illicit affairs

the first few hundred times...

JEON JUNGKOOK

A paixão é um conceito, talvez o maior entre todos, que somos ensinados desde cedo por meio de histórias, músicas, poesias e filmes. A causa é a necessidade irrevogável do ser humano em amar e ser amado, contudo, o que não é dito é o quão difícil amar é.

Eu sempre fui familiarizado com o amor, mas nunca amei alguém de fato. Se eu amo meu pai, minha mãe, Yoongi? A resposta é sim. Já o famoso amor romântico nunca senti. Até agora.

Talvez fosse muito cedo para intitular o que sinto por "amor", mas não havia outro título que eu pudesse dar que não esse, afinal os sentimentos que palpitavam em meu peito eram similares a tudo que sempre li. Fosse o que fosse, para mim era amor.

Quando deixei a casa de Jimin, estava devastadoramente perturbado e há longo tempo convencido que meus sentimentos eram voláteis, fracos e evitáveis. Mas a cada segundo que a memória de seus toques e seus beijos impregnavam-se para sempre na capacidade sensorial da minha pele, eu entendia que havia me recitado um conto de fadas, uma mentira infantil: Eu não sinto nada por ele; Eu posso parar a qualquer momento;

A verdade é que eu não podia e nem queria. Por que um dia depois de ter o beijado me coração batia mais forte, em um ritmo muito similar a sonoridade de seu nome. No segundo dia, minhas unhas sofriam os ataques que a ansiedade provocada pela prospectiva de não o tocar novamente me causava. Quando chegou ao fim da primeira semana sem um único contato com ele, eu sentia que poderia morrer toda vez que lia seu nome e não podia responder.

Atualmente, fazem aproximadamente 17 dias que não o vejo ou escuto sua voz, e uma paz havia substituído a dor constante em meu peito, porque agora eu entendia. Decifrando todos os sinais, eu entendi que já o amava. Era estranho como a descrição mais clichê de amor foi a que mais encaixou em mim: rápido e fatal.

Eu tinha me apaixonado no primeiro momento que o vi e havia o amado no exato momento em que deixei suas mãos cuidarem dos meus machucados. Era um caso perdido há tanto tempo que chegava a ser uma piada sem graça pensar que em algum momento considerei que não fosse nada além de uma amizade afetuosa ou uma pequena queda.

Ainda assim, precisei de todo meu tempo para pensar, agora que meus sentimentos não me eram mais um mistério, eu precisava pensar no que faria com eles. A verdade do meu coração é mais suja do que eu esperava, pois nos últimos dias percebi que pouco me importava seu compromisso marital, a única coisa que me incomodava era que ele ainda não estava comigo. Eu sei que é um sentimento imoral, mas era o que eu sentia. Nem por um segundo eu queria abrir mão de estar perto dele, seja como amigo, seja como amante.

Eu o queria com toda a força da minha alma.

Usei de uma viagem que meus pais me arrastaram junto para pensar em quais seriam meus próximos passos. Minha família possuía uma casa de campo, afastada de tudo e todos, era o local de reclusão perfeito para mim nesse momento. Levei meu caderninho, minha caneta favorita e meu livro mais amado "O morro dos ventos uivantes" para serem minhas fontes de distração. Passamos uma semana desfrutando do silêncio da natureza, o que me ajudou a entender um pouco mais o que eu sentia e o que eu queria, de fato.

Sentado na varanda, passei boa parte dos meus dias buscando entender meus sentimentos embaralhados através da escrita e da leitura. Muita coisa clicou em minha mente quando estava lendo, pois a partir do momento que me entendi e me identifiquei com o amor descrito na relação deturpada de Catherine e Heathcliff, eu soube que o amava.

Finalmente entendi aquele sentimento que ia contra toda moral da época e até da atualidade, entendi perfeitamente o que levou Catherine a seu leito de morte: a decepção provocada e apunhalada pelas mãos da pessoa amada. Passou a fazer sentido para mim a força do sentimento que fez Heathcliff implorar para ser eternamente assombrado para nunca ser abandonado e, em seguida, morrer. Era um sentimento visceral, pungente, que anuvia a razão e te faz questionar a moral. Pela primeira vez, todas as descrições que li fizeram perfeito sentido.