto de hospitais. Me traz uma vibe tão triste, desde sempre eu não me sinto bem nesse local, rola uma energia negativa aqui dentro que eu prefiro ficar longe. Então, se eu pudesse escolher, nunca visitaria isso.

Mas agora eu não tenho escolhas, não posso simplesmente pegar uma varinha e fazer um desejo que as coisas vão mudar. O mundo infelizmente não gira ao meu redor e minha vontades estão a milhas de distancia de serem escutadas seja lá por quem for.

- Acompanhantes de Nailea Devora, por favor. - Uma secretária vestida de preto chegou a sala de espera passeando os olhos por ali.

Quando ela falou o nome do qual eu mais precisava ouvir, meu coração que batia forte e violentamente, em questão de segundos, travou. Minhas mãos suavam mais que o normal e me deu uma leve tontura quando de repente, levantei o mais depressa possível.

Eu e Joalin fomos correndo até a mulher, ela se assustou com o ato repentino e arregalou os olhos, vacilando para trás.

- Como ela está? Nailea está bem? - Joalin errava as sílabas de tão rápido que falava.

- Sim, ela está bem, podem ficar tranquilos. Precisamos saber a idade dela, conseguem me informar?

- 17, ela tem 17. - Digo embolado.

- Bom, Nailea é menor de idade. Podem ligar para algum responsável legal que ela possua?

- Ok, vou fazer isso agora. - Loukamaa procurava o nome na lista de contatos com a mão trêmula e logo falou com quem era necessário.

Tentei voltar a me sentar mas estou tão impaciente e inquieto que chega a ser impossível ficar parado, nenhum médico me deixou entrar no quarto dela, absolutamente nenhum e eu pedi permissão a todos que eu vi pela frente, fui negado por todos. A única coisa que disseram foi que os remédios no qual ela precisou ingerir, a fizeram dormir.

A mãe de Nailea não demorou nem 20 minutos a chegar, veio correndo quando nos enxergou e foi fácil de perceber seu mal estado, ela estava igual a mim, tremendo.

- Meu Deus. - Ela diz. - Ainda bem que eu estava perto daqui.

Joalin a abraça colocando tanta força em seus braços que chegam a transmitir todo o pavor que a loira possui.

- Eu sinto muito por terem presenciado esse descuidado da amiga de vocês. Não se culpem, a única pessoa que tem que fazer isso é a própria Nailea. Mas, obrigada por terem a trazido aqui. Se quiserem, podem voltar a suas casas.

- De jeito nenhum. - Loukamaa se precipitava.

- Não vou sair daqui até poder ver ela. - Falo.

- Sabe, vocês são ótimos amigos. Ela tem sorte em tê-los. - Logo após a mulher adulta terminar sua frase sorrindo fraco, nos deixa para trás quando vai procurar algum médico.

E eu fiquei ali, na sala de espera, sem nenhuma informação e sem poder entrar, "que droga, quando me excluem de algo eu me sinto irritado" bufo pensando. Os calafrios não me deixaram em paz nem por um segundo sequer.

- Gente. - Payton chegava.

- Oi. - Riley falava.

- Porra, calma. - Zarbruh diz, se inclinando cansado com as mãos no joelho.

Eles vieram correndo do estacionamento até aqui eu suponho, a cara de exaustão dos três entrega isso.

NAILEA DEVORA

- O que? - Acordei assustada puxando minha mão para perto do meu rosto pois senti alguém a acariciando, era minha mãe.

"Mas o que ela está fazendo aqui? Pera, que lugar é esse? Por que eu estou em um hospital?" Penso analisando ao redor com os olhos arregalados.

Quando me dou conta do que está acontecendo, já é tarde demais para voltar atrás. Queria realmente voltar no tempo, na época em que eu era apenas uma criança, porque se eu pudesse ter isso, com toda a certeza, faria minhas escolhas diferentes.

O meu maior pesadelo do mundo inteiro era desapontar meus pais, sempre tentei caminhar nos trilhos quando o assunto era eles, mas chegou um momento da minha vida que eu escorreguei no caminho e aparentemente, o trem que vinha na direção oposta, me atropelou.

Sempre tive medo de hospitais, porque eu sabia que quando estivesse em um algum dia e se estivesse, seria por exatamente esse motivo de agora. Eu sendo fraca demais e não conseguindo mais aguentar.

Juro que por muito tempo, eu tentei fazer o meu melhor, tentei não errar em relação a minha alimentação e não fazer exercícios demais, mas parece que as vezes minha cabeça está tão lotada de informações que eu não consigo pensar em mais nada e simplesmente saio fazendo as coisas inconscientemente, como por exemplo, me matar aos poucos.

Quando eu perco o sono, eu faço abdominais; quando tiro uma nota ruim, fico sem comer; quando acordo muito cedo, vou correr; quando alguém briga comigo, vômito.

Minha vida é um ciclo chato e vicioso, só que as vezes eu não percebia como isso poderia me causar problemas, achei até que seria bobagem levar a serio esse lance de precisar de socorros um dia, sou estúpida pra caralho.

- Nailea - minha mãe chama minha atenção - o médico quando foi te examinar, viu uma marca roxa em suas costas, como um risco, bem no meio da costela em vertical.

Fecho os olhos e tento ignorá-la completamente, espero do fundo da minha alma que isso não esteja acontecendo de verdade e que eu esteja maluca, pirando.

- Você disse que tinha parado com os abdominais.

- Eu tentei, mãe. - Ainda estou com os olhos fechados.

- Nailea Devora, você mentiu pra mim. - Ela fala baixo, como num susurro.

Não consigo dizer absolutamente nada, pois sinto uma lágrima quente e involuntária escorrer pela minha bochecha. Minha mãe tenta pegar em minha mão novamente mas eu nego e me viro para o outro lado, choro descontroladamente como se eu tivesse segurado isso desde que me entendo por gente. Eu sinceramente, estou cansada de mim mesma.

» não se esqueça de votar!!

𝐀𝐓𝐑𝐀𝐕É𝐒 𝐃𝐄 𝐕𝐎𝐂Ê 𝐌𝐄𝐒𝐌𝐎 - Vinnie Hacker e Nailea Devora. Onde histórias criam vida. Descubra agora