Livros e poções

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Taehyung não gostava de caminhar por aquelas bandas, porém, por motivos maiores, foi convencido por Jimin a entrar naquela floresta mal encarada. O Kim vivia próximo ao grande lago da floresta, onde toda a vegetação esbanjava vida e alegria em toda a sua aquarela de cores, diferente daquela à sua frente onde até o ar parecia ser pesado e mórbido.

Qual é? Jimin não poderia ter encontrado algum outro lugar mais agradável para viver? De preferência que não fosse tão afastado de tudo e de todos. Tudo bem, entendia que ele gostava de se manter recluso a maior parte do tempo e não podia evitar o seu gosto pela vida noturna. Ali, teria paz para fazer os seus experimentos e testar novos feitiços ou o que fosse. O problema era ter que passar por aquela floresta praticamente morta e cercada de espinhos venenosos. Era muita consideração e anos de amizade para fazê-lo com o risco de rasgar as próprias roupas e, na pior das hipóteses, sair todo arranhado e machucado.

Para a sua surpresa, quando deu o primeiro passo para dentro daquela floresta horrorosa, os galhos – tão bem emaranhados uns nos outros – magicamente abriram caminho para o Kim, guiando-o até a moradia do Park mesmo que já conhecesse o percurso. À medida que ia caminhando, o caminho atrás de si voltava à forma de antes, tornando quase impossível a passagem. Parecia que Jimin finalmente havia escutado os seus apelos e resolvido facilitar as suas visitas.

Alguns corvos curiosos o observavam pelos cantos dos olhos negros e vermelhos, além de outras criaturas nada amigáveis. Conhecia cada canto daquela floresta tenebrosa depois de tantos anos, mas não conseguia evitar de se sentir menos amedrontado.

Elfos da água costumavam ficar mais fracos longe do seu elemento, mas o Kim era uma exceção graças a sua mãe. Nenhuma criatura avançaria nele, entretanto, o cuidado nunca era demais.

[...]

O casebre onde o Park vivia parecia ser pequeno visto por fora, mas era enorme por dentro graças à magia. Tanto o chão quanto as paredes eram feitos de madeira clara e contrariavam toda a paisagem ao redor. A casa era coberta por algumas plantas e flores trepadeiras – bougainvillea em tons claros de roxo – e a pintura era uma mistura de azul com verde, criando um contraste harmonioso.

Jimin vivia sozinho, fazendo com que muitos dos seus feitiços e poções fossem feitos na sala de estar mesmo. As cortinas pesadas estavam fechadas, deixando o local ainda mais escuro, havendo poucas velas para iluminar. O bruxo conseguia ver perfeitamente em meio ao breu e proferia palavras antigas enquanto jogava mais e mais variados ingredientes dentro do caldeirão de metal.

A água variava de cor enquanto borbulhava incansavelmente, tornando-se a cada segundo mais grossa. Com uma das mãos, o Park mexia com uma enorme colher de pau o líquido quente, sentindo o cheiro impregnar todo o ambiente e, com a mão livre, lia o livro antigo que havia roubado há algumas luas da biblioteca particular do seu antigo tutor.

— Ostende mihi faciem tuam¹ – murmurava sério.

Os cabelos assumiam um tom forte de roxo enquanto estava concentrado. Sentia a magia agindo, o seu corpo vibrando pela energia que emanava. Jogou mais algumas ervas e afastou um pouco uma das cortinas, apenas o suficiente para observar a movimentação na floresta. O último e mais importante elemento estava a caminho para completar o seu ritual.

Sorriu satisfeito com o próprio trabalho.

[...]

Quando Taehyung finalmente avistou a única parte viva e colorida no meio daquela enorme floresta negra, suspirou aliviado. O céu era cinzento, mas o sol continuava a ser escaldante da mesma forma. Às vezes, pegava-se pensando se não era a magia do Park que deixava todo o ambiente ao redor daquela maneira de propósito para afastar qualquer curioso.

Witches, elves and... humans? [ Taekook - Soulmates]Onde histórias criam vida. Descubra agora