illicit affairs

tell yourself you can always stop...

JEON JUNGKOOK

Rodeado por cobertores confortáveis, acordei com a vibração incessante de algum celular perdido entre os lençóis. Apesar de não querer mover um músculo, quanto mais tempo eu passava de olhos fechados, mas a pessoa parecia empenhada em telefonar. Sentei-me com cuidado e tateei a cama até encontrar o aparelho barulhento que tanto me incomodava. A tela do meu celular indicava que era 7h30 da manhã e que havia quinze chamadas perdidas, boa parte delas era da minha mãe, algumas do meu pai e outras até de Yoongi.

Desbloqueei a tela indo diretamente às mensagens e encontrando várias dos mesmos remetentes, enquanto eu lia a última enviada por meu amigo há poucos minutos, o aparelho voltou a tocar novamente com a palavra "mãe" aparecendo no display. Eu sabia que havia muitas desculpas para dar e várias mentiras que ainda não tinha decidido à origem, mas mesmo assim não poderia deixar meus pais continuarem desesperados atrás de mim. Respirei fundo e deslizei meu dedo pela tela atendendo a ligação.

— Jungkook?!— Sua voz estava mais aguda do que o normal.

— Oi, mãe... 

— Onde você está? Me diga agora que eu vou te buscar. — Perguntou inquisitiva, parecendo cada vez mais nervosa.

— Eu estou na casa de um amigo, não precisa se preocupar. — Tentei pensar em uma desculpa realística para ter passado a noite fora sem deixar nenhum aviso e não conseguir formular nenhuma mentira rápida. 

— Não minta para mim, eu sei que você não está com o Yoongi! Ele está do meu lado, aliás, muito preocupado com você, onde se meteu, filho?— Ela fungou, sinal claro de que havia chorado. Eu não poderia me odiar mais.

— Eu não...

— Jungkook, a gente sabe de tudo. Por favor, só me passa o endereço para irmos te buscar, estou ficando louca de preocupação. — Me interrompeu.

 Como assim tudo?

— Não precisa vir me buscar, eu chego em casa em 30 minutos. Por favor, não se preocupe mais. — Garanti.

— Você não está mentindo, não é? Ele não está mais aqui, você pode voltar!

— Eu não estou mentindo, juro. Já estou indo. — Levantei da cama com dificuldade, procurando as minhas peças de roupa, que já deveriam ter secado e meu sapato.

— Tudo bem, volte em segurança. Eu te amo. — Falou com firmeza.

— Também te amo, mãe. — Respondi engolindo o nó que se formava na minha garganta.

Desliguei o celular e me apressei para ir embora, não ajudava que Jimin não estivesse em nenhum lugar à vista e que meu corpo continuasse doendo tanto quanto antes. Segurando no corrimão da escada, desci cada degrau devagar sem colocar muito peso no meu tornozelo dolorido. Quando finalmente cheguei no andar de baixo pude ouvir alguns pratos tilintando e um cheiro gostoso de café se infiltrando nas minhas narinas.

— Jimin? — Chamei, direcionando-me ao cômodo.

O moreno estava de costas para a porta da cozinha, concentrado no quer que ele estivesse preparando, enquanto cantarolava baixinho. Ao me ouvir chamar seu nome, ele se virou parecendo surpreso que eu estivesse ali.

— Você desceu sozinho?! — Arregalou os olhos.

Confirmei com a cabeça e antes que ele pudesse começar a reclamar, desatei a falar:

— Sim. Hyung, eu preciso ir para casa, meus pais estavam me ligando e estão muito preocupados. — Expliquei. Por mais que tentasse aparentar calma, no fundo estava muito nervoso e ele parecia reconhecer isso. Sua expressão se suavizou e ele se aproximou de mim. — Eu disse que chegaria em 30 minutos.