🄼🄴🄳🄾

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- Shotaro -

Sungchan.

De um simples desconhecido no avião a um "amigo" que é lindo (bom, essa parte podemos ignorar).

A forma como ele me tratou desde a primeira vez que conversamos foi incrível, sempre se preocupando com tudo, vendo se eu me sentia confortável, aquele garoto é um anjo.

Jeong Sungchan me fez ter amigos como a muito tempo não tinha. Certo, existia o Yang, mas, ele era o único, agora eu tenho seis, SEIS. É surreal.

E a forma como ele sorri? Ah, o sorriso dele é muito fofo. Ele é bonito, inteligente, caris-

- Já te disse que não! - Isso era um grito do meu pai e por mais que fosse costumeiro, temia pela minha mãe.

Meu pai sempre foi muito bruto e raivoso. Descontava sua frustração em minha mãe e só não em mim porque ela me defendia com tudo que podia. Lembro de uma vez que ele chegou em casa transtornado, sem um pingo de paciência no corpo e sua pele exalava raiva, saia quebrando qualquer coisa que via na frente, até que viu minha mãe.

As memórias dela gritando, implorando por misericórdia enquanto chorava compulsivamente jogada no chão. Ele estava por cima dela, lhe dando tapas por todo o corpo enquanto gritava coisas que nem me lembro direito, só me vem a cabeça, os xingamentos desnecessários que eram cuspido em cima dela.

Eu via tudo escondido e quando a tortura acabou, a vi se arrastar pelo chão até a escada e foi se apoiando no corrimão para subir. A pele clara, agora tinha marcas das mãos de Osaki Takeshi, numa mistura de vermelho, rosa e roxo, me deixou apavorado.

Naquele dia, eu entendi que precisaria cuidar das feridas da minha mãe e protegê-la, assim como ela fazia comigo. Era uma questão de gratidão, o seu estado era tão frágil que não tinha como se cuidar sem a ajuda de outra pessoa.

Corri o mais rápido possível para dentro de casa, precisava saber o motivo do grito.

- Pai o que houve?

- Shotaro, meu filho, suba para o seu quarto por favor. - O rosto de minha mãe tinha uma marca vermelha. Um tapa.

- Shotaro, ouve a sua mãe e sobe!

- Pai por favor, o que está acontecendo?

- Não é do seu interesse agora vai pro seu quarto! - Ele segurou minha camisa e me arrastou até a escada.

- Takeshi por favor, deixe e-

- Cale a boca, nossa conversa ainda não acabou, apenas vou deixar esse garoto no quarto. - Praticamente me carregou e me jogou no quarto, fui largado no chão e pensando o que seria da minha mãe.

Gritos.

Súplica.

Tapas.

Choro.

Era tudo que eu conseguia ouvir. Mas não podia intervir, meu pai trancou a porta.

- Você não pode trabalhar Saori! Como ia ficar a casa ein?! Se bem que ficaria a mesma coisa já que você nem pra limpar algo serve.

Foi o que meu pai falou no andar de baixo, não queria mais ouvir nada disse então, resolvi abrir a janela e tentar desenhar, talvez isso me acalmaria.

Mas, eu vi ele.

Autora•

- Taro-hyung! Co- hyung, você estava chorando?

- Os meus pais...o meu pai, ela vai matar ela Sung! Eu 'tô trancado aqui enquanto eu ouço tudo isso! Eu quero que tudo isso acabe, dói Sungchan, dói demais! - O garoto praticamente gritava as palavras ao mesmo tempo que abraçava o próprio corpo e droga, sua garganta doia como o inferno enquanto falava. Parecia que qualquer esforço esgotava seu corpo.

Bom, não era nada comparado a sua dor psicológica.

A mente do garoto estava um bagunça, se passavam todos os momentos de sofrimento que presenciou, todas as vezes que sua mãe era machucada brutalmente, mas, achava que o marido poderia mudar.

Cada lembrança vinha de uma forma extremamente realista, os sons, o tom vivo de vermelho que pintava o rosto de sua mãe, a face irritada de seu pai, tudo.

E doia, aquilo doia em seu âmago, doia como facas cravadas em si, doia como ácido pingando sobre sua pele, doia da pior forma possível, doia no fundo de sua alma.

Sungchan via tudo aquilo horrorizado, não tinha certeza do que o japonês passava dentro de casa, achava que existia brigas, mas, nada tão extremo. Tentava desesperadamente achar uma solução e acalmar o garoto.

- Hyung calma! Olha pra mim ok? Olha nos meus olhos. Respira, me diz cinco coisas que você pode ver...

- As árv-vores...você, a c-cama...o tapet-te e...a cômoda.

- Ok, agora respira e diz quatro coisas que pode ouvir.

- O vento...a sua voz, as f-folhas e o choro da minha m-mãe. - Por um momento lembrou de sua mãe e ficou agitado, mas, Sungchan rapidamente o chamou.

- Ei ei, respira, me diz três coisas que você pode tocar.

- Me-eu cabelo, a madeira da janela e a coberta. - Estava mais calmo, Sungchan o distraia e fazia-o esquecer do mal que acontecia na parte de baixo.

- Está bem melhor não é? Me diz duas coisas que pode sentir o cheiro.

- O jantar e seu perfume.

- Isso, uma coisa que pode sentir o gosto.

- Sinto o gosto de bala. - Shotaro estava completamente calmo, com os pensamentos em ordem, o Jung conseguiu rapidamente o que sua mãe demorava meia hora no mínimo para conseguir.

- Está bem mais calmo não é? Agora, quer me explicar o que aconteceu? Ou prefere conversar sobre outra coisa? - Perguntou de modo doce.

- Eu posso falar sobre isso depois? Amanhã na escola seria melhor. Como foi o seu dia?

- Ah, visitei minha mãe hoje, ela parece um pouco melhor hoje hyung e por incrível que pareça, meu pai não estava estressado ou bêbado quando eu cheguei! É muito difícil isso acontecer.

- Eu fico muito feliz Sung! Espero que isso aconteça mais vezes e- meu pai vai entrar, tchau. - Queria continuar a conversa, mas, seu pai não ia muito com a cara do Jung.

- Shotaro!

- Sim pai. - Já começava a ficar nervoso, a simples presença daquele homem o deixava mal.

- Eu vou viajar a trabalho e vou demorar, não quero que sua mãe saia de casa, espero que não deixe ela chegar perto da porta, estamos entendidos?

- Sim pai, não vou deixar a mamãe sair. - Disse a última parte em um tom baixo, o desgosto em seu tom.

- Ótimo, estou indo, tchau. - Foi com essas palavras que viu o homem sumir do seu campo de visão.

Voltou o olhar para a janela e viu Sungchan ali, parado, observando toda a cena.

- Sung não é n-

- Você me explica isso amanhã hyung, vai ver como a sua mãe está, ela deve 'tá precisando de ajuda.

Foi aí que o garoto se lembrou do estado que Saori poderia ter ficado e saiu desesperado do quarto. Procurou pela mãe na sala, na cozinha, no banheiro, nada.

Até que a encontrou no quarto do casal, desmaiada e com manchas de sangue seco por todo o corpo.

Medo. Era tudo que conseguia sentir, sua mãe estava desmaia e coberta de sangue, era terrível.

Naquela noite, agradeceu a todos os deuses por Takeshi ficar longe daquela casa, pelo menos durante um tempo.

💜🍒🌸

Siiim, eu atualizei, tive criatividade e decidi escrever.

Eu espero que vocês tenham gostado do capítulo e fiquem saudáveis.

Beijos, amo vocês xuxus.

ʟᴇᴛ ᴍᴇ sʜᴏᴡ ʏᴏᴜ | 𝐒𝐮𝐧𝐠𝐭𝐚𝐫𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora