Capítulo 1

1.6K 174 81
                                    

Âmbar.

Estava certa de que era por aqui, tinha que ser por aqui.

Havia pesquisado, muito, bastante, e sabia que na caverna das letras levava até uma cidade de Machu Pichu, e também descobri que não era por acaso.

Em todo o mundo, há dobras temporais, dobras que podem ser  encaradas como "Falha na Matrix" ou rasgões de tecidos temporais.

Muitos dizem que são "mitos".

Bem, a área 51 também era impossível de se achar, mas todos sabem, e bem, minha teoria é que ela é apenas uma distração para nos desviar da verdadeira base secreta, onde os cientistas estão fazendo coisas grandes que podem chocar o planeta..

Mas não é esse o caso, o caso é que.. eu descobri a suposta localização de uma dobra temporal, um rasgão de tecido.

E eu estava na metade do caminho.

Pelos deuses, esses esgotos destilados estão.... Escuros demais.

Bati na lanterna que queria me deixar na mão justamente naquele momento.

— Não venha falhar comigo, eu paguei cinquenta em você. -rosnei baixinho.

Ela piscou, comprar essas coisas na feira é a mesma coisa que comprar com o perigo.

Aquele que vende coisa pirata para o Chris no ceriado, bem, bem vindo ao Brasil, onde dizem que a miserável da lanterna duraria a vida inteira e iluminaria até o que não devia, e o resultado é que se eu desligar ela agora daria na mesma, porque não echergo o que devia e muito menos o que não devia.

— Eu vou atirar essa porcaria naquele vendedor na próxima vez que o vir. -ciciei.

Meus cabelos loiros se soltaram do coque, batendo contra a minha cintura, e eu parei apenas para os prender novamente.

Ele está hidratado, não estou nem afim de sujá-lo.

Eu encarei a bússola, nas minha pesquisas, uma mudança temporal afetaria a direção e o funcionamento da bússola, me dando a certeza de que eu estava perto, ou diante do rasgão.

— Vai me dizer que você também não presta? -questionei para a bússola.

Graças aos deuses que esse lugar é desativado, já faz cinquenta e cinco anos, até onde sei a água do esgoto não poderia vir por aqui, então eles o desativaram e fizeram outros dutos do outro lado da cidade, então este nunca foda inaugurado.

Amém.

Mas não diminuí o quanto está sujo, as chuvas ajudaram a deixar o lamasal.

Ouvi um guinchar e mirei a luz da lanterna diretamente para o bando de morcegos que vinham em minha direção, eu me abaixei de imediato os vendo passar como um vulto para fora.

Era noite, eu encarei o relógio em meu pulso.

12:00 em ponto.

Eu havia terminado os meu estudos completamente, havia me formado em arquitetura e arrisquei um cursar de historiadora, mas desisti, e comecei a trabalhar com vinhos.

Minha mãe eu nunca conheci, e nem desejo, pelo o que a minha avó sempre me dizia. A minha mãe me largou assim que nasci pois minha avó insistiu para ela não abortar, assim que nasci ela me deixou com ela e foi embora, nunca mais deu notícias.

E é bem melhor assim.

Minha avó me deixou há três anos atrás, fora uma morte durante o sono, ela estava com graves problemas respiratórios e dependia do aparelho para respirar, e então aconteceu.

Eu fiquei em estado de choque por seis meses, e os outros seis completamente em luto, tive de ficar em observação no hospital por um bom tempo.

E o resultado? Estou sozinha outra vez, de novo.

Mas já não me incomodo tanto, aprecio a solidão, mas não quer dizer que eu queira estar sempre sozinha, sempre quis ter amigos, mas nunca consegui fazer amizade com alguém, não por falta de tentativas.

"É porque você é boa demais, querida"

Era o que a minha avó dizia.

"As pessoas não sabem lidar com a bondade e o julgamento natural de uma relação firme com laços de amizade, você sempre foi boa demais para esse mundo, desde que você nasceu nele"

Eu respirei fundo, encarando a bússola que o ponteiro girava loucamente, apontando para tudo e nada, o ar ficou mais pesado, mais frio, e o vento circulava como um redemoinho me puxando para mais afundo.

Eu corri seguindo o caminho, adiante e adiante, até estar diante dela.

Parecia um redemoinho elétrico, um rasgão no mundo, era a dobra temporal.

Eu larguei a lanterna no chão, encarando ela, respirando fundo, pronta para entrar, eu estiquei minha mão até ela.

— Acotar. -sussurrei.

E eu atravessei, sendo engolida pela magia.

*Até o próximo capítulo 🍷 deixem seu comentário e seu voto pfvr 🍷❤️*.

Corte de Sonhos e PesadelosOnde histórias criam vida. Descubra agora