Capitulo 13

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Já estávamos no último dia do ano e desde a véspera de Natal que eu não via Noah. Nem ninguém da família dele. Aquilo me preocupou. Pensei em ir à fazenda algumas vezes, mas não sabia se seria a coisa certa a fazer. Era domingo e a mercearia ficara aberta só até um pouco antes da hora do almoço. Meu pai e Krystian ficaram lá enquanto eu ajudava minha mãe e Nour. Isso matinha a minha cabeça ocupada.

Alguém bateu à nossa porta e minha mãe pediu que eu fosse abri-la. Reconheci Heyoon, uma das empregadas da fazenda dos Urrea; reprimi o impulso de perguntar por Noah. Ela me sorriu e eu retribuí curiosa por saber o que ela faria em minha casa. Yoon retirou um pequeno envelope do bolso da frente do avental que ela usava e me entregou. Era claramente um convite.

– De que se trata, Yoon? - eu a conhecia há bastante tempo para chamá-la pelo apelido.
– Acredito que seja sobre o jantar de noivado do senhor Noah.

Eu quase deixei o envelope cair das minhas mãos. Como assim jantar de noivado? Yoon se despediu de mim e partiu. Fiquei parada na porta, segurando aquele maldito envelope, sem coragem de abri-lo. Certamente, ele havia decidido se casar com Joalin. Por algum motivo, ele havia reconsiderado. Naquele momento, Alex passou correndo por minhas pernas e como um estalo, as palavras de Joalin invadiram a minha mente.

"Eu nunca vou perdê-lo... Noah será sempre uma parte de mim."

Só havia um motivo que eu recebesse um convite para o jantar de noivado de Noah... Joalin estava grávida. Ele havia voltado atrás porque ela lhe daria um filho. Eles haviam feito coisinhas antes de se casarem... Nour havia me dito que isso poderia passar. Não abri o envelope. Não queria sentir mais dor do que já estava sentindo. Minha irmã veio até mim, percebendo que me demorara demais... Nour encontrou meus olhos perdidos e nublados por lágrimas. Aquele líquido salgado que, há algum tempo, havia se esvaído do meu rosto. Ela me olhou assustada, sem entender o que estava acontecendo.

Estava deitada em meu quarto, com a cabeça apoiada no colo da minha irmã, depois de lhe contar sobre o tal jantar. Nour tentava me fazer parar de chorar. Ela abriu o envelope, lendo cada palavra escrita ali em silêncio. Eu não precisava ouvir. Nour suspirou e colocou o pedaço de papel em cima de uma mesa de canto. Acariciou meus cabelos para dizer:

– Não tem mais detalhes no convite. O convite apenas informa que o senhor e a senhora Urrea oferecerão um jantar em homenagem ao noivado do seu primogênito, Noah Urrea. Não cita o nome de Joalin, Any.

– Não precisa citar, Nour! - retruquei. - Noah arranjaria outra noiva em um curto espaço de tempo, por acaso? Óbvio que é Joalin! - levantei, olhando para ela. - Eu não vou nesse jantar!
– Eu acho que você deveria ir. - ela falou serena.
– Está louca, Nour? - perguntei abismada. - Você, melhor que qualquer outro, saberia que isso é a morte para mim.
– Talvez, não. - ela acariciou meu rosto. - Elly, vá e se mostre superior.
– Superior ao que, Nour?
– A tudo isso, oras! Superior a Joalin! - ela se levantou da cama - Escolha um dos meus vestidos, vem.

Nour saiu me puxando pelo braço, sem me dar a chance de falar qualquer coisa... Fomos até seu quarto e em poucos minutos a cama estava repleta de vestidos. Nour tinha muito bom gosto e Bailey era um ótimo marido para ela; ele atendia todos os desejos da minha irmã. Nour ficara em dúvida entre dois vestidos de cetim.

Um vinho e um verde musgo.

Ela me fez provar os dois, constatando que o vinho entrara em melhor combinação com meu tom de pele. Havia ficado um pouco largo, mas nada que um corselet por cima não disfarçasse. Nour separou tudo o que ela julgou que eu precisaria. Eu estava tão entorpecida com tudo que nem estava sendo capaz de raciocinar; Nour estava me induzido a ir nesse jantar.

A noite caíra rápido demais. Todos já estavam prontos para o tal jantar, exceto eu. Mais consciente de tudo, mantive a minha decisão de não ir. Nada que Nour dissesse iria fazer-me mudar de opinião. Não suportaria presenciar isso e Noah sabia... Ainda buscava entender o porquê de ele ter sido tão cruel a ponto de me mandar esse convite. Nour rompeu em meu quarto como um furacão e, pela primeira vez, visualizei raiva nos olhos dela.

– Levante-se dessa cama agora, Any! - ela gritou - Pare de se fazer de coitada, sofrida... Levante-se! Não seja tão covarde.

O que eu havia dito sobre "nada que Nour dissesse poderia me convencer"?

Any & Noah || Adaptação NoanyOnde histórias criam vida. Descubra agora