Primeira bebida

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Habituada aos sons dos amigos, Ravena não pôde deixar de estranhar o silêncio que pairava no quarto. A Torre sempre foi um lugar cheio de ruídos, mesmo nos momentos de paz. Havia um falatório incessante no prédio, com os passos pesados de Ciborgue soando nas paredes e a voz cochichada de Koriand'r.

Não hoje. Hoje o prédio estava sem seus residentes.

Só havia Ravena e um silêncio incômodo.

Horas mais cedo, depois de mais uma luta contra a H.I.V.E., os Titãs decidiram que seria uma ótima ideia comemorar a vitória indo à pizzaria. Já era tradição isso de lutar, sair para comer e colocar o papo em dia. Ravena, porém, sentia-se exausta; recusou a proposta na primeira oportunidade que surgiu e ainda inventou a desculpa mais esfarrapada do mundo para Richard, na cara de pau, como se o rapaz não fosse um detector de mentiras ambulante. Felizmente, o líder não fez objeções e a empata se teletransportou para casa o mais rápido que conseguiu, antes que ele pudesse mudar de ideia.

Agora, deitada na cama, com o notebook acomodado nas pernas e uma lata de refrigerante em mãos, ela terminava a primeira temporada de um programa de noivas. Como chegou a esse ponto? É difícil explicar. Tudo começou quando resolveu ver vídeos aleatórios no Youtube. O buraco só afundou a partir daí.

Franziu o cenho no momento que uma noiva começou a reclamar do orçamento do vestido – logico, sua idiota, você só tem novecentos dólares, como pode querer uma peça de cinco mil? –, tão entretida que levou um susto ao sentir o celular vibrar no bolso do short. Sequer se deu o trabalho de verificar o visor, apenas atendeu, sabendo que só existia duas possibilidades. Ou era Estelar querendo contar alguma fofoca ou...

— E aí, Rae?

Garfield.

A julgar pelo tom da voz, parecia estar se divertindo na pizzaria.

— Diga. — apoiou o celular no ombro, tentando alternar a atenção entre conversar e assistir.

— O que está fazendo?

— Você me ligou só para saber o que estou fazendo? — foi impossível esconder a descrença na voz.

— Credo, custa responder? 

— Estou procrastinando. — esticou o braço para colocar a lata de refrigerante em cima da mesa de canto. — Não que isso seja da sua conta.

— E por que não veio conosco?

Ravena arqueou uma sobrancelha.

— Robin não disse?

— Não. Ele não sai da cola da Kori desde que chegamos. Perguntei por que você desapareceu do nada, mas acho que nem me ouviu. 

Argh. Tão típico. Robin e Estelar só não se agarravam no meio de todos porque tinham bom senso. De qualquer forma, não precisava ser inteligente para saber o que os dois faziam as escondidas.

Sacudiu a cabeça para afastar os pensamentos, repreendendo-se, afinal, ela não era exemplo para ninguém se tratando disso. 

— Estou com dor por causa do idiota do Mamute, por isso voltei.— rolou os olhos. — Ele jogou uma lata de lixo em mim quando eu não estava vendo.

A risada ecoou do outro lado da linha.

— Aquilo foi engraçado. Só não foi mais engraçado que a surra federal que demos nele. 

— Ele mereceu.

— Vou ter que concordar. — Houve um silêncio curto. Ela quase conseguia vê-lo sorrir. — Você precisa vir, Rae. É sábado e aqui está legal. Posso te buscar, se quiser.

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⏰ Última atualização: Aug 05, 2021 ⏰

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