Era sábado e, de acordo com a previsão do tempo, o dia permaneceria firme apesar de nublado.
Kahei passou praticamente a noite inteira acordada recordando-se de seu encontro com Haseul e como teria de esperar até segunda-feira para falar com Hyunjin, que estaria ocupada gerenciando um evento que aconteceria no início da noite. Apesar da noite ter terminado um pouco aleatória pelo repórter ter tentado a estragar, a chinesa passou boa parte da noite sentada em sua poltrona de veludo na frente da imensa janela de seu quarto observando a cidade.
Hong Kong parecia ter novidades e um aspecto mais cativante desde que Kahei decidiu se deixar levar pela presença de Haseul. As ruas tumultuadas, o trânsito caótico, as luzes piscantes em sintonia eram as mesmas de sempre mas agora, requeriam uma atenção maior, como se ter a percepção completa de uma aparência fosse uma necessidade irrecusável.
No desjejum, Kahei optou por um café preto e nada mais que biscoitos de polvilho, deixando o gosto de menta do creme dental ao finalizar a escovação. Suas mãos estavam suadas e ela sentia uma ansiedade desconfortável, daquele tipo que ela não tinha há bastante tempo, nem mesmo quando produzia os melhores ou maiores eventos de sua empresa. Era um nervosismo para reencontrar Haseul. Queria saber como ela se vestiria, como se portaria, qual seria a sua reação depois da noite anterior.
Kahei fez questão de demorar no banho, optando por usar a banheira dessa vez. Ela se lembrava do dia que a havia ganho; estava em uma conferência em Veneza e visitava um museu de arte renascentista. Havia uma bela pintura de uma dama em uma banheira azul claro envelhecido e perolado com bordas simulando asas de um cisne e a torneira era o seu longo pescoço e bico, de cor neutra e perolada.
Kahei foi surpreendida por uma veneziana de sardas fortes e cabelos de fogo. Ela era uma boa escultora e fez uma ótima análise da pintura com a chinesa, que era sucinta em seu italiano; nessa época, Wong ainda estava investindo em aprender o idioma. A veneziana propôs esculpir uma banheira como aquela para Kahei e, assim que estivesse pronta, solicitaria o envio para Hong Kong.
Kahei visitou o estúdio da artista e investiu uma boa quantia para que algumas de suas esculturas fossem apresentadas no Ca' Pesaro, um dos maiores museus de arte de Veneza. Wong se recorda de ter acordado em uma manhã ensolarada com os cabelos encaracolados sobre seu peito e a bela dama de pele pálida a expor sua nudez abaixo da água, dentro da banheira. Ela deixou uma carta escrita à mão para que a artista não lhe esquecesse e, quando retornou para Hong Kong, lá estava o imenso presente em um caixote de madeira.
A cerâmica era brilhosa e perolada, tinha um aspecto holográfico e era o melhor investimento feito por Kahei. Era uma banheira espaçosa, comportava duas pessoas facilmente e fazia-a lembrar da ótima viagem que fizera a Veneza. Havia muito tempo que Kahei não usava a sua banheira pelo fato de estar com diversos afazeres e se dedicando totalmente a eles, mas naquele dia, era uma boa ideia.
Passou cerca de meia hora deixando seu corpo relaxar na água quente até sua pele começar a enrugar, o que lhe fez sair e enrolar-se na toalha branca de fios em puro algodão. Encaminhou-se para o seu enorme closet e as luzes automáticas se acenderam, fazendo-a se direcionar para a seção de ternos. Escolheu uma calça boho de cor preta, a blusa social creme e o blazer de veludo que ora parecia preto, ora azul marinho.
Ousou em adicionar o cinto vermelho e largo e sapatos scarpin preto de fundo aberto e solado vermelho. Jogou as roupas em cima da cama king size e se dirigiu para o cômodo de sua penteadeira, penteando os cabelos molhados e os secando levemente com o secador. Não demorou em maquiar o rosto, em se vestir e compor-se a joias sucintas.
Desceu as escadas mexendo em seu celular para agendar uma hora com o jardineiro e paisagista da empresa que cuidava de seu jardim enquanto carregava a bolsa com a outra, pegando as chaves de seu conversível prateado no hall de entrada. Dirigiu-se às vagas e destravou o veículo que usaria naquele dia, desbloqueando o sistema de segurança para que os portões fossem abertos e fechados em seguida no modo operacional adequado para quando a casa estivesse vazia.
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brutal ✦ viseul
Fanfiction[VISEUL] | criminal, ação, romance Faltando poucos dias para o seu casamento, Haseul reencontra uma antiga paixão da adolescência que desapareceu por 17 anos sem deixar notícias. Kahei, que atualmente é uma popular e misteriosa produtora de eventos...