Cicatrizes

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Izuku acordou por causa de um baque e de sussurros altos.

Ele cerrou os olhos e levantou a cabeça da cama, sua visão ainda embaçada por causa do sono e sua mente confusa e lerda. Ele conseguiu ver a silhueta de Kacchan de pé em frente à porta, suas costas estavam escuras por causa do contraste com a luz vinda do corredor. Em frente a ele estavam duas pessoas que, Izuku não sabia com certeza, mas pareciam ser Kaminari e Mina. Ele franziu o cenho.

"Se a gente for, vocês vão sair daqui e me deixar em paz?", Kacchan perguntou com algo que Izuku supôs ser uma tentativa de baixar a voz, mas seus sussurros eram tão altos que era quase como se ele estivesse falando normalmente.

"Não fica tão irritado! Vai ser divertido!", Mina respondeu, com sussurros consideravelmente mais baixos dos que o de Kacchan (mas ainda altos o bastante para que Izuku conseguisse ouvir da cama). Kacchan tentou fechar a porta, mas Kaminari o impediu ao botar o pé na frente.

"Você nem precisa cozinhar se não quiser, cara", Kaminari acrescentou. "Eu 'tava brincando quando te pedi".

"Mas se quiser cozinhar, vai ser ótimo", Mina o interrompeu. "Só dizendo".

"Você pode só aparecer por lá e fazer a social com a gente! Sero e eu vamos trazer bebida; não dá pra você perder!"

"A gente não tem permissão pra isso, Cara-Tonta", Kacchan retrucou, parecendo impaciente. "Vocês acham mesmo que o Aizawa sensei vai deixar um bando de alunos menores de idade encherem a cara no dormitório no meio de um dia de semana?"

"Ele não precisa saber", Kaminari disse, com um sutil – porém amedrontado – aviso em sua voz. "É só ninguém contar!", ele acrescentou.

"E como caralhos vocês vão comprar bebida com essas caras de adolescente, hein?", Katsuki bufou com desdém, balançando a cabeça com reprovação. "Vocês são menores de idade".

"Não se preocupa com isso, a gente tem tudo sob controle!", Kaminari botou uma mão no ombro de Katsuki como se tentasse tranquilizá-lo. Katsuki imediatamente se afastou do toque e fuzilou Kaminari com os olhos. "É só você vir e se divertir com a gente! Você fica o tempo todo trancado no quarto, cara!", ele acrescentou apesar do olhar no rosto de Katsuki.

"É!", Mina exclamou, concordando. "Vai fazer bem pra você e pro Midoriya se divertir um pouco!"

"O que que o cara que mexe as mãos achou disso?", Katsuki bufou.

"Disso o quê, a festa?", Kaminari franziu o cenho.

"Da cerveja, otário", Katsuki suspirou.

"Por que 'tá tão preocupado com isso, cara?", Kaminari perguntou, sorrindo enquanto franzia a testa.

"Iida-kun também não precisa saber!", Mina respondeu, com maldade em seu tom. "É só a gente ser bem sutil!"

"Desde quando os nossos amigos são sutis, Guaxinim?", Kacchan apontou com irritação.

Houve uma pausa. Izuku não conseguia ver os rostos de ninguém de onde ele ainda estava deitado na cama.

"Que foi?", Kacchan acrescentou com raiva – e possivelmente um pouco mais alto do que ele havia planejado – quando nenhum dos dois amigos continuou a falar. "Por que 'tão me olhando desse jeito, porra?"

"N-Nada não, é que –", Mina começou, com a voz suspeitamente embargada. Izuku não sabia dizer se ela estava mesmo prestes a chorar ou se estava só fingindo para parecer mais dramática. "V-Você disse 'nossos'", ela deu uma fungadinha.

"Hã?", Kacchan perguntou, com aquele tom de voz familiar que avisava a quem quer que estivesse falando com ele que seria melhor tomar cuidado ao responder se quisesse evitar explosões eminentes.

The Way You Used To Do (PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora