[06] - A Fuga.

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— Tem certeza que não tem problema? — Rosé perguntou vendo Yeji arrumar um colchão no cantinho da cabine da Capitã. Entre a parede e uma estante.

— Não. Mas vou ter de trancar a porta. Me desculpe por isso.

— Tudo bem — Não estava tudo bem de fato, ela estava com medo e sentindo falta da irmã e do pai. Mas ficou aliviada em saber que não iria ter de ficar nem mais um minuto naquele porão imundo. — Mas e se alguém... se... e se eu...

Ela estava com medo de que algum pirata invadisse a cabine e lhe tomasse a força. Mas teve medo de ofender a médica e não conseguiu concluir a sua frase.

— Vou deixar uma Alfa de confiança protegendo a entrada — Rosé abaixou a cabeça envergonhada. — Não se sinta mal. É compreensível que você esteja com medo, mas como eu lhe falei antes, ninguém aqui vai machucar você — Ela entregou um cobertor a Ômega e se dirigiu a saída. — Qualquer coisa pode chamá-la — Disse, apontando para a Alfa da cicatriz, seu nome é Dahyun. Ela tem essa cara fechada mas não morde.

A Alfa lançou um olhar que pareceu bastante ameaçador, mas Yeji passou despreocupada e fechou a porta logo depois.

Rosé suspirou frustrada ao ouvir o barulho da chave girando na fechadura. Com as mãos na cintura ela estudou tudo ao seu redor. Ela jogou o cobertor no colchão mas antes de se deitar, olhou para a enorme cama da Capitã, pensando consigo mesma em como deve ser confortável dormir nela. Seus pensamentos foram além, quando ela imaginou seu corpo sendo abraçado pelos braços fortes da Alfa lupus.

— Céus... — Tomou um longo suspiro tentando afastar aqueles pensamentos.

Mas que culpa ela tinha, a Capitã era realmente uma Alfa muito atraente. Gostava de como a linha de sua mandíbula ficava marcada quando ela a desafiava. Sentia coisas estranhas em seu baixo ventre, coisas que a deixavam envergonhada. Ela se aproximou da cama da Capitã e passou a palma sobre o tecido macio de seda. O cheiro da Alfa estava espalhado por todo lugar. Rosé fechou os olhos e inalou um intenso aroma de rosas. Fato que contrastava bastante em uma Alfa com a personalidade como a da Capitã Kim.

Rosé piscou confusa ao sentir como sua loba ficou atraída pelo aroma da Alfa. Embora não fosse de sua vontade, seu corpo estava se comportando de modo estranho. Pelo fato de ser uma Ômega, nunca lhe foi permitido saber nada sobre esse assunto, e ela ficou sem entender porque o cheiro da Alfa lúpus atiçava sua loba, quando a própria Rosé desejava estar longe da Capitã.

Afastou-se rapidamente com medo de algo que nem ao menos sabia. Talvez a Capitã aparecesse repentinamente e dessa vez, não teria nenhum pudor em fazê-la caminhar naquela maldita prancha novamente. Seus olhos se voltaram para as estantes com livros e outros objetos. Estudou rapidamente alguns títulos e seguiu mexendo nas coisas da Alfa, como uma criança curiosa.

Encontrou um punhal com um cisne entalhado no cabo com as iniciais da Capitã. Era óbvio a quem pertencia o objeto, mas como estava jogado por ali, talvez Kim não precisasse tanto, ao contrário da Ômega que se sentia ainda mais indefesa entre tantos piratas. Ela então decidiu escondê-lo na bainha de sua calça, mais tarde possivelmente ajudaria em uma fuga.

Depois de passar um bom tempo vasculhando as coisas da Capitã, ela finalmente se cansou e decidiu dormir um pouco.

Ao contrário do que Yeji imaginou, a Capitã retornou ao Black Swan na mesma noite daquele dia. Kim não voltou para a Ilha na intenção de se divertir com as prostitutas. Ela queria mais informações sobre os outros seis fragmentos. Não havia melhor lugar do que onde piratas bêbados se encontram e deixam a língua solta enquanto lindas Ômegas e Betas lhe fazem delirar.

Assim que se dirigiu à cabine, estranhou a Alfa espadachim parada de frente à porta. Dahyun a entregou as chaves e deu de ombros, saindo de sua posição e descendo para as coberturas inferiores, a fim de descansar.

Black Swan - Chaesoo ( ABO )Onde histórias criam vida. Descubra agora