Pensamentos, Palavras, Ações

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Katsuki acordou com um raio de sol caindo sobre seus olhos.

Ele grunhiu e suspirou com profunda irritação, se perguntando mais uma vez por que ele não tinha se livrado das malditas cortinas se elas eram tão ruins em fazer seu único trabalho. Em vez de explodir as malditas coisas até o inferno como ele queria, ele se virou na cama de modo que se deitasse de barriga e se esticou como um gato, braços acima da cabeça e costas arqueadas do colchão graciosamente. Um pequeno gemido de satisfação escapou de seus lábios enquanto a pressão em suas costas diminuía e, com outro suspiro, ele se sentou.

Ele esticou os ombros, depois os braços, depois se levantou e esticou as pernas também. Ele não se incomodou em verificar as horas enquanto se inclinava sobre sua mesa de estudo e arrumava as malditas cortinas até que estivessem completamente fechadas, bloqueando qualquer possível raio de luz solar indesejado de entrar no quarto. Sua mão permaneceu no material por alguns momentos a mais; um desejo selvagem e infantil de ser mesquinho e destruir a coisa de merda que o fez acordar do sono persistia numa parte profunda de seu cérebro.

Katsuki reclamou repetidamente com sua terapeuta sobre como essa estratégia de "pensar" era estúpida e, em suas palavras, "coisa de jardim de infância". Ele se sentia um idiota sempre que parava para pensar antes de abrir a boca: É verdade? É útil? É inspirador? É necessário? É gentil? E, portanto, usar esse método só o fez se sentir mais irritado do que quando havia começado. Dra. Matsuo havia prometido pensar em outra coisa que pudesse ajudá-lo a se comportar melhor sem eventualmente transformá-lo em um gremlin furioso, o que resultou em um novo mantra que ele precisava se esforçar para lembrar.

Bons pensamentos, boas palavras, boas ações. Foi com isso que ela insistiu que ele deveria se comprometer, e, mesmo sabendo que a Dra. Matsuo havia roubado isso de algum lugar – ela comentou que era algum tipo de dogma em uma religião específica ou algo assim, não que ele realmente se importasse com esse tipo de coisa –, ela insistiu que ele deveria levar as palavras a sério, sem levar sua religião ou crenças em consideração.

O que ela provavelmente quis dizer foi: "Você deve tentar se concentrar em ter uma visão mais positiva da vida, se comportar adequadamente, e parar de ser tão negativo o tempo todo, já que boas ações resultam em coisas boas", mas tudo que Katsuki ouviu foi: "Pare de ter tantos pensamentos tão cruéis sobre assassinato toda vez que uma pequena inconveniência ocorre, e tente o seu melhor para resolver as coisas racionalmente em vez de surtar como um maníaco o tempo todo, seu idiota".

Pessoalmente, Katsuki achava que tudo isso era um monte de besteira – se pensar positivamente resultasse em coisas milagrosamente boas, então não existiriam malditos sem-tetos, pessoas famintas ou moribundos ao redor do mundo. Se uma pessoa quer que algo bom aconteça, ela precisa tomar a porra de uma atitude e fazer isso acontecer sozinha; não ficar pensando em jardins floridos e coelhos ou qualquer outra coisa.

Quanto às boas ações – ele queria ser a porra de um herói. Era um requisito básico para ele fazer coisas boas, mesmo que ele sentisse vontade de explodir metade do mundo na maior parte do tempo.

Ainda assim, ele teve que admitir que, apesar de tudo, a Dra. Matsuo estava fazendo um trabalho bastante decente em ajudá-lo a controlar sua raiva. Ele sabia que era um paciente difícil, e o era de propósito, mas também sabia que estava conseguindo com mais frequência ter um pouco mais de paciência antes de perder a calma. Ele era cabeça-quente por natureza, e ele não achava que isso mudaria completamente, mas até mesmo os babacas que ele chamava de amigos estavam começando a notar sua mudança de comportamento. Ele não havia mudado, por assim dizer, mas definitivamente estava diferente. Menos... Explosivo, de certa forma. O que era irônico para caralho.

Por causa disso, Katsuki percebeu que seguir o conselho dela sobre essa coisa de mantra não faria mal, especialmente porque ele havia desperdiçado muito tempo se perguntando se deveria ou não adotar o mantra por causa de algo tão estúpido e sem sentido quanto a porcaria da cortina.

The Way You Used To Do (PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora