4.9(Um poema para meu Avô)

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Despedida

"Não é como se eu estivesse preparada.
Aquele dia se repassa em minha mente,
Assim como os mais diversos momentos anteriores.
Tem dois anos já, caramba...

Eu sinto sua falta, vô.
Tu, de fato, era quem eu pude chamar de vô.
Não era de sangue, mas era de coração.
Quando eu imaginaria como seria ficar sem ti?

Se passaram dois anos, cinco meses e um dia.
Jamais imaginei que cuidaria de ti como se fosse um bebê, literalmente,
E foi isso que aconteceu.
Em um momento estava bem e no outro o avc derrubou.

Sinto falta de ouvir me chamando:
"Ô menina bonita, ajuda o vô aqui."
"E eu que tava subindo pra cá e antes de chegar na escada,
Puft! Cai! (risadas)"
O senhor encarava as coisas de um modo alegre.

Assim como a filha do senhor não era minha mãe de sangue,
Mas se tornou minha mãe de coração,
Com o senhor não foi diferente.
E suas piadas? As melhores!

O senhor já era bem de idade,
Infelizmente, a maioria dos seus filhos e netos de sangue não lhe deram importância.
Mas naquele dia, todos estavam.
Naquele dia...

A maioria não ajudava a cuidar do senhor,
Então era de se esperar elogios exagerados dirigidos a nós,
Até porque, quem cuidava do senhor era nossa mãe, meu pai e nós.
Às vezes a vó ajudava, mas eu não queria que ela se esforçasse demais.

Quando o senhor fico de cama,
Fizemos o possível e impossível.
Levávamos ao Sol, demos remédios nos horários,
A alimentação era regulada e a troca de fraldas também.

Estávamos preocupados com tudo.
Exames? Dias marcados!
Banhos? Toda semana!
Troca de lençóis? Sempre!

Colocávamos para assistir, ou deixávamos os gatos perto.
O senhor gostava deles. Era fofo.
Mas ai, as coisas complicaram.
O senhor ficou mais debilitado.

E estávamos lá, cuidando do Senhor.
Se estivéssemos em reunião e precisasse,
Saíamos correndo para ajudar e correr ao hospital.
Era difícil, mas não era um peso.

Lembro que detestava os médicos,
Mas quando ainda podia falar,
Eram elogios e mais elogios,
De ambas as partes!

Os médicos diziam que estava bem cuidado
E o senhor dizia que cuidávamos bem de ti.
Mas aí nossas preocupações aumentaram.
Porque, de repente, o senhor estava pior.

Fizemos o possível.
Entendíamos seus olhares,
Cuidavamos de ti com carinho,
Época em que ainda podíamos segurar sua mão.

Lembro que, quando eu chegava do colégio,
Uma das primeiras coisas que fazia era ir lhe ver,
Perguntar como estava e dizer como foi o colégio.
Eu conseguia entender certos sinais.

Como a família que éramos e Cuidavamos,
Era necessário entendermos seus sinais.
Então os sinais mudaram, constantes dores.
Não sabíamos o que fazer, mas tentávamos.

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