57 Capítulo

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Eros Jesus












Entrando na caverna, peguei o refletor fresnel de led e o acendi, agachando-me e pousando o instrumento de iluminação no chão, girando para que a luz focasse no miserável tremendo, amarrado na cadeira com correntes e em um estado de quase decomposição.

Algo dentro de mim não conseguiu mata-lo. Tentei, juro que tentei, mas não sei... Eu fiz de tudo, torturei e ele está praticamente um cadáver, porém, ainda vive, ainda esse infeliz respira.

Perdoar? Impossível.

Matar? Deus! Por que é tão difícil quando já fiz isso incontáveis vezes?

Senti uma mão delicada em meu ombro e pousei a minha sobre a sua, respirando fundo e encarando o chão tão alcançável. Pelo silêncio eu sabia que ela o observava, no entanto, não quis pensar na possibilidade dela está com dó desse desgraçado doente.

Sua festa não tinha acabado quando a arrastei até aqui. Eu havia mostrado a ela e diante de todos que ela era a minha protetora, que eu necessitava urgentemente que minha miúda revertesse os nossos papéis. Pelo menos hoje... aqui e agora.

Quando ela deu um fim na vida da minha mãe tão friamente eu soube naquelas imagens que eu a assistia, que ela, melhor que eu, podia acabar com esse demônio... demônio esse que me arrastou para as profundezas do inferno e me deixou lá por tanto tempo, mesmo tendo me dado o nome de Jesus, nome que eu odeio profundamente... Eu fui crucificado em vida, não teve ressurreição... só dor e descrença... esse miserável me fez duvidar se eu era homem... me transformou em uma pessoa deturpada...

Ódio... fúria e raiva... mas ainda assim, eu não podia o matar. Eu o olhava e ainda via em seus olhos predatório, o menino de 7 anos, vestido em um vestido rosa e amedrontado.

Eu tinha medo... sim, eu ainda tinha a porra daquele medo.

As lágrimas escorreu dos meus olhos e a mão da minha mulher afastou do meu ombro. Ela caminhou sobre os saltos e deu a volta em meu corpo, ficando a minha frente como minha rainha e ainda de pé, vendo-me de cabeça baixa.

Sabendo que estava diante da mulher mais linda do mundo, e que só o fato dela esta aqui comigo, afirmando por respirar o mesmo ar que eu nesse antro imundo, que eu não estou sozinho, fui encorajado pela ânsia de ver beleza onde era tudo tão sombrio e escuro. Ergo o rosto lentamente, vislumbrando sua coxa de fora da fenda do vestido, toquei por trás do seu calcanhar e deslizei a mão por sua panturrilha e a dobra do seu joelho, elevando finalmente a cabeça e olhando em seu rosto.

Ela deu um passo a frente com as duas pernas, uma de cada vez e a qual eu segurava atrás do joelho, abaixei minha testa e a encostei em sua coxa, beijando-a no caminho e a abraçando.

Ela iria me salvar... iria me libertar da escuridão.

— Amor... por favor! Não faz assim. _Sua voz era doce e atingia em cheio o meu coração. — Está me doendo tanto te ver dessa forma. _Suas mãos tocaram meus cabelos. Eu não me importava de desabar na sua presença. Eu reconhecia que a única pessoa que podia me ver vulnerável e não me julgaria ser fraco. Era ela. A mulher que eu amo. — Levante-se.

Demorei a atender seu pedido, mas fiz e fiquei de pé, segurando trêmulo a curva da sua cintura.

— Miúda... me livra disso... Pelo amor de Deus! Eu não aguento mais. _Implorei aos pedaços.

— Eu estou aqui e eu vou fazer. _Emoldurou meu rosto com as mãos macias, mas eu não vi o seu por manter meus olhos fechados. — Eu não me importo de matar os seus demônios. Nunca me importaria, mesmo que me custasse a liberdade de permanecer junto a você e que nosso futuro fosse incerto. Eu não me importo e não sinto nenhum remorso em destruir quem te fez tanto mal. _Sussurrou suavemente amorosa e meus olhos se viu simplesmente abrindo sobre os seus que brilhavam feito estrelas cadentes.

LUZ SOMBRIA (2)Onde histórias criam vida. Descubra agora