6 Capítulo

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Eros Jesus






Olhando-a em meio aquele silêncio ensurdecedor que imperou na rua ao sairmos da casa, decidi que não me doeria nada e nem me penalizaria se me permitisse inventar um personagem.

— Gostou? _Quebrei o silêncio.

— Não.

— Então, porque está parada observando-o ao invés de entrar?

Ela coçou a testa, desconfiada por eu está sendo "amigável".

— A frente da Lamborghini parece um peixe, não é? _Conversava comigo um tanto temerosa e eu poderia rir vitorioso, seria a coisa mais fácil fazer com que ela confiasse em mim.

Donatella Rossi era inteligente para algumas coisas, tinha uma tendência exacerbada a ser mais uma marginal que criminosa. É facil reconhecer um dos meus. Nós não seguimos regras ou leis, nós as destruímos. Ninguém iria querer provar da nossa revolta.

Lendo seu diário ficou mil vezes mais possível de estuda-la e sei que ela poderia destruir o que fosse se soubesse usar sua força.

Um defeito, ela era carente de atenção, qualquer um que demonstrasse algum afeto conseguiria se aproveitar dela.

Se fosse para usar do emocional dela, eu faria. Eu iria usar desse artifício para entrar em sua vida e não me importo de engana-la por fingir ser uma pessoa que não sou.

Na verdade, se ela me conhecesse verdadeiramente, iria implorar por distância.

Sou o homem mais quebrado que existe no mundo e nunca apareceu ninguém capaz de me fazer querer juntar todos os cacos.

Abro a porta do carro e pouso uma mão sobre o teto.

— Você entende de carro?

— O básico para saber que é uma Lamborghini. Estou errada? _Perguntou um tanto ansiosa.

— Não. _Entro no carro e a aguardo fazer o mesmo, mas a miúda não faz. Ela me olhou do parabrisa dianteiro e sorriu.

Entendendo de prontidão o que ela pretendia aprontar, lentamente cheguei com o dedo no botão automático e liguei o veículo, fechando as mãos em volta do volante e ouvindo o ronco potente do motor.

De repente, ela me deu as costas e correu. Gostando mais do que devia do desafio, é a minha vez de sorrir, espero ela nutrir muitos metros de distância, sabendo que onde ela levaria dois minutos para chegar, eu estaria ali em menos de dez segundo.

Eu ofereço o jeito fácil, mas sempre escolhem o mais difícil.

Afundei o pé no acelerador. De primeiro momento, eu desejei a sensação de voar sem sair do chão, mas aquela adrenalina toda de dirigir um maquinário esportivo não custaria a vida da miúda.

Marginal, criminoso, assassino, ou usando a forma apresentável como somos chamados... mafioso e gângster. Custava acreditar e eu sei, no entanto, nós tínhamos coração.

Perto o suficiente para passar por cima dela nos próximos segundos, buzinei fortemente. A loirinha rebelde parou e eu, nervoso por essa sua ação ridícula, desço o pé no freio. Com a atenção concentrada nela, a vi virar os calcanhares e no mesmo instante abro o teto do carro.

— Estou com medo. _Confessou em voz alta, me surpreendendo. Medo? Mas eu estava tentando ser legal com ela. Minhas intenções eram as piores. O vento forte daquela manhã fria soprava todos os seus cabelos, bagunçando-os. — Isso de me levar para casa do meu tio pode ser apenas uma desculpa. Você vai me matar, não vai?

LUZ SOMBRIA (2)Onde histórias criam vida. Descubra agora