VIII - Perdas

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Emma

...

Se tinha uma coisa que eu odiava nas viagens eram os ladrões. Eles pareciam brotar do chão só para atrapalhar a nossa vida. Eu tinha tantas preocupações e ainda precisava ficar enfrentando aqueles bandidos. Maya tinha feito aquela pergunta sobre nós e pensei em contar sobre a conversa da nossa última noite juntas, mas preferi ocultar. Ela já tinha coisas demais para pensar e eu acreditava que aquele assunto merecia mais atenção. Prometi para mim mesma que ia me controlar mais perto dela, pois Maya não se lembrava de nós.

Antes que eu pudesse pensar no que responder para o ladrão, Carlos partiu para cima do homem e uma faca foi arremessada no ombro do meu guarda. Fiquei assustada, mas o nosso guerreiro não parecia ferido a ponto de correr risco de morte.

— Não pensem que não tenho pessoas comigo — o ladrão ameaçou.

Minha mente começou a trabalhar em maneiras de sair daquela enrascada. Negociação parecia uma boa ideia, já que eu via algumas sombras ao lado daquele homem e com certeza tinham mais que oito pessoas com ele, ou seja, maior que a minha equipe.

— Não temos muito o que oferecer — comecei.

O ladrão deu uma risada cheia de sarcasmo.

— Não tem? E esse cavalo, essas roupas de frio? — Ele olhou para cada um de nós.

Suspirei. Meus guerreiros pareciam desesperados com aquela possibilidade, mas eu infelizmente não via outra saída. Olhei para Maya e ela ainda estava sofrendo as consequências de um mergulho não planejado no Frossen. Não podia me render tão fácil porque precisava protegê-la. Eu tinha que arriscar alguma coisa e resolvi seguir o exemplo que ela deu com Magnus.

— Que tal um duelo? — desafiei — Eu contra você. Quem ganhar fica com as coisas.

Mais uma vez, recebi uma risada sarcástica.

— Querida, eu não quero — ele disse. — E se por um acaso está pensando em lutar mesmo assim... — Ele assobiou e saíram umas quinze pessoas do nevoeiro. — Temos reforços.

É, não tinha o que fazer. Apesar dos meus guerreiros estarem dispostos a lutar, eu não podia arriscar perder todos eles ali ou até morrer por conta de casacos e cavalos. Só ali notei que apenas um cavalo estava com a equipe e que faltavam dois guerreiros. Eu me perguntei o que teria acontecido com eles.

— Vai ficar enrolando? Não temos o dia todo — ele nos apressou.

— Ok, vamos entregar — tomei a decisão.

Percebi que Carlos me fuzilou com o olhar, mas os outros deram os seus casacos sem questionar. Deixamos o cavalo também. O frio estava intenso e eu senti em cada músculo do meu corpo, mas tentei não demonstrar porque com certeza Maya estava sentindo mais do que qualquer um ali.

— Já tem o que querem — falei. — Vamos embora.

— Claro. Podem ir.

Começamos a sair, mas antes o homem ainda tinha algo a dizer.

— Sabe, estávamos acompanhando vocês duas e não íamos atacar porque não ia valer a pena o esforço. — Ele deu de ombros. — Mas seus amigos fizeram valer.

Nate até abaixou a cabeça. Ele sabia que tinha errado, mas eu falaria com ele na hora certa.

— Sei por onde ir — ele disse baixinho para mim.

— Então vá na frente. Vamos correndo porque senão vamos congelar aqui.

Ele assentiu e começou a correr. Nós acompanhamos Nate. Tentei não pensar muito no frio, mas era quase impossível. Parecia que o ar gelado congelava os meus pulmões e fazia a respiração ficar muito difícil. Pensei em Maya e em como ela estava sendo forte por aguentar a situação. Óbvio que me senti péssima por estar fazendo ela passar por aquilo, justo ela que sempre fez de tudo para me ver protegida. Eu não fui capaz de protegê-la.

Promesas - A Coroa & A Espada IIOnde histórias criam vida. Descubra agora