Black Swan - Chaesoo ( ABO )

[01] - Invasão

No Oceano Pacífico, ao lado da costa asiática, um galeão seguia conduzindo em seu porão, toneladas de moedas destinadas ao Reino da Coreia. Além da riqueza em prata, o navio também transportava um governador e suas duas filhas. Alguns oficiais da Marinha Real participaram da jornada de volta para casa, para garantir a segurança de uma das famílias mais importantes da Coréia.

A viagem estava em seu quadragésimo dia, todos estavam cansados e entediados, por estarem cercados apenas por água, sem nada para fazer. Mas dentre eles havia uma Ômega que estava apreciando a viagem, pois ao contrário de todos a bordo, ela adorava histórias que envolviam o mar, em especial, sobre piratas. Debruçada sobre a proa, Park Chaeryeong observava o navio diminuir velocidade conforme a noite chegava.

O comandante da embarcação achou mais seguro diminuir a velocidade durante a noite, devido a pouca visibilidade que se teria, e assim seria mais fácil impedir que o galeão colidisse com qualquer outra embarcação.

— Você já pensou em como seria viver em alto mar? — Chaeryeong questionou a sua irmã mais velha, que lhe fazia companhia em todos os momentos durante a viagem.

Roseanne, a irmã mais velha, que estava um pouco mais longe da proa, observou o pavimento do convés com repulsa. A madeira úmida e ligeiramente mofada, o cheiro da ferrugem causada pela maresia, eram coisas que a deixavam desconfortável. Sem falar nos ratos que ela teve a infelicidade de encontrar em seu camarote, embora o cômodo fosse um dos mais limpos do navio.

— Desconfortável, insalubre e perigoso. — A mais velha respondeu um pouco mais longe da proa. — Por favor, Chaeryeong, desça daí e afaste-se para não cair.

Chaeryeong suspirou descontente com a resposta que obteve de sua irmã. A mais nova tinha outra perspectiva do modo que Rosé enxergava a situação. Sim, talvez as condições de viagens marítimas não fossem tão confortáveis e seguras, mas apenas o contraste entre o azul do céu e o do mar, e o brilho do sol nas ondas que despontava do horizonte em todas as manhãs, já eram motivos suficientes para considerar fazer de um navio o seu lar. Ela se afastou da proa e virou-se de frente para a sua irmã:

— Seria fascinante. — Ela suspirou — Muitas são as histórias contatadas sobre Alfas valentes, que levam a vida desbravando os mares em busca de tesouros.

— Você quis dizer, bandidos. — A irmã mais velha corrigiu, fazendo Chaeryeong bufar revirando os olhos. — A pirataria não é como contam em seus livros de romance, Chaeryeong. Os piratas são Alfas e Betas, bárbaros e cruéis-...

— Mal interpretados. — Chaeryeong a interrompeu. — É óbvio que os oficiais da Marinha espalham histórias exageradas a respeito desses Alfas. — Ela ficou um tempo em silêncio, enquanto sua irmã a encarava ainda incrédula. — Eu gostaria muito de conhecer um navio e me juntar à tripulação.

A revelação pegou a mais velha de surpresa. Rosé sabia sobre os livros que sua irmã costumava ler, mas não imaginava que ela desejava se tornar uma criminosa. Aquilo a estava fugindo do controle.

— Você está louca? Se papai te escutar falando isso, te deixa de castigo até que se case.

— Eu não quero me casar, Rosé. — Ela lamentou, cruzando os braços. — Quero ser pirata.

— Não fale coisas bobas! — Rosé a repreendeu com voz baixa, para não chamar atenção dos marinheiros que trabalhavam pelo convés. — Uma boa Ômega deve se casar e dar filhos a seu Alfa. Formar uma família e levar uma vida calma e pacata.

— Fale a verdade, irmã. Você está satisfeita com esse noivado? Quer mesmo se casar e levar uma vida planejada pelos outros? Casar sem amor?

Rosé suspirou olhando à sua volta à sua esquerda. Haviam alguns engradados próximos ao mastro dianteiro, onde continham instrumentos para manutenção do navio, simples objetos que eram manuseados pelos Alfas para consertar alguns mastros danificados. Ela observou quando um desses marinheiros pegou uma ferramenta e se colocou a utilizá-la a seu favor.